11 de maio | 2008

Demora no processo de adoção gera constrangimentos entre pais e filhos

Compartilhe:

 

A demora na concretização do processo jurídico faz com que a adoção não seja pura e simplesmente um mar de rosas que possa ser definido pela ligação que surge entre o casal e, neste caso específico, as crianças adotadas.

Além de gerar muitas expectativas e receios tanto aos pais que estão adotando, quanto aos próprios adotados, a demora na definição do processo de adoção provoca também constrangimentos para os dois lados.

Até a concretização através da expedição da certidão de nascimento, surgem contratempos, sempre nos momentos em que precisam identificar a adoção, situação que ocorre desde a matrícula numa escola e até mesmo na contratação de um plano de saúde.

"Ninguém acredita muito que você está com uma criança enquanto você não tem o seu nome nela e você tem que explicar a muita gente o que está acontecendo", reclama Dona Maria. Porém, não considera que se trate de preconceito pura e simplesmente.

As duas famílias aceitaram com tranqüilidade e, mesmo na sociedade como um todo o casal não acredita em preconceito. "Muito pelo contrário", afirma, mas acrescenta um detalhe em relação ao tema: "Às vezes acham bonito na casa dos outros".

Embora não tivesse sido o principal motivo, depois de uma gravidez mal sucedida e de aproximadamente cinco anos de casamento, o casal entrou na fila que há no fórum da comarca de Olímpia em busca de adotar uma criança.

Só que com um detalhe: o casal inicialmente buscava a adoção de uma menina. No fórum, o casal é questionado em vários itens e depois de fase de aprovação de cadastro, tem o nome incluído na lista da comarca de Olímpia. O casal continua constando da lista por pretender ainda a adoção de uma menina.

Porém, o medo faz parte da decisão de adotar uma criança. Um deles, que às vezes se transforma no pesadelo do casal, é a possibilidade da mãe biológica querer voltar em busca dos filhos.

Porém, trata-se de uma situação que, até pelo fato da adoção ser irreversível não apenas pela justiça, mas pelas próprias crianças, vai apenas atrapalhar o encaminhamento normal.

Coração aberto

A adoção, pelo que se percebe, depende muito mais das crianças do que do próprio casal interessado. "Você tem que estar de coração aberto. Se você estiver de coração aberto vai conseguir passar o amor de mãe e receber o amor de filho", ensina.

Acrescenta: "Falo que fomos escolhidos. O R. pulou no meu colo e me abraçou e o J. no colo do pai". Essa reação é idêntica a de todas as outras mães adotivas que conhece. "Sempre vai por esse caminho. Se acha que é uma coisa, ah quero menina, nenezinho, que a maioria das pessoas querem menina, branca e bebê, mas chega na hora que vai conhecer um lugar assim, se está aberto a adotar, se quer mesmo, se é um coisa que vem do fundo do coração, não é assim que funciona. Você vai ver a criança e a criança vai te escolher".

JUSTIÇA NEGA

Além de ser uma experiência diferente, é também uma missão importante. Com o objetivo de informar aos seus leitores sobre a quantidade de crianças e de casais dispostos a adotar crianças, bem como de como funciona o sistema, a Folha tentou obter mais informações junto ao cartório que administra as questões ligadas à adoção de crianças, mas estas foram negadas pelo juízo da Infância e Juventude.

Compartilhe:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do iFolha; a responsabilidade é do autor da mensagem.

Você deve se logar no site para enviar um comentário. Clique aqui e faça o login!

Ainda não tem nenhum comentário para esse post. Seja o primeiro a comentar!

Mais lidas