22 de junho | 2014

Uma cidade que envelhece

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Do Conselho Editorial

Sem discutir sua vocação econômica, sem responsabilidades com o futuro, sem ter o olhar presente nas questões mais pulsantes que envolvem o mundo, a cidade de Olímpia envelhece.

E se torna velha à sombra de ranços muito antigos o que a torna extremamente conservadora repelindo a modernidade, o avanço, que contrariando mentes embotadas, vai se impondo de forma muito tímida.

Se antes explorava o café que faliu várias famílias e levou ao suicídio alguns poucos que perderam seu patrimônio entre os muitos que insistiam na monocultura, apostou no mesmo equívoco quando a laranja mostrou o Eldorado e acenou com a possibilidade da cidade de se tornar a Flórida brasileira.

Sobraram os sonhos desfeitos de muitos que como na crise do café se afundaram em desesperanças e das laranjeiras sobram a lenha que alimenta os fornos de alguma pizzaria ou restaurante.

 Mas o olimpiense é acima de tudo um forte e continuou apostando na fórmula de sempre e apostou na cana para adoçar suas pretensões econômicas e navegou no mar tranqüilo de brisa leve por anos levado pelo lucro obtido pela monocultura desta vez focada na cana de açúcar.

A vida vem em ondas como o mar num indo e vindo infinito e nem só de felicidade vive a humanidade e o álcool, e a cana, ao que tudo indica, aponta para cenários desconfortáveis vivendo o auge do seu desaquecimento e já há queixosos por ai lamentando a baixa lucratividade do setor.

Nada, porém, mais importante que um erro após o outro, se abandonou em tese a monocultura visto que não se comenta, pelo menos por enquanto, em plantação que seja muito lucrativa como foram o café, a laranja e a cana, aposta-se na instável indústria do turismo que com fragilidades dá mostra de crescimento, ou pelo menos o marketing atuante vende esta idéia.

E muitos acreditaram e muitos acreditam que a antiga Capital Nacional do Folclore, a Flórida brasileira, terá por futuro o turismo enquanto alavanca de seu crescimento.

E muitos apostaram e apostam alto nesta projeção que coloca a cidade como lugar ideal para se investir no setor turístico; muitas casas viraram pousadas, muitos hotéis foram instalados, resorts e a ampliação do número de prédios, além de um número sem fim de loteamentos.

Sente- se no ar um arrefecimento dos ânimos, os números para alguns aplicadores sinalizam para baixo rendimento diante do montante investido.

Algumas empresas com foco no turismo revelam que esperavam mais por conta do excesso de propaganda e entusiasmo.

Mesmo cidadãos comuns que não estão envoltos de forma mais profunda na discussão de lucros e perdas emitem opiniões acerca de uma cidade visivelmente separada em dois setores distintos, um que é a cidade e seu dia a dia ligada muito mais à cana de açúcar e à industrialização de seu produto pela usina local, e as negociações comerciais comuns a toda cidade do interior e outra, toda voltada pelo que se tem como a nova vocação que é o turismo, que é distinta da outra realidade e segundo alguns nem se tocam nas extremidades.

Há uma divisão clara, tão clara que nos dias de grande movimento do parque aquático, férias e feriados, afora o número excessivo de carros e de turistas nas ruas, afora um ou outro comércio, grande parte da cidade repousa em silêncio sepulcral, nada havendo que possa ser feito, nada aberto a não ser no parque aquático.

Ou os comerciantes locais não foram beneficiados pela indústria do turismo ou a indústria do turismo já dá evidentes mostras de cansaço, e se for a segunda opção, esta cidade envelhecida, mais uma vez terá perdido o bonde da história.

Terá envelhecido entre preconceitos, discriminações, censuras, não terá se discutido o suficiente para pelo menos qual o destino melhor para o seu futuro assentar em segurança seus munícipes que precisam de trabalho, renda, modernidade, e tem sempre o mesmo do mesmo que vai e volta da mesma forma alterando apenas o conteúdo que se miserabiliza a cada queda registrada?

Será Olímpia uma cidade que apenas envelhece, que se nega aprender com seus acertos e erros e assim passam anos e anos e Olímpia apenas envelhece?

 

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