18 de fevereiro | 2018
Ex-comerciante comove com história de vida e denuncia entrega irregular de cesta básica
A ex-comerciante Maria José Nunes Barata comoveu os ouvintes do programa Cidade em Destaque, das 11 às 12 horas, pela rádio Cidade, 98,7 Mhz e pelo Facebook, na quarta-feira, 7, ao contar sua história de vida e acabou denunciando a entrega irregular de cestas básicas por parte da Secretaria de Assistência Social de Olímpia.
Maria José contou sua história e os problemas que enfrentou em 2017 quando inesperadamente o marido acabou tendo que cumprir pena e ela ficou com o filho para criar e sem condições mínimas de sustentabilidades. No post que foi publicado na página do Facebook onde o programa é transmitido, ela contou que foi nesta época que procurou o CRAS – Centro de Referência de Assistência Social do Residencial Harmonia para obter ajuda e depois de dois meses sem nada conseguir viu que um morador do bairro em que mora que tinha dois carros na garagem e estava reformando a própria casa estava recebendo duas cestas básicas todos os meses e ela sequer havia sido visitada pelo setor de assistência social.
Qual não foi a sua surpresa quanto tomou conhecimento no próprio CRAS que a família que recebia as cestas básicas não tinha nenhum relatório comprovando a necessidade, igual ao que teriam exigido dela e nem sequer tinham ido até a sua residência, mas o endereço constava na lista para a entrega.
OUTRO LADO
A secretaria de Assistência Social, sobre o assunto emitiu nota informando que todas as famílias atendidas nas três unidades dos CRAS – Centro de Referência de Assistência Social e no Plantão Social são cadastradas.
“Essas famílias, uma vez cadastradas, já passam a fazer parte dos programas sociais e, quando comprovada a necessidade, recebem a cesta básica. Em casos esporádicos, caso o cidadão não possua cadastro, o CRAS tem autonomia de avaliar a situação de vulnerabilidade e fornecer a cesta básica. O que caracteriza o benefício é a vulnerabilidade da família identificada pela equipe técnica de referência dos equipamentos sociais”, conclui a nota.
De repente sem condições de sobreviver
e a busca por uma ajuda que nunca chega
E ex-comerciante Maria José Nunes Barata, em seu post publicado na página do Facebook onde é transmitido o programa Cidade em Destaque, da Rádio Cidade, começou sua história dizendo que havia esperado um ano e dois meses para desabafar o que ela e os vizinhos haviam presenciado e a experiência vivida ao buscar ajuda da assistência social.
Ela contou que ficou irada, chorou e até ficou temente, mas que não sentia vergonha de expor sua história, pois sua prioridade é fazer o melhor para o seu filho. “Meu esposo estava trabalhando por contrato na Usina e dois dias antes de acabar a safra saiu uma condenação de 2001 que ele teria que ficar em regime fechado um ano e oito meses. Aí, ele mesmo tendo a consciência que teria que pagar pelos seus erros foi na delegacia para que as autoridades fizessem o que tinha que ser feito. Aí o sofrimento chegou não só pra ele mas pra minha família que dependia do sustendo que ele colocava mês a mês no nosso lar”, contou.
E continuou: “De repente me vi numa situação como chefe do lar e o medo e a insegurança começaram a me sufocar, pois quem tem criança entende o sentimento e a insegurança que tomou conta dos meus dias. Peguei a humildade, a fé e um mês depois da prisão do meu esposo fui procurar o CRAS que a Sra. Cristina Reale é Secretária, pois não tinha o que por na mesa pra alimentar minha família”.
“No CRAS, continua, ao invés da solução encontrei erros e erros e vi o descaso que é pra se prestar a assistência social. No dia agendado fui bem atendida, mas me pediram todos documentos e um extenso relatório e de cara já fiquei sabendo que não me enquadrava nos programas como Bolsa Família e outros. E só pra lembrar também até hoje não tive direito do tal do Auxílio Reclusão que tanto as pessoas falam que toda família de preso recebe e que me foi negado pelo INSS e pelo juiz local”.
Maria José contou ainda que fizeram o relatório e saí com esperança de que seria ajudada. “Fiquei esperando que a assistência social viesse fazer a tal visita para complementar o relatório. Num belo dia, passados dois meses uma vizinha me chama pra eu ver o que estava acontecendo. Ai presenciei um veículo do CRAS entregando cesta básica pra uma família que reside na mesma rua Giuseppe Zuliani, no bairro Harmonia e que nessa residência se tem dois veículos sendo um Cruser e estava com caçamba de entulho na frente da residência, significando que estava em reforma, pois na mesma semana um caminhão tinha sido visto descarregando material de construção e estava recebendo cesta básica da Assistência Social, complementou.
A ex-comerciante disse que se revoltou com a situação e no outro dia foi questionar no setor porque estava entregando auxílio alimentos naquela residência e nem visita tinha sido feita em sua residência. “Gente, é pra Chorar ou Rir? Imaginem quantos estão sendo feitos de trouxa e que ainda tem esperança de um dia tudo andar conforme manda as regras do setor? Aí, a líder do setor me explicou com todas as letras bem assim: ‘Não é porque a pessoa tem um carrão na garagem que ela não pode passar dificuldade ou precisar de algum auxílio’. Pedi então, pra que ela que me confirmasse qual seria a necessidade daquela família que tinha um cruzer na garagem da casa reformada e não nem veículo e funcionários pra se deslocar pra realizar a tal minha visita? Acreditem, me confirmaram que o relatório da família não existia, mas tinha na planilha do setor o nome e o endereço para entregar a cesta”, explicou.
Maria José enfatizou ainda que não era contra a família fazer a reforma e ter dois carros na garagem. Mas acho que tem que beneficiar quem tem carência no momento e que realmente precisa. Erros pra todo lado que criam uma triste realidade. Mas uma coisa eu aprendi com tudo isso, que quem sempre teve e tem garra de lutar e teve a educação, a criação que tive e a Fé que tenho jamais passará por necessidades. É preciso correr atrás pra fazer acontecer sem ser injusta com o próximo. Só falei porque não é tudo isso que os responsáveis do setor estão propagando que ocorre com justa igualdade pra quem realmente precisa e procura o Setor de Assistência Social do nosso município”, afirmou.
E concluiu: “Estou caminhando e muito bem cada dia mais prosperando. Trabalhando de segunda a domingo com uma folga na semana com os melhores chefes que Deus me enviou e ainda sobra período pra que eu possa agregar no orçamento do mês revendendo doces de Minas, fazendo limpeza em veículos dos amigos mais chegados, coisa que aprendi convivendo 16 anos do lado do meu esposo que teve um comércio Lava jato, e Revendendo Avon. E tudo com muita dedicação e Amor. Ainda hoje eu e meu filho sobrevivemos do que eu trago com muito esforço para o nosso sustento”.
Finalizando a ex-comerciante conta que após a sua postagem, a assistência social do CRAS do bairro veio fazer a visita pra saber da história e pediu desculpa, alegando que na época em que precisou o atendimento era feito por outra turma.
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