03 de março | 2013

Aluno da rede municipal perde parte do dedo ao tentar escapar de uma agressão dentro do banheiro da escola

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Um aluno da rede municipal de ensino perdeu a ponta de seu dedo anular da mão direita, quando tentava escapar de uma agressão no interior da Escola Municipal Luiza Seno de Oliveira, localizada na Rua Theodomiro Joaquim Bitencourt, no Jardim Paulista, na zona leste de Olímpia.

Luis Henrique Aparecido de Souza Duarte, de apenas seis anos de idade, tentava se livrar de quatro alunos da mesma escola, mas com idades superiores a dele.

Luis Henrique estuda no Jardim Paulista, mas reside na Rua Alceu Clemêncio da Silva, número 305, no Jardim Santa Fé, também na zona leste da cidade.

Curiosamente, o fato ocorreu no início da terça-feira desta semana, dia 26, por volta das 12 horas, mas não foi sequer divulgado pela imprensa. O caso foi registrado na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM).

De acordo com o que consta na polícia, a mãe de Luis Henrique, a lavradora Márcia Cristina Faria, recebeu uma ligação telefônica da escola pedindo para que buscasse o menino porque ele tinha prensado e machucado um dos dedos na porta do banheiro da escola.

Porém, ao chegar deparou com o filho sentado num banco, chorando, com dor e sangramento no dedo da mão direita, que estava enrolado em uma toalha, o que a levou a desconfiar da gravidade do caso, até pelo fato de que vários funcionários da escola estavam ao redor do menino.

DELEGACIA DA MULHER

Na DDM ela chegou a passar mal, embora ainda não tivesse dado conta de que a ponta do dedo do filho havia sido decepada. Ela declarou que apenas pensou em socorrer o menino.

De acordo com o que consta do boletim de ocorrência registrado, a mãe e o menino foram levados por uma funcionária de nome Luisa até a UPA (Unidade de Pronto Atendimento), onde a médica identificada por Maria Carolina lhe comunicou que Luis tinha perdido “apenas a pontinha do dedo anular da mão direita”, solicitando um retorno no dia seguinte para curativo e consulta com um ortopedista.

Porém, ao voltar para sua casa, ouviu do filho que os colegas de classe A, L e E, juntamente com E que cursa o quarto ano, queriam lhe agredir no interior do banheiro e na tentativa de impedirem sua fuga para ser agredido, os quatro empurraram a porta para que não saísse, dessa forma prensando a mão e decepando o dedo.

Márcia contou ainda na DDM que ainda no dia seguinte pensava que o filho sofrera apenas um esmagamento do dedo e que somente ai se deu conta que uma das falanges havia sido decepada.

Pior ainda, foi que durante a consulta com o médico Gerson, foi informada da necessidade de intervenção cirúrgica imediata, inclusive, momento em que o menino foi encaminhado para a Santa Casa de Olímpia, onde permaneceu internado.

MINISTÉRIO PÚBLICO

Por outro lado, na tarde desta sexta-feira, dia 1.º de março, por volta das 17h10, Márcia Cristina Faria esteve no Ministério Público da cidadania, onde narrou os fatos ao promotor de justiça José Márcio Rossetto Leite.

Lá ela relatou que no final do ano passado esteve na direção da escola porque seu filho estava sofrendo agressão dos mesmos alunos que deceparam o dedo de Luis Henrique.

Na oportunidade, segundo relatou ao promotor, foi atendida pela diretora de nome Patrícia e pela professora Marileusa. No entanto, nenhuma medida teria sido tomada para evitar o problema.

Relatou também que em conversa com a conselheira tutelar Maria Helena, que esteve em sua residência na quinta-feira, tomou conhecimento de que a diretora da escola disse que a ponta do dedo (falange) havia sido encaminhada dentro de um recipiente com gelo à UPA. Todavia, a informação não procede, haja vista que nada lhe foi entregue quando retirou seu filho da escola para levá-lo ao atendimento médico.

Márcia relatou que está indignada e querendo justiça, uma vez que seu filho tem apenas 6 anos de idade, está traumatizado e ainda com um defeito físico, o qual, não se sabe se haverá sequelas.

Ressaltou ainda que muitas crianças seriam vitimadas na mesma escola, não apenas por outros coleguinhas, mas também por outros funcionários.

 

Mãe procura e não obtém resposta da Secretaria da Educação

 

A lavradora Márcia Cristina Faria, mãe do aluno Luís Henrique Aparecido de Souza Duarte, de apenas seis anos de idade, que teve parte de um dedo decepado no interior do banheiro de uma escola da rede municipal de ensino, procurou por uma explicação para o fato, mas não obteve nenhuma resposta da Secretaria Municipal da Educação. A situação teria acontecido no início da tarde da terça-feira desta semana, dia 26, por volta das 12 horas.

Em entrevista no final da tarde desta sexta-feira, dia 1.º de janeiro, ou seja, três dias após o fato, Márcia Cristina Faria declarou para a Folha que foi até a secretaria da Educação hoje para ver o que iria ser feito, mas lá, segundo ela, apenas informaram que só poderia ser atendida na segunda-feira.

Então foi até ao Ministério Público da Cidadania e lá prestou declarações e foi informada de que o caso seria investigado e que até uma sindicância deverá ser aberta na escola.

Márcia Cristina Faria contou também que tanto a diretora, quanto os demais funcionários da escola queriam que ela acreditasse que tudo não teria passado de um acidente.

Entretanto, ela não acreditou, pois seu filho de seis anos já vinha sendo ameaçado por outros alunos maiores e segundo ele contou, estes meninos prenderam ele no banheiro para lhe darem uma surra. “Não foi um acidente. Foi é muita violência o que fizeram com ele. Quatro crianças empurrando a porta só podia decepar o dedo dele”, afirmou.

Sobre a possibilidade de um reimplante, a mãe afirmou que embora o pessoal da escola tivesse dito que levaram o dedo até à UPA (Unidade de Pronto Atendimento), ela não recebeu nenhum saco ou outro recipiente com gelo e a parte decepada do dedo do menino para reimplante. “Não me deixaram nada. Estão escondendo o caso. Eles foram negligentes. Tinha que ter alguém cuidando e monitorando as crianças para que este tipo de violência não ocorresse no interior da escola”, reclama.

“Vou fazer de tudo para que isto não aconteça mais. E não quero tirar o meu filho da escola. Meu filho não tem que fugir. A escola é que tem que melhorar e não eu ter que levar meu filho para outro lugar. Mas preciso ter garantias de que a integridade do meu filho não será violada novamente. Eles têm que melhorar”, reforça.

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