"Se fechar aqui a população pode ir comprar
em Rio Preto e voltar contaminada (…).
Nós vamos entrar com uma medida judicial
e esperamos que até o final de segunda-feira
a gente tenha uma decisão judicial
para que a gente fique na faixa amarela (…)”.

O prefeito de Olímpia, Fernando Cunha, anunciou na tarde de sexta-feira, 12, que vai esperar até segunda-feira, 15, para tomar a decisão sobre a reclassificação imposta pelo governo Estadual a Olímpia, obrigando o município voltar à fase inicial da flexibilização em razão da pandemia quando só ficavam abertos e de forma restrita as atividades essenciais.

Como o decreto do governador de São Paulo entra em vigor na terça-feira, o prefeito resolveu que antes irá à justiça para ver se consegue reverter a situação.

No final da tarde de sexta-feira o prefeito publicou no Facebook um vídeo onde faz análise sobre decisão do Governo do Estado de reclassificar para a Fase Vermelha a região de Barretos, da qual Olímpia faz parte, e anuncia que vai tentar reverter a situação na justiça para que a cidade se mantenha na fase em que estava, a amarela.

Entre outras coisas ele enfatiza que a colaboração de todos continua sendo fundamental para manter o controle dos casos e fortalecer o pedido de reavaliação de fase e anuncia que o novo decreto municipal deve ser publicado na segunda-feira, dia 15, após a decisão final.

Ele começa sua explanação ressaltando que o quadro de controle da contaminação de pessoas em Olímpia, da capacidade de tratamento, continua equilibrado.

NINGUÉM PRECISA FICAR APAVORADO PORQUE O QUADRO CONTINUA EQUILIBRADO

– Eu diria a vocês que o crescimento é muito pequeno. Nunca fiquei apavorado. Ninguém precisa ficar apavorado porque até hoje, aqui em Olímpia a população de Olímpia tem usado máscara, tem cuidado do isolamento, salvo algumas exceções. Mas nós temos tido um tratamento adequado e a população tem se contaminado pouco. Então nos temos tido duas, três internações na Santa Casa. São poucas.  Não há uma propagação interna perigosa, então Olímpia continua com um bom grau de isolamento com baixo nível de contaminação.

– O nosso sistema de saúde continua ocioso. Nós temos uma quantidade de leitos grande a disposição. Sequer abrimos as alas que estão sendo preparadas na santa casa e temos a UTI atendendo com tranquilidade.

– As medidas de cuidado que a prefeitura vem tomando já há algum tempo estão dando efeito. As desinfecções que são feitas todas as noites lavando as ruas, lugares de mais frequência de pessoas, com caminhão usando cloro, barreiras sanitárias nos feriados, não temos encontrado nada mais grave, visitantes de familiares ou gente de passagem por Olímpia; nós temos tido esses cuidados, temos toda a fiscalização, então as medidas estão sob controle na nossa cidade.

ERA MELHOR ESTAR NA REGIONAL DE RIO PRETO DO QUE DA DE BARRETOS

– Mas temos uma organização da saúde estadual em que nossa cidade é remetida ao controle de Barretos que engloba 18 municípios. Entre eles Guaira, Pirangi, Bebedouro, Taiaçu, Viradouro, Colina e vem aqui pra nossa comarca. Agora, essa semana, vem uma decisão do governador que no seu plano de classificação por cores, que começa no vermelho, depois laranja, depois amarelo, depois o verde, retrocedeu nossa classificação. Inicialmente nesses critérios que eles adotaram, Olímpia ficou com uma categoria amarela, que a gente achou que era razoável até por prudência, mas a gente achava que poderia evoluir até para o verde.
Mas o governo do estado vem e reclassifica a região de Barretos como uma região que está no vermelho, então não é nem no laranja e nem no amarelo, volta pro vermelho e no vermelho fecha tudo, só fica aberto o que é essencial. Fica aberto agricultura, fica aberto indústria, construção civil e o comércio essencial, farmácia e mercado, fornecedores de alimento, aquilo que é o básico, do básico, do básico.

– Mas a gente não entende porque assiste televisão todo dia e vê como está São Paulo, como estão as cidades grandes. Como está o movimento lá, aquela loucura. Se fechar o metro é como fechar um Thermas aqui em Olímpia e lá eles não têm coragem de fechar o metrô, nós fechamos nossos parques aqui em Olímpia com a ajuda deles e esvaziamos o problema de contato com a importação, com gente de fora que vem aqui pra Olímpia. Então, é desmedida, desequilibrada essa comparação que estão fazendo com esses critérios. Nós entendemos que podem ser muito bons na média do estado para os grandes centros, numa região como Barretos nós já temos as nossas dúvidas da validade.

PELOS CRITÉRIOS DO GOVERNO ERA PARA A GENTE ESTAR NA FAIXA VERDE

– Nós analisamos aqui com a equipe da prefeitura os critérios que o Governo dos Estado adotou, como leitos disponíveis tanto clínico quando de UTI e pelo que tem a região de Barretos, estaríamos na fase verde, nem na amarela estaríamos, estaríamos melhor ainda. Não temos problema hospitalar na região, lembrando que o Estado não mandou nenhum respirador para a região até hoje. Mas, mesmo assim nós estamos na faixa verde se considerarmos a infraestrutura. Aonde que a região foi classificada como vermelha, foi na evolução, dos últimos 15 dias do número de internações e do número de óbitos. Mas quando nós analisamos, a cidade de Barretos teve problema, a cidade de Barretos que tem cerca de 27% da região, eles estão com quase 60% dos casos de internação e de Covid, nós aqui em Olímpia estamos com 10%. Quer dizer, nós ficamos muito abaixo.

– A cidade de Barretos tem problema e algumas cidades pequenas da região têm problemas, como Viradouro (por exemplo) que teve um agravamento, mas também não é nada muito significativo. Essas cidades pequenas que têm 10 mil habitantes, se salta de 4 casos para 8 casos é 100% de crescimento. Agora, São Paulo salta de 10 mil para 12 mil e estatisticamente é nada. É pouco. Enquanto que aqui, de 4 para 8 é 100%. Então tem que ser olhado com muito cuidado essas estatísticas que eles adotaram. Mas mesmo assim, adotando esses critérios todos, Olímpia pode estar na coluna verde do que o Governo do Estado está adotando.

VAMOS QUESTIONAR JUDICIALMENTE PARA COMPROVAR QUE OLÍMPIA PODERIA ESTAR NA FAIXA VERDE E NÃO VERMELHA

– Com isso, nós ouvimos a nossa equipe e vamos adotar um questionamento judicial dos critérios que Olímpia foi julgado e tecnicamente calcular pra comprovar que Olímpia poderia estar na faixa verde e não na vermelha. Nós entendemos que deveremos prosseguir na faixa amarela por prudência, por cautela. Olímpia tá bem, mas não podemos aceitar essa injustiça, que esses critérios colocam Olímpia e a nossa comarca na faixa vermelha.

– Vamos entrar com uma medida no Tribunal em São Paulo para que seja reavaliada a nossa classificação. Nós estamos preparando um pedido judicial em SP para que Olímpia seja reavaliada e reclassificada, e que o decreto do governador seja suspenso de sua validade. O decreto do Governador começa na terça-feira, não é na segunda-feira. Nós vamos entrar com uma medida judicial e esperamos que até o final de segunda-feira a gente tenha uma decisão judicial para que a gente fique na faixa amarela, enquanto se reavalia esse critério, dentro do critério de governo com os números de Olímpia.

SE FECHAR AQUI POPULAÇÃO PODE IR COMPRAR EM RIO PRETO E VOLTAR CONTAMINADA

– Eu queria, também, ponderar a vocês, que Olímpia, metade da nossa economia é o Turismo. Nós fechamos o turismo e caímos para metade. Agora nós vamos reduzir a outra metade? É um sacrifício injusto para a nossa população, para a nossa cidade. É exigir mais do que é o razoável. E não estão exigindo em nenhuma cidade do Estado de São Paulo. Na nossa região, nós temos uma conexão maior com Rio Preto do que Barretos. A nossa população poderá ir no comércio em Rio Preto e estar contaminada, e voltar a contaminar mais a nossa cidade. Então, em termos de saúde, é pior fechar o comércio porque irá muita gente comprar em Rio Preto, por exemplo, que estará aberto e estará muito mais contaminado.

– Nós vamos fazer essa consulta, aguardar até segunda-feira para ter um novo decreto da cidade. Achamos que o Judiciário tem dado essa liberdade para muitos municípios já no Estado de São Paulo como Marília, como Tupã e nós vamos pedir o mesmo direito, porque é um direito justo, direito técnico com critérios que o governo estabeleceu do crescimento de internações, crescimento de óbitos e nós tivemos um óbito nesses últimos dias, de um total de três e um óbito que foi inclusive num hospital particular de Rio Preto, mas como era morador aqui, lançou-se aqui.

VAMOS FAZER UMA REUNIÃO COM OS PREFEITOS DA REGIÃO NO DOMINGO, MAS NÓS JÁ DECIDIMOS IR NA JUSTIÇA

– Nós prefeitos da região de Barretos teremos uma reunião no domingo às 18h para ter uma opinião geral sobre esse decreto do governador. Tivemos uma reunião dessas dos 18 prefeitos na quinta-feira à noite e teremos outra domingo à noite. Mas nós aqui já decidimos que vamos ao judiciário pedir justiça para a população de Olímpia.

– Nós não podemos nos iludir de que  vai ter vacina, que é um jogo político de prometer isso, de prometer aquilo. É uma ilusão que estão tentando nos vender. Não podemos contar com vacina a curto prazo. A vacina da gripe, do H1N1 eles mandam 15 mil vacinas pra Olímpia e nós temos 55 mil habitantes, depois de cinco anos ainda está assim, imagina quando terá a vacina, se terá, e quanto tempo ainda vai demorar pra vacinar? Rezo e torço para que isso ocorra o mais rápido possível, mas não tenhamos ilusão.

– Se vamos ter que conviver com essa situação o mais importante é usar máscara, respeitar o distanciamento. Muita gente está usando, mas ainda tem muita gente descuidada nos bares, nos bairros, muito bairro mais periférico fazendo festas nas portas de casa e nas ruas. E o único remédio que gente tem é o distanciamento e o uso de máscaras e vamos conviver com isso bastante tempo.

– Na prefeitura, sob a minha administração, estou do lado da população de Olímpia para questionar presidente, governador, o que quer que seja. Nós respeitamos, mas se não respeitarem os nossos direitos, vamos questionar na justiça e vamos lutar para defender os direitos da população de Olímpia, e com certeza a justiça prevalecerá e a população de Olímpia não sofrerá mais do que já está sofrendo.