24 de novembro | 2013

Aposentada de 89 anos morre 10 dias depois de sofrer queda por causa do ônibus circular

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A aposentada Anézia dos Santos Gonçalves (foto), de 89 anos de idade, que residia no distrito de Ribeiro dos Santos, localizado na região norte do município de O­lím­­pia, morreu no início da ma­drugada da quinta-feira, dia 21, por volta da meia-noite, praticamente 10 dias depois de sofrer uma queda na Estação Rodoviária Pas­choal Lamana, quando tentava entrar no ônibus da empresa Bon­tur, responsável pelo transporte público, que tinha como destino o distrito.

Anézia dos Santos Gonçalves foi sepultada no final da tarde no Cemitério Municipal São José. De acordo com uma filha, Sueli Gonçalves da Cunha, a queda e, con­se­quente fratura de fêmur, aconteceu na manhã do domingo, dia 10, por volta das 10 horas. A aposentada havia entrado no ônibus pela porta da frente, como é de praxe, mas a catraca não funcionou – ela já havia utilizado o cartão em outra linha – e o motorista determinou que saísse e entrasse novamente, mas pela porta de trás.
 

Depois de socorrida na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e constatar a fratura, no mesmo dia da queda ela passou por uma cirurgia no fêmur na Santa Casa. Permaneceu apenas um dia na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e foi levada para um quarto normal, recebendo alta depois de apenas dois dias.

No entanto, houve uma piora no quadro de saúde da aposentada. Segundo a filha ela reclamava muito de dificuldade para respirar e na sexta-feira, dia 15, foi levada de volta para a UPA, onde desta feita permaneceu por quase 24 ho­ras aguardando uma vaga na UTI da Santa Casa.

O RETORNO

Para a volta à UPA a família so­­licitou a ajuda de uma ambulância e Sueli diz que até foi atendida, embora não com toda a satisfação que o caso mereceria: “Na realidade veio uma ambulância, mas só o motorista. Não tinha enfermeiro acompanhando, não tinha nada”.

Sueli conta que o motorista che­­­gou com uma maca e, junto com a irmã, tiveram que colocar a mãe sobre um lençol e puxá-la pra cima da maca.

Entretanto, a aposentada teria que ser transferida novamente para a UTI do hospital, mas não havia vaga. Por isso, segundo a filha, ela ainda permaneceu no local por aproximadamente 24 horas em uma cama comum.

Mas os problemas continuaram. Quando foi levada para o hospital, ainda sem vaga na UTI, a aposentada permaneceu em um quarto comum. “Quando foi para a Santa Casa a puseram num quarto e ficou lá de qualquer jeito”, reclama Sueli.

A solução chegou somente quan­do resolveram pagar uma consulta particular que custou R$ 550,00: “Para ela voltar e ter uma vaga na UTI foi preciso pa­gar um médico. Nós pagamos e imediatamente surgiu uma va­ga para ela na UTI”.

Também de acordo com a filha, na Santa Casa a informação era a de que a aposentada apresentava problemas nos rins, na perna operada e água nos pulmões: “Não tinha médico. Não tinha plantonista na Santa Casa”.

Quando um dos netos, que é enfermeiro, conseguiu ter acesso ao prontuário médico da avó, percebeu que ela estava sendo apenas medicada com diclofe­na­co e dipi­rona.

Em razão disso e de outras situações que enfrentou, Sueli reclama do descaso que percebeu haver da parte da Santa Casa com a paciente: “Desde que fez a cirurgia nossa vida foi transformada”.

Para ela a morte da mãe está diretamente relacionada com o a­cidente: “Tem porque ela estava alegre e satisfeita porque a gente viria para Olímpia. Ela fez aniversário no dia 9 e a gente faria uma reunião de família pa­ra comemorar”.

Mas também afirma que está relacionada com o atendimento médico prestado, principalmente pela Santa Casa. “Eu falo que sim porque faltou socorro, faltou interesse da parte dos médicos. A gente via que eles não tinham interesse”.

Neta de idosa falecida após cair faz críticas ao sistema de saúde que existe em Olímpia

Além da falta de estrutura em diversos setores, um deles o bancário que disse ter encontrado dificuldades para sacar dinheiro em um caixa eletrônico, a neta da aposentada Anézia dos Santos Gonçalves, que faleceu no início da madrugada da quinta-feira, dia 21, aos 89 anos de idade, que se identificou pelo nome Débora (foto), teceu pesadas críticas também ao sistema de saúde local.

Para ela, por se tratar de uma cidade que se considera turística, certas coisas não deveriam faltar ou mesmo acontecer: “Acho que uma cidade turística tem ter um aparato muito maior, principalmente na saúde”.

E acrescentou: “Esse povo, turista estrangeiro que se machucar lá no Thermas vai ser atendido onde? De que forma? A cidade está uma calamidade. Não tinha dinheiro para sacar no Bradesco (ca­ixa eletrônico) a­qui, uma cidade turística. Investe no Thermas e as coisas estão pela hora da morte e não ter médico de plantão no hospital”.

Débora questiona também várias situações muitas vezes expostas pelos governos, seja de qual esfera for, afirmando que a população tem médico e remédio de graça. Ela afirma que nada é de graça, mas tudo pago pela própria população.

Para ela, principalmente os idosos já pagaram impostos durante muito tempo e deveriam ser melhor tratados pelos governantes e responsáveis pelas administrações das cidades.

 

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