28 de novembro | 2010

Casos de AIDS crescem a média de 10% ao ano em Olímpia

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Contrariando informação da Organização das Nações Unidas (ONU) em relatório divulgado na terça-feira em Johannesburgo, África do Sul, apontando queda de 20% na incidência da doença, em Olímpia onde o acompanhamento começou em 1987, os casos de AIDS, cuja sigla brasileira é SIDA (Síndrome da Imuno Deficiência Adquirida), crescem a média de 10% ao ano.


A essa conclusão se pode chegar ao avaliar as informações divulgadas pela Secretaria Municipal de Saúde. Em 2009, por exemplo, quando eram 112 casos positivos, foi registrado um aumento de 10%, quando comparado com o total que havia no ano anterior. Neste ano, até o dia 24 de novembro, já eram 122 registros, ou cerca de 9% maior que no ano passado.


Esse aumento, segundo a coordenadora de Vigilância e Saúde, Marli Manzatto dos Santos Belluci, ocorre em razão da falta de prevenção. “O aumento se deve à falta de prevenção, principalmente”, diz.


“O que a gente tem verificado em Olímpia, é que estamos notificando a pessoa já doente de AIDS e não as pessoas apenas com o HIV positivo, porque seria ideal que fosse notificada já no início da doença, para que fossem tomadas todas as medidas para que não desenvolvesse a doença”, acrescenta.


O histórico aponta que cerca de 70% dos casos são em pessoas do sexo masculino. “A epidemia no município, em sua maioria, incide em adulto jovem na faixa etária de 20 a 49 anos, do sexo masculino, heterossexual e com ensino fundamental incompleto”, diz trecho do relatório enviado à redação desta Folha, pela coordenadora.


Apesar de considerar que informações são exaustivamente divulgadas, a coordenadora considera que há, ainda, muito desconhecimento a respeito da doença e das formas de transmissão do vírus HIV, causador da AIDS. Segundo ela, até pessoas que tem pacientes com o problema em casa, desconhecem detalhes importantes.


Atualmente, a principal forma de transmissão é através do ato sexual. “Tanto que hoje, com a qualidade dos bancos de sangue, a gente não tem mais AIDS por transfusão de sangue. Só se for alguma coisa que ocorreu há muitos anos, antes de 1993”, destaca.


TRANSMISSÃO VIA SEXO ORAL

A transmissão pode ocorrer em qualquer forma de contato sexual, com parceiro soro-positivo, sem o uso de preservativo. “O sexo oral pode transmitir, tanto que é recomendável utilizar o preservativo no sexo oral também.

O vírus sai junto com o esperma e qualquer machucado na boca pode ocorrer. Lesões tanto no órgão genital, quanto na boca, pode levar à transmissão”, explica.

De acordo com Marli Belluci, atualmente os homossexuais estão mais preparados para enfrentar o problema. “Talvez por tudo que eles viveram no início da epidemia, foram os primeiros, a AIDS foi considerada a peste gay, foi um estigma muito grande em cima deles nesse sentido, hoje se observa que há um cuidado maior”, comenta.


Porém, segundo ela, os mais jovens ainda carecem de mais informações sobre prevenção. “Não viram seus colegas morrerem. O que a gente percebe é que parece que a pessoa sempre acha que com ela não vai acontecer. Ocorre essa incredulidade”.


No entanto, nem sempre os incrédulos viraram casos e entraram para a estatística. “Nem sempre porque, por exemplo, um heterossexual pode estar numa relação estável, que a gente chama de um parceiro só, e enquanto está com um parceiro só, tem toda a questão de que não, não vai acontecer comigo, não vou precisar usar mais o preservativo, alguma coisa assim. E, de repente, essa pessoa
já era um portador ou que se tornou um portador e a pessoa contrai a AIDS alí, dentro da sua casa”.


Embora ainda sem uma pesquisa científica, principalmente no caso de Olímpia, aparentemente a doença atinge mais facilmente a população mais carente socialmente. “A doença tem um empobrecimento, porque a pessoa tem acesso à informação e talvez não tenha tanto, mas há uma tendência para a pessoa mais pobre contrair a AIDS hoje”, diz.


No entanto, embora haja a tendência, ainda não se pode afirmar que seja uma regra geral. “A doença ainda não está escolhendo classe social. A gente acredita que a questão de estar caindo das classes mais altas para as mais baixas, seja porque, provavelmente, a classe alta está se prevenindo mais.Ou talvez porque na época era mais em homossexuais, que era de uma classe, na época mais elevada e hoje se interiorizou. Antes eram mais homens e hoje são mais mulheres”, avisa.

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