04 de junho | 2017

Crises econômica e política põem mercado imobiliário em estagnação

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Além do fator “bolha imobiliária”, que foi instituída com os vários lote­a­men­tos criados na cidade pelo ex-prefeito Eugênio José Zuliani, a crise econômica e a própria confusão que atinge a política nacional, que interfere diretamente na primeira, principalmente por envolver grandes empresas e políticos antes muito respeitados no Brasil, estariam colocando o mercado imobiliário de Olímpia em estado de estagnação.

Pelo menos é essa a conclusão que se pode chegar a partir das manifestações de vários profissionais do setor que foram ouvidos nos últimos dias, por esta Folha. Sendo crise política ou econômica, ou mesmo a tal bolha imobiliária, o fato é que a cidade está sendo ornamentada o tempo to­do com várias placas de aluga-se ou vende-se.

Para Mário Francisco Montini, proprietário da Imobiliária Alpha de O­lím­pia, a questão passa das fronteiras municipais e che­ga ao patamar da economia nacional. “Estamos vivendo uma situação que é de cunho nacional. As dificuldades todas que a gente enfrenta criam uma certa desconfiança nos investidores”, afirma.

Montini explica que atualmente, para montar e vi­abilizar um comércio, é pre­ciso ter uma segurança muito grande, o que não ocorre por conta do atual viés econômico. Mas ele a­credita que a melhora pos­sa ocorrer rapidamente tam­bém, embora destaque que parte do problema está relacionado com as chamadas casas populares cons­truí­das no município através do programa Minha Ca­sa, Minha Vida, criado pelo governo federal e mu­ito incentivado pela ex-presidente Dilma Vana Rou­sseff.

“Penso que com a melhora da situação econômica do país a tendência é melhorar, mas por enquanto acho que vai ficar estável, com poucos interessados em imóveis para aluguel e para vender, principalmente no setor comercial¸ embora o setor comercial passe por situações em alguns tempos, está relacionado ao volume de imóveis que foram criados pelo governo, do tipo Minha Casa, Minha Vida, que Olímpia foi beneficiada com imóveis. Isso fez com que inúmeros imóveis que estavam alugados passassem a ser propriedade desses inquilinos. Eles viram proprietários e isso também foi um dos motivos do aumento”.

FALTA INCENTIVO PÚBLICO

Mas outros fatores são apontados, como o caso da consultora imobiliária Va­nessa Zaccheu, da Imobiliária Rossi. “Analisando o cenário econômico nacional é possível notar que o governo não tem colaborado com incentivo para que empresas consigam trabalhar com tranquilidade, levando em consideração taxas de juros, burocracia e a instabilidade política, causando assim um balanço no setor imobiliário”.

Segundo ela, “as placas residenciais devem-se ao fator econômico que acarretou o desemprego e a o­brigação de famílias a deixarem o aluguel e retor­na­rem a casa de seus pais, e também a expansão habi­ta­cional de Olímpia, que nos últimos anos ganhou mais de 1.500 novas casas, possibilitando à população a realização do sonho de moradia própria”.

Mas quem reforça a relação com a crise econômica que está espremendo a população é Cássio Crepaldi, da Imobiliária Integrativa: “a razão basicamente é a economia brasileira que vem sofrendo uma influência na questão da crise política que afeta a economia de forma global. Em razão disso, os negócios e os investimentos imóveis comerciais começaram a diminuir. Não só por isso, mas também com a burocracia pra o investimento para a formalização das empresas”.

Na Imobiliária Apoio a situação não é muito diferente. Carlos Eduardo Savian, sócio proprietário da empresa, acredita “que seja o momento que esta­mos vivendo não em O­lím­pia, como em outras cidades também. Temos um problema na demanda por­que tem mais imóveis que pessoas procurando para alugar. A gente vê que os imóveis comerciais têm mais que os residenciais para locação”.

Mas o gerente de locação da mesma imobiliária, Hélio Martins, entende que o mercado está um pouco confuso. “Em razão da gran­de oferta de prédios comerciais e residenciais é porque não se adequaram ao mercado atual. Com a crise que a economia está passando muitos proprietários mantêm os preços no valor alto, sendo que a procura diminuiu em questão de valores”, diz.

Segundo Martins, “os valores ainda estão alto. A pro­cura de aluguel hoje diminuiu. Há bastante oferta, só que os valores ainda continuam no preço mais alto. Na procura hoje, o pessoal está se adequando à questão da economia, com salários e contenção de despesas. Os valores ainda não se adequaram a essa situação”.

Por outro lado, acredita que o mercado melhore até mesmo em razão de novas casas populares que estão para ser entregues: “Com o anúncio da entrega do Minha Casa, Minha Vida, já está dando uma certa mexida na cidade. O pessoal já está começando a ter consciência que vai ter de baixar os valores para os imóveis não ficaram fechados. Creio que num futuro próximo vai ter alguma modificação”.

PODERIA SER PIOR

Porém, Savian ressalta: “hoje Olímpia só não está pior devido ao Thermas dos Laranjais. Tem muitas pessoas que vêm trabalhar na cidade e procuram imóvel para alugar. Por isso, a cidade está melhor ainda que as outras. Porque se, não, com certeza estaria pior”.

Já para Ricardo Oliveira Malufi, da Imobiliária Malu­fi, “o grande número de imóveis residenciais para locar adveio da situação política que iniciou em 2014 e 2015 e estourou no início do ano passado (2016). Isso fez com que alguns comércios fechassem e algumas pessoas que estavam com projetos de abrir algum comércio também segurassem essa iniciativa de abrir o seu negócio. E também alguns valores de alugueis que as vezes estão um pouco alto e acabam deixando o pessoal com medo”.

“Acredito e está acontecendo, esse ano não se fala mais em crise, se fala em problemas políticos que estão sendo solucionados com prisões e tudo mais, mas que isso não pode deixar atrapalhar porque os negócios continuam”, reforçou.

Mercado depende da volta da estabilidade econômica

Mas se a situação chegou ao ponto que chegou no mercado imobiliário de ma­ior oferta do que procura, o que fazer para melhorar e tirar o peso, principalmente sem que se receba interferência da chamada bolha imobiliária que se instalou na cidade há alguns anos? Na avaliação da consultora imobiliária Va­nes­sa Zaccheu, da Imobiliária Rossi, a economia tem como base a política nacional e se desenvolve de a­cordo com os altos e baixos do país. O que parece certo é que o chamado futuro me­lhor parece estar ainda muito distante.

“Com a estabilização dos cargos de maior importância, o setor imobiliário tende a se acertar, permitindo a abertura de novos comércios, criação de mais empregos, gerando mais renda e a diminuição de imóveis disponíveis, assim alavancando a economia imobiliária de nossa cidade”, diz.

No entanto, Mário Francisco Montini, da Imobiliária Alpha, se preocupa com o futuro. “Não vejo ainda um mecanismo de recuperação do mercado imobiliário nesse sentido. Penso que a compreensão dos proprietários em diminuir os valores dos alugueis, a­de­quando à realidade atual possa ser um meio de solução porque se não, os i­mó­­veis ficarão fechados. Não interessa ao proprietário ficar com o imóvel parado porque ele fica pagando imposto e tem o desgaste natural do imóvel”.

Montini destaca que “é melhor alugar por um preço mais razoável que permita aquele que locar ter condições de manter o seu negócio do que ficar com o imóvel fechado. Mas, no curto prazo, acho muito difícil que isto aconteça porque a situação da economia não está ajudando em nada o cidadão comum”.

Para Cássio Crepaldi, da Imobiliária Integrativa, “a solução está dentro da economia. Para que seja resolvida a questão da ocupação dos imóveis comerciais há a necessidade que a economia venha a aquecer. A tendência, pelo que se vê do diagnóstico atual, é de que no segundo semestre esse cenário comece a mudar, mas a probabilidade maior é de uma alteração mais pontual dessa questão seja para 2018, com a previsão de crescimento econômico nesse contexto”.

Mais enfático, Carlos E­duardo Savian, sócio proprietário da Apoio Imobiliária, diz que “o governo federal precisa adotar algumas medidas para voltar a ter crescimento no Brasil, como diminuir a taxa de desemprego. Não é um problema de Olímpia, mas sim do país. Existem outras cidades que têm muitos mais imóveis alugando e vendendo, do que em Olímpia”.

VALORES ESTÃO ALTOS

Hélio Martins, da mesma imobiliária, diz que “os valores ainda estão altos. A procura de aluguel hoje diminuiu. Há bastante oferta, só que os valores ainda continuam no preço mais alto. Os valores ainda não se adequaram a essa situação”.

Mas Ricardo Oliveira Malufi já vê uma melhora e diz que a “tendência é aumentar. As negociações estão sendo concretizadas dentro do valor de mercado porque as pessoas se confundem muito olhando os valores de anúncios em site. Nem sempre o valor do anúncio é o valor de mercado”.

Mercado ditará futuro do segmento imobiliário local

Sempre que alguém comenta a situação do mercado imobiliário local acaba deixando uma expectativa negativa sobre o futuro. A verdade é que o próprio segmento vai cuidar de colocar as coisas em ordem e garantir tempos melhores, seja para quem depende de pagar aluguel, seja para aqueles investidores que sonhavam e ainda sonham em garantir a sua renda no futuro. Nem mesmo o valor será o responsável por essa estabilização.

Vanessa Zaccheu, da Imobiliária Rossi, explica que os imóveis no seu segmento “são de valores altos porque é difícil a sua construção e os proprietários tentam compensar esses valores pedindo um preço relativo e proporcional. Entretanto, tem se preocupado em equacionar estas divergências respeitando assim o valor de mercado”.

Mas avisa que “a tendência não é de queda. Quem investe em imóveis tem poucas chances de sentir um abalo econômico. Hoje o ramo imobiliário garante segurança e solidez, pois a construção civil tende a ampliar seu valor patrimonial dia-a-dia”.

Para Mario Francisco Montin, da Alpha Imobiliária, os imóveis estão com os preços elevados tanto para locação como para venda por causa da economia que não está se recuperando. “Só que hoje, como não existe crescimento existe uma estabilização ou até uma desvalorização. Às vezes o investidor interessado não compreende o proprietário. É preciso termos consciência de que a dificuldade é de âmbito nacional. Assim que começar a recuperar vai melhorar também”, afirma.

“Mas principalmente, penso eu, esses valores elevados são da própria conjuntura econômica, aliado ao fato de que com a construção de várias casas, a tendência seria diminuir o valor. Enquanto não chegar essa diminuição porque se aumenta a oferta diminui a procura: é a lei de mercado. Então, precisa compreender”, reforça.

De acordo com Cássio Crepaldi, da Imobiliária Integrativa, a solução está dentro da própria economia. “Para que seja resolvida a questão da ocupação dos imóveis comerciais há a necessidade de que a economia venha a aquecer. A tendência, pelo que se vê do diagnóstico atual, é de que no segundo semestre esse cenário comece a mudar, mas a probabilidade maior é de uma alteração mais pontual dessa questão para 2018, com a previsão de crescimento econômico nesse contexto”, diz.

Hélio Martins vai mais adiante e afirma: “Com o anúncio da entrega do Minha Casa, Minha Vida, já está dando uma certa mexida na cidade. O pessoal já está começando a ter consciência que vai ter de baixar os valores para os imóveis não ficarem fechados. Creio que num futuro próximo vai ter alguma modificação”.

 

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