Embora não tenha divulgado o nome, até mesmo porque não foi questionado, o prefeito Eugênio José Zuliani admitiu que tem um advogado contratado especificamente para acompanhar de perto as investigações do caso que ficou conhecido por Máfia do Asfalto, que foi desarticulada pela operação Fratelli – irmãos em italiano – deflagrada no dia 9 de abril de 2013, pela Polícia Federal (PF), Ministério Público Federal (MPF) e GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), de São José do Rio Preto.

A afirmação foi feita durante uma entrevista levada ao ar no último dia do ano pela rádio Espaço Livre AM, quando fazia uma avaliação do seu primeiro ano de governo do seu segundo mandato consecutivo.
“Eu contratei um advogado que está acompanhando o processo. Nós estamos absolutamente tranquilos. Todos os nossos contratos foram licitados e publicados. Os serviços foram feitos com qualidade. Todas as medições conferidas pela Caixa Econômica Federal. Portanto, Olímpia foi envolvida por ter uma empresa envolvida em um processo a nível regional, que venceu contrato na cidade. Isso faz parte”, afirmou ao radialista Márcio Matheus.

Embora se dizendo tranquilo e confiante que não será envolvido em alguma ação civil pública, seja estadual ou federal, afirma que responderá a todos os questionamentos: “Todo gestor público não é responsável por todos os seus atos? São 1,6 mil funcionários abaixo dele e eu não vou poder fugir da raia, ou seja, eu vou responder a tudo o que me for questionado”.

No entanto, o prefeito informou também que ainda não foi intimado seja pelo Ministério Público Estadual de Olímpia, que recebeu a missão de investigar o eventual envolvimento da Prefeitura Municipal ou mesmo pelo MPF: “Até agora eu não fui intimado, não foi convocado para nada, mas estou absolutamente tranquilo”.

EVENTUAL O ENVOLVIMENTO
Como se sabe, uma escuta telefônica gravada com autorização judicial indica que um engenheiro riopretense, identificado apenas pelo nome de Carvalho, que também teve o nome envolvido com a Máfia do Asfalto, estaria trabalhando em Olímpia com o prefeito Eugênio José Zuliani.

Essa informação aparece num grampo do dia 15 de janeiro de 2013, de uma conversa entre o empresário Olívio Scamatti e o deputado estadual Itamar Borges, que foi o mais votado em Olímpia na eleição do dia 7 de outubro de 2012.

Os dois conversaram mais uma vez sobre a aprovação do desdobro dos terrenos em Palestina/SP, quando o deputado Itamar Borges informa o telefone do engenheiro da prefeitura municipal de Palestina/SP, de nome Carvalho, e pede que Olívio entre em contato com o mesmo e já agende um encontro com o prefeito, pois é ele quem vai ajudar no assunto.
“Itamar pede para Olívio anotar o celular 8150-1812 e diz que esse é o de Carvalho que é entre aspas o secretário de obras, responsável pela engenharia, um engenheiro de Rio Preto que o prefeito contratou e ele trabalha também em Olímpia pro Geninho. Itamar continua dizendo que ele (Carvalho) está indo amanhã pra Olímpia e vai deixar o projeto em Rio Preto”.

As escutas telefônicas registradas na operação Fratelli revelam uma ligação íntima entre o deputado e Olívio Scamatti – dono da Demop Participações Ltda. As muitas conversas entre ambos mostram que o deputado pedia e prestava favores a Olívio, como interceder junto a prefeitos para resolver problemas da empreiteira.

OUTRO GRAMPO
Outro dos grampos aponta para a possibilidade de que a chamada “Máfia do Asfalto” tenha lucrado meio milhão de reais em uma obra realizada em Olímpia em 2010.
Em uma das interceptações, no dia 17 de julho de 2010, junto com o irmão Pedro, o chefe comemorou o lucro que o grupo obteve no município de Olímpia. Nela os dois estimam um lucro total entre R$ 11,5 milhões e R$ 12,5 milhões e ainda falam em faturamento de R$ 25 milhões só a construtora.

Na gravação Olívio pergunta sobre os recapes e Pedro responde: recape pelo amor de Deus! de Bastos R$ 500 mil, Olímpia R$ 500 mil, teve quatro recapes que foi de 500 pau de margem (de lucro)”.
Mas o nome do município de Olímpia aparece em outra conversa, esta gravada no dia 17 de maio de 2010: “Denise, chefe de gabinete parlamentar, conversa com Olívio sobre obra de aterro em Olímpia, afirmando que “ele” (provavelmente o deputado para o qual ela trabalha) tem o recurso e quer que eles indiquem alguém”.

De acordo com o que foi divulgado recentemente, durante a gestão do prefeito Eugênio José Zuliani, as empresas do Grupo Scamatti receberam R$ 30,5 milhões. Ele afirmou ao jornal que as empresas do grupo ganham as licitações “porque tem preço baixo”.

Mas o prefeito admitiu ao jornal Diário da Região, de Rio Preto, que teve uma conversa com Olívio Scamatti, mas apenas para falar sobre o acidente envolvendo uma assessora de um deputado do PT.