06 de agosto | 2017

Temer e o país comandado por larápios

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Do Conselho Editorial

A sessão da Câmara que votou a autorização ou negação da continuidade de investigação pelo Supremo Tribunal Federal na denúncia levada a efeito pela Procuradoria Geral da República deixou muito evidente o Brasil real.

Estavam presentes na sessão quem votou de forma desfavorável a que o presidente Temer fosse investigado pela possível prática de corrupção e tentativa de obstrução a justiça, a nação dos sem ética, dos desmoralizados facínoras que vendem até o país em que nasceram.

O sem número de negociatas feitas à luz do dia com perdão de dívidas, promessas de ajuda econômicas a prefeitos e governadores, liberação de bilhões em emendas parlamentares aos deputados para que votassem contra a continuidade das investigações evidenciou a corja que administra a nação.

Já se sabia que era assim. Muitos acreditam que sempre foi assim e duvidam que possa mudar como alguns imaginam que vá acontecer em razão da Lava Jato.

Vozes dissonantes já começam a alertar a população que a vitória de Pirro que Temer obteve fere de morte a tentativa de passar o país a limpo e sinalizam de que já há nos bastidores do Congresso movimentação no sentido da criação de leis que enterrem em definitivo toda e qualquer investigação que possa chegar nos que comandam o sistema mafioso nacional.

A bem da verdade, é de se observar que Temer sai fragilizado nesta primeira votação que não autoriza que seja investigado até o final de seu mandato pelo número de votos que obteve, que é bem próximo do que obteve os que votaram favorável a que fosse investigado.

Mesmo isto vai deixar mais ou menos claro que as razões se deram muito mais pela proximidade das eleições que por razões éticas.

Se expor de forma contrária à investigação em um momento que a maioria da população pede que a corrupção seja combatida em período próximo da corrida eleitoral, provoca desgastes em candidaturas e nas pretensões de se manter no poder.

Houve quem votasse por princípios, ideologia, nacionalismo, a maioria, porém votou pelo umbigo, por fisiologismo, sobrevivência política.

Passada a vergonhosa sessão e os dias de compra cínica e deslavada dos “representantes do povo” das bancadas evangélicas e ruralista, feitas pessoalmente pelo presidente Temer, começam as discussões pela entrega de promessas e cargos, que dificultam a sobrevivência da governabilidade.

Os números mostram a fragilidade do governo e mesmo em um universo de tantos saqueadores é fácil prever que a medida que a corrida eleitoral se aproxima, por uma questão de sobrevivência, ficará cada vez mais difícil que Temer resista a novas denúncias e tudo indica, outras virão.

E virão com muito mais peso e prova, deixando muito clara a possibilidade de um mafioso estar ocupando a cadeira de primeiro mandatário da nação cercado de gangsteres da pior espécie.

As cenas chocantes de descaramento e cinismo divul­gadas pelas redes de televisão na sessão que desau­torizou a investigação do presidente aliadas ao péssimo desempenho da economia, fundida a compra escancarada de votos, leia-se de parlamentares, conduz a imaginar que o desgaste que ocorreu desta vez trará dificuldades ao governo cujos índices de popularidade quase chegam a zero. Com isto perde o país, a economia e o povo, grande ausente que não foi às ruas e, como os deputados, passou a sensação que tudo que ocorreu de vergonhoso e vulgar naquela sessão não lhe diz respeito, não fala de seu desemprego, de sua vida, de seu destino, razão mais que suficiente para se imaginar que cada povo tem os governantes que merece.

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