06 de fevereiro | 2022

Privatização do Daemo: a tendência é o povo pagar muito mais pela água consumida.

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“Os vereadores que pretendem se reeleger e possíveis
postulantes ao cargo
de prefeito atentem para o detalhe
que o povo e os adversários estão
atentos
aos que irão entregar o Daemo
de mão
beijada para a iniciativa privada”.

 

Do Conselho Editorial

O ex-prefeito de Olímpia Eugênio José Zuliani foi o relator do Marco Regulatório do Saneamento Básico. O mesmo Geninho que quando era vereador era favorável a instalação de uma lagoa de tratamento de Esgoto ao lado do Thermas, local que abrigará as ampliações do parque temático e que se fosse lagoa de tratamento de esgoto não poderia ser utilizado em benefício do crescimento da economia local.

Importante este dado para localizar que o ex-vereador, prefeito e deputado federal, nascido em Ribeirão Pires, não demonstra ser o mais versado em exercícios econômicos e futuro.

No projeto que teve sua relatoria a meta é a universalização do saneamento básico para a próxima década, o que, para alguns estudiosos do assunto, será inalcançável caso o Brasil mantenha políticas de austeridade e continue a incentivar o protagonismo da iniciativa privada no setor.

Já havia uma regressão nas políticas da área, retrocesso consolidado com a aprovação recente do novo marco do saneamento básico que facilita a entrada de empresas privadas na prestação dos serviços.

As mudanças foram vendidas por seus defensores como o caminho para alcançar a universalização do saneamento, realidade distante na vida da maioria dos brasileiros.

Embora seja inegável a gravidade do problema no país, a situação não será resolvida com a apropriação do setor por empresas privadas e a experiência internacional mostra o contrário.

Com piora no serviço, 884 empresas foram reestatizadas no mundo após privatização. Muitas cidades importantes, de várias partes do mundo, após experimentarem a privatização e, em razão do insucesso, voltaram atrás.

Canadá, Lituânia, Inglaterra, Barcelona na Espanha e Paris são os exemplos mais lembrados que mostraram que não é por aí que será alcançada a universalização dos serviços.

O discurso em defesa da universalização até 2033 foi uma estratégia de marketing usada pelos setores que apoiam a privatização desgovernada no país.

Enquanto essa lei ainda era projeto houve uma intensa campanha no sentido de dar destaque às mazelas do saneamento básico brasileiro que são de fato sérios. Mas o remédio que essa nova lei preconiza é completamente inadequado.

A oferta atual, em particular, da oferta de água e esgoto, em sua massiva maioria é garantida por companhias estaduais do saneamento e no caso de Olímpia, pelo Daemo, uma autarquia municipal, que é lucrativa.

A questão apontada em entrevista pelo prefeito Fernando Cunha de que o Daemo não tem eficiência apenas evidencia que precisaria ser reorganizado e reestruturado, mas o que pretende fazer é desestruturar o Daemo de modo a abrir o mercado para o setor privado.

Isso é um verdadeiro salto no escuro. Um risco tremendo de que haja uma involução no setor. E de que, inclusive, além da desestruturação, a presença do setor privado não se dê como o esperado.

Nada garante que a iniciativa privada será eficiente e principalmente no Brasil, onde ela geralmente não costuma ser.

Se em alguns países europeus a iniciativa privada se mostrou incompetente para cuidar da questão, no Brasil onde a maioria não demonstra um nível de organização e comprometimento social a tendência é que não funcione.

Privatizaram a telefonia como discurso de que haveria serviços mais baratos e os serviços de telecomunicação no Brasil, especialmente os de telefonia, estão entre os mais caros do mundo e as companhias privadas que prestamos serviços estão entre as que têm maior número de reclamações por infrações ao Código de Defesa do Consumidor.

Os motivos das reclamações: cobrança indevida, propaganda enganosa, má qualidade de atendimento e descumprimento de normas.

Já a conta de luz dos brasileiros é a 37ª mais cara do mundo, segundo o ranking de tarifas do Global Petrol Prices de 2019, que inclui 110 países.

E as queixas por descumprimento do Código de Defesa do Consumidor também formam montanhas no Procon.

O predomínio do objetivo do lucro sobre os direitos sociais é marcante.

A tendência é a de retirar os lucros ao invés de reinvesti-los na ampliação e melhoria da qualidade dos serviços.

E se obtém lucro aumentando a tarifa e prestando um serviço de má qualidade. Se com a telefonia e com a energia a promessa era da diminuição das tarifas e a prestação de um serviço de qualidade a ser prestado e o resultado é este que o brasileiro sente no bolso, não será com a privatização do Daemo que será diferente.

Há uma convicção na classe política de que todas as propostas que forem impopulares devem ser votadas no primeiro ano de mandato já que interpretam alguns atores políticos que tendo o povo brasileiro memória muito curta até a próxima eleição terão esquecido os mal feitos praticados.

Ocorre que a memória atual está preservada na internet e as redes não perdoam.

Os vereadores que pretendem se reeleger e possíveis postulantes ao cargo de prefeito atentem para o detalhe que o prefeito Fernando Cunha não poderá se reeleger e não precisará de votos na próxima eleição e o povo e os adversários estão atentos aos que irão entregar o Daemo de mão beijada a iniciativa privada, se entregarem.

E daqui a três anos com a tarifa de água nas alturas e as redes sociais lembrando do voto entreguista e submisso não chorem pelo leite derramado.

O povo não tinha memória antes da Inteligência Artificial que, agora, além de não esquecer faz questão de lembrar.

E, se houver a Privatização do Daemo a tendência é o povo pagar muito mais pela água consumida.

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