28 de abril | 2013

A canção do vento vem às vezes me lembrar…

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Do Conselho Editorial

Os editoriais dos jornais, mesmo que tenha alguém por detrás da máquina a bater no teclado palavras que acompanham raciocínios, os pensamentos expressos geralmente são pautados pela editoria do jornal, por representar este espaço a opinião do jornal.

Esta opinião, no entanto, é trabalhada de acordo com o proposto pela direção, por alguém de corpo e alma que pode desenvolver o pensamento livremente na direção da sugestão apontada.

O editorial tem características impessoais no trato com o que é proposto, se este coloca, ou evoca o pessoal através do “me lembrar” é por que a frase titulo foi retirada de uma canção para enunciar de forma muito direta o passado e o romantismo que ele contém, que anda esquecido por becos e esquinas deste imenso país.

A canção rebrota de outras épocas, salta forte trazendo recortes de um país imerso em sangue e luta por ideais libertários e mergulhado em um sistema de corrupção perverso.

Os ideais libertários, a canção do vento vem as vezes nos lembrar que foi conquistado com jovens, bandeiras, canções de protestos, barricadas, tanques, a fórceps veio à luz o direito de falar destroçando o silêncio que a boca dos canhões e baionetas obrigava.

Foram expulsos da vida pública os que desonravam a farda verde oliva; foi restaurada a democracia; os direitos dos cidadãos foram não só reconhecidos, mas passaram a ser respeitados no tocante a poder expressar seu pensamento.

Já a corrupção, sorrateira que é, como rata parideira foi instalando ninhos na vida pública e foi multiplicando os filhotes da ditadura que de forma ratazana continuaram surrupiando, limpando os cofres públicos.

Se antes não se sabia de tanto roubo e falcatrua, hoje se sabe tanto e tudo de tanta coisa que chega a ser chocante o quanto a acomodação tomou conta da alma antes indignada dos brasileiros.

Chega a ser chocante a quantidade de escândalos envolvendo desvio de dinheiro público, mais chocante ainda são as distorções de caráter do homem público, que muitas vezes nem tendo a ver com as ações desqualificadas daqueles que abusam da proximidade do cofre e transformam em patrimônio particular o que era público.

Deixam de prestar relevante serviço a sociedade preocupados com a acumulação, são desonestos, verdadeiros larápios que contam com um contingente imenso de outros quadrilheiros que envolvidos ou não no esquema denunciado, por estarem endossando outros achaques que estão encobertos, endossando suas patifarias vergonhosas publicamente reconhecidas. 

E desta forma o Brasil vai se afundando em denúncias de defesas, e o grande dano causado parece que nunca encontra punição na medida exata, por contar com beneplácito daqueles que detêm a parcela mais importante do poder.

É coisa de máfia com características de maçonaria que perdeu sua função filosófica e moral, já que há maçonarias corretas e nenhuma corrente da máfia que preste, só que esta fusão dá a dimensão das coisas que, acontecendo sobre as asas destes grupos que se fundem muitas vezes com o propósito de amealhar milhões, bilhões, para com este dinheiro calar, sufocar, como os autoritários ditadores militares, a voz de milhares de cidadãos que vivendo este momento tão singular deste país afundado em lama e imoralidades

 

Coisas que a gente se esquece de dizer

Coisas que o vento vem as vezes me lembrar

Coisas que ficaram muito tempo por dizer

Na canção do vento não se cansam de voar.

 

E o povo, ausente, alienado, vai discutir coisas pela rebarba, coisas que nunca chegarão a atingi-los tão diretamente quanto o dinheiro público desviado de setores necessários a sua própria existência.

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