17 de julho | 2016

Diretor clínico da Santa Casa confirma segunda morte por H1N1 em Olímpia

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O diretor clínico da Santa Casa de Olímpia, Nilton Roberto Martinez, confirmou no início da tarde de quinta-feira, dia 14, a segunda vítima fatal da gripe Influenza A, que é denominada cientificamente por H1N1, mas conhecida popularmente por Gripe Suína, na cidade. Segundo ele, o resultado do exame já chegou como positivo para a doença. “Sim, chegou o resultado, positivo”, informou.

Trata-se de uma comerciante de 57 anos de idade que estava internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) desde o dia 4, em fase de recuperação, segundo ele, mas acabou morrendo na tentativa de uma transferência para o Hospital de Base (HB), de São José do Rio Preto.

Martinez conta que desde o início ele estava tentando achar uma vaga no CROSS (Central de Re­gu­lação de Ofertas de Serviços de Saúde) – uma unidade do Estado de São Paulo do SUS que regula vagas para os casos mais graves em hospitais terciários.

“Agora no caso dela tinha que ser uma vaga com isolamento, ou seja, na UTI e com isolamento. No estado de São Paulo por quatro dias seguidos a resposta foi de que não tinha vaga em nenhum lugar. Nós continuamos procurando, mas não tinha vaga em nenhum lugar”, contou.

E acrescentou: “bom ai nestes quatro dias ela começou a ficar estável, começou a ter uma melhora boa e eu, pessoalmente, não queria mais a transferência e deixei várias vezes claro para a família que ela estava melhor aqui, do que em qualquer lugar do Brasil, porque aqui as enfermeiras a amavam e eu a estava tratando como uma irmã aqui e ela estava tendo uma evolução favorável”.

De acordo com Mar­ti­nez “nisso veio uma enfermeira de São José do Rio Preto, que é prima dela e arranjou a vaga e como é que eu ia falar não vai, mas eu alertei a todos inclusive a enfermeira que é prima dela e enfermeira lá no Hospital de Base de que havia riscos no transporte”.

Entretanto, Martinez não sabe se a comerciante faleceu antes de chegar ao Hospital de Base: “Então, eu não sei se faleceu antes. Pelo que me parece ela teve uma parada cardíaca antes de chegar a Rio Preto, foi ressuscitada e acabou falecendo na entrada do Hospital de Base

SEGUNDO ÓBITO NO HOSPITAL
Embora com a inter­nação de vários casos suspeitos, Nilton Martinez diz que até agora foram apenas duas mortes por H1N1 na Santa Casa de Olímpia. “Que eu saiba e o que chegou ao meu conhecimento, como diretor clínico, comprovado por exames, dois casos”, disse.

O médico citou outro caso que a gripe foi confirmada, que a pessoa estava internada na Santa Casa, mas não chegou a óbito. Trata-se de um funcionário público municipal: “foi um que foi positivo, passou mal também. Eu não sei quantos casos, o que eu posso garantir foi que essa do Dr. José Carlos morreu e essa minha morreu também”.

Embora a UTI da Santa Casa de Olímpia não tenha isolamento, Martinez afirma que é possível fazer o tratamento na cidade: “não temos, mas nós a isolamos, colocamos em um leito separado dos outros pacientes, e só tinha um paciente nesta UTI e depois chegou um outro em que nós deixamos longe dela com máscara, com tudo o que fosse preciso, até que ela atingisse o sétimo dia, porque ai depois dos sete dias não existe mais infecção”.

Por outro lado, o médico explica que não é o H1N1 que mata o pacientes, mas as consequências da doença: “pois ele atinge as membranas alveo­lares e mata por insuficiência respiratória. E existe um edema chamado SA­RA (Síndrome da Angústia Respiratória Aguda) que, no pulmão não deixa ter a troca de oxigênio, então mesmo que você estiver em uma bolha com 100% de oxigênio você vai morrer de insuficiência respiratória, porque não consegue fazer a troca, esse vírus causa esse edema e causa uma lesão desta membrana”.

Também segundo o médico, nesse ponto a comerciante já apresentava boa reação: “ela na sexta-feira tinha uma pequena pneumonia, na segunda-feira uma lesão importante pulmonar e foi ai que nós desconfiamos do H1N1. Depois ela fez a SARA, fez o pulmão e no quarto raio x ela já tinha começado a melhorar, já tinha começado a aparecer áreas de recuperação pulmonar, por isso que nós estávamos esperançosos ainda”.

No dia em que houve a tentativa da transferência para Rio Preto, ela já estava com 92% de oxige­na­ção: “significa que a oxi­genação dela estava começando a se recuperar, porque quando ela foi internada ela estava com 60/62 de porcentagem de oxigênio no sangue e isso é ruim para o organismo. Ai ela foi tendo 70/75 e se estabilizou em 92 que já é um nível muito adequado para você sobreviver, e por isso que nós estávamos começando a ficar esperançosos”.

A primeira mulher que morreu tem cerca de 40 e a comerciante 56. Nenhuma das duas estaria no grupo de risco. “Teoricamente não, mas a comerciante tinha sofrido um acidente anterior, me parece que tinha sido submetida a uma cirurgiã traumática, então quer dizer, já tinha um histórico de algum tipo de lesão, mas volto a insistir para você, os grupos de risco onde mora o perigo são nesses grupos. Não significa que os outros grupos não tenham complicações, só que em termos de vacinação com a quantidade de pessoas fora do grupo de risco a morte é insignificante do ponto de vista estatístico e a morte é significante no grupo de risco então você prioriza o grupo de riscos”.

Como forma de prevenção, além da vacina, de acordo com Martinez, é preciso lavar bem as mãos, estar em lugares arejados e evitar conglomerações. “São cuidados gerais para qualquer doença infectocontagiosa”, avisa o diretor.

INVERNO FAVORECE DOENÇA
Nilton Martinez explica que é sempre nesta época do ano (inverno) que, por causa do frio, existe a circulação da influenza e que é nesta época que existe os surtos de gripe. “É gripe. Nós tivemos a gripe asiática, a gripe espanhola”, recorda.

Ainda segundo ele, embora não cite um número, foram várias as inter­na­ções, mas diz que a Santa Casa está preparada: “não foi um exagero, mas foram vários. Nós temos uma enfermeira que se chama Marcela, ela é ótima e é da comissão de controle de infecção hospitalar. Isso funciona muito bem na Santa Casa de Olímpia. Essa menina é espetacular. E tem também o nosso infectologista Guilherme que é espetacular e tem um controle rigoroso com isso. Isola o paciente e coloca com cuidados especiais, faz a coleta do material, manda para exames, isso dentro da Santa Casa tem um controle rigorosíssimo”.

Filha diz que comerciante não
tinha problema preocupante

Os familiares da comerciante olimpiense que faleceu no sábado, dia 9 de julho, vítima de complicações da gripe Influenza A, denominada cientificamente por H1N1, mas que também é conhecida popularmente por Gripe Suína, diz que ela não tinha outros problemas de saúde e que passou por tratamento, mas não resistiu às complicações da doença e faleceu.

Abalados pela perda da comerciante, os familiares ainda não acreditam que a morte foi provocada pelo vírus da H1N1. “Nós estamos muito tristes com a morte dela. Ela era uma pessoa saudável, não tinha qualquer problema preocupante. De repente ficou gripada e faleceu”, disse a filha ao jornal Diário da Região, de São José do Rio Preto.

Por ter 57 anos de idade, a comerciante não estava no grupo de risco e por isso não tinha direito a receber dose gratuita da vacina contra a doença distribuída pelo Ministério da Saúde.

Por outro lado, a Prefeitura de Olímpia ainda não divulgou quando ocorreu a outra morte causada pela gripe suína. Procurada durante toda a quinta-feira, dia 14, para dar entrevista, a secretária municipal de Saúde, Silvia Elisabeth Forti Storti, se negou a falar sobre o caso.

Por meio de nota, a Secretaria de Saúde disse que não iria fornecer nenhuma informação sobre as duas mortes, com alegação de atender pedido de sigilo das famílias das vítimas.

Ainda segundo a Secretaria de Saúde, todos os protocolos determinados pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Saúde de São Paulo foram seguidos. O número de pessoas com a gripe suína em Olímpia pode aumentar porque ainda há três casos suspeitos, sob investigação. Todos os pacientes passaram por exames, mas o resultado não ficou pronto.

 
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