17 de julho | 2011
Cães imitam filme e sempre voltam à praça onde teriam sido abandonados por donos
Embora por razões diferentes das do filme “Sempre ao seu lado”, lançado em 2009, um casal de cães de Olímpia estaria agindo de forma parecida ao teimar em voltar para o local onde possivelmente tenham sido abandonados: a praça Julinda Lanzoni Breda, no Jardim Álvaro Brito, região oeste da cidade. A vida de Gaspar e Listrada, como estão sendo chamados pela vizinhança, se confunde com o mundo cinematográfico.
A dona de casa Maria de Lourdes Berttin Ignácio, da ONG (Organização Não Governamental) S.O.S. Animal, conta que após encontrá-los, já conseguiu arranjar três locais para eles ficarem, mas sempre eles fogem e voltam para a praça. Então, ela acabou arrumando uma casinha e colocando no local onde ia alimentá-los constantemente.
Ocorre que na semana passada percebeu que os cães haviam desaparecido do local e foi atrás deles, encontrando-os numa mata próxima do Jardim Tropical II. Agora o cachorro está em tratamento e a Maria de Lourdes espera recolocá-los em outro lar olimpiense.
Maria de Lourdes conta que os dois cães, um macho e uma fêmea, foram abandonados naquele local pelos seus donos em agosto do ano passado e por ali permanecem até hoje. “Acho que esperando o dono voltar. Eles tomam água no rio (córrego do Matadouro)”, disse.
A vizinhança já até assumiu os cuidados com os dois, embora ainda continuem tentando encontrar um novo dono para eles. “Conseguimos doar três vezes aquele casal de cachorro. Eles escapam e voltam para lá e ficam ali esperando o dono vir buscar. E você vê que eram cachorros que estavam acostumados a andarem de carro e a ter uma vida boa. O jeito que ele come, ele cruza as patas, ele é bem diferenciado dos outros”, explicou.
“É um cachorro que tinha um tratamento muito bom e ele foi abandonado junto com a cachorra. Eles não são os dois da mesma raça, mas você percebe que eles são da mesma idade. A pessoa talvez tenha comprado, ele é um Golden mestiço, não é puro, mas ele tem uma raça. Ela é tigrada, deve ser mestiça a Fila, muita bonita e com os olhos claros. O dono deve ter pegado juntos. Eles não se largam”, acrescentou.
Em um dos locais para onde os dois foram levados o macho chegou a ficar preso em uma corda durante 15 dias. Enquanto isso, a fêmea permaneceu ao lado e, quando ele conseguiu roer a corda e se soltar, os dois fugiram e voltaram para o mesmo lugar.
A dona de casa conta também que é comum os dois saírem pela cidade. “Eles vão passear. Eles ficam de frente a Prefeitura, eles andam a cidade toda, mas a tarde eles voltam para aquela pracinha”, afirmou. Por isso ela até acredita que devem ter sido abandonados no final do dia.
Certo dia ela percebeu que o cachorro havia sumido. Nesse dia, guiada pela fêmea, acabou localizando o cachorro deitado em meio a um arranha-gatos, com um grande corte na virilha. “Machucado ele não estava andando e tivemos que trazê-lo e agora está fazendo um tratamento”, revelou.
De acordo com ela é perceptível que um não fica sem o outro. “É uma coisa impressionante, tanto é que eu não vou doar nenhum separado. Se aparecer um dono, vai ter que levar os dois. Terá de adotar os dois”, avisa.
Sobre sempre retornarem a praça ela diz que eles conseguem se lembrar de seus antigos donos, mesmo que passe todo esse tempo, mantendo esperanças de um dia voltarem para o antigo lar.
“Eles ainda têm muito amor pelo dono e são doidos por eles. O cachorro que você cuidar e der amor, nunca vai te esquecer. Pode passar anos, ele nunca esquecerá a sua voz, mesmo que você doar ele”, definiu.
O FILME
O filme “Sempre a seu lado”, lançado em 2009, protagonizado por Richard Gere, mostra o remake japonês de um cachorro que esperava o dono em estação de trem. É a história de um cão fiel que morreu em uma estação de trem esperando por seu dono.
No filme o cão esperava o dono que era um professor universitário voltar o trabalho numa estação de trem. O dono tem um ataque cardíaco e morre e o cão passa o resto de sua vida esperando o dono voltar. A família tenta levar ele pra outros lugares, mas não consegue e ele sempre retorna.
Levam-no até para outra cidade e ele volta e fica numa pracinha defronte a estação.
A história de Hachiko é uma lenda entre os japoneses. O cão costumava esperar na estação Shibuya por seu dono, professor na Universidade de Tóquio. Mesmo depois que o professor morreu, o cachorro continuou esperando-o na estação todos os dias, por mais uma década, até ele próprio morrer, em 1935.
As pessoas que passavam e acompanharam a fidelidade do cachorro se comoveram com a história e resolveram erguer uma estátua em sua honra em 1934. O famoso artista Ando Teru foi contratado para esculpir Hachiko em bronze.
Apesar da estátua original ter sido derretida durante a guerra, Hachiko jamais foi esquecido. Em 1948 formou-se uma Sociedade para recriar a Estátua de Hachiko e, contrataram o filho de Ando Teru (morto durante a guerra), Ando Tekeshi, para fazer uma segunda estátua.
Apesar de Hachiko ser um cão, deixou uma mensagem muito importante para os bons amigos. A vida de Hachiko foi retratada em um livro e em filme chamado (A História de Hachiko). Viajantes que passam pela estação de Shibuya podem comprar presentes e recordações do seu cão favorito na Loja localizada no Memorial de Hachiko chamada “Shibuya No Shippo” ou “Tail of Shibuya”.
Um mosaico colorido de Akitas cobre a parede perto da estação. Hachiko pode ter morrido, mas ele nunca será esquecido. A história escrita atrás da estátua perpetua no tempo e continua esquentando os corações da população local e de turistas.
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