“A grande questão a ser motivo de estudos possivelmente
será para que e a quem servia o sigilo de cem anos”.

Do Conselho Editorial

A história nunca é feita do agora, sempre exige uma certa dose de paciência para se descobrir o que verdadeiramente pode estar por trás de algum fato que se anuncia como verdadeiro.

Aos exemplos, para que se entenda melhor esta exposição de motivos que nas entrelinhas está cuidando da atual infestação de Fake News (fatos mentirosos divulgados como se fossem verdadeiros) na política mundial e que tem repercutido na campanha eleitoral brasileira.

Você, na escola, aprendeu a admirar a genialidade com que Ruy Barbosa se manifestava e, para além de sua inteligência, a capacidade como discutia ética e honestidade na vida pública.

Negro, bem formado, culto, enquanto ministro Ruy Barbosa mandou queimar todos os documentos que tratassem do tema escravidão.

Em 14 de dezembro de 1890, o ministro da Fazenda Ruy Barbosa assinou um despacho ordenando a destruição de documentos referentes à escravidão.

Em relação ao grito do Ipiranga, hoje se sabe que os cavalosimponentes, eram a montaria dos militares e dos nobres, na realidade,D. Pedro e seus acompanhantes fizeram o caminho do litoral ao planalto paulista em mulas e jumentos, o meio mais seguro de se viajar naquela estrada íngreme e em zigue-zague.

A comitiva de D. Pedro não eranumerosa,com poucos integrantes e não quarenta pessoas como ilustrado no quadro.

1. Pedro I e sua guarda não viajavam vestidos com uniformes de gala, preferiam trajes mais simples e confortáveis.

Os Dragões da Independência foram criados um ano após a independência por D. Pedro I.

É improvável que o príncipe regente estivesse com uma aparência tão sadia e em posição ereta uma vez que, naquele momento, estava sentindo fortes cólicas causadas pelo cansaço da longa viagem ou pelo jantar na noite anterior.

A Casa do Grito não existia na época, o casebre retratado no quadro foi construído por volta de 1884, portanto muito tempo depois da proclamação da independência.

O pintor Pedro Américo não poderia estar no quadro por ter nascido em 1843, muito tempo depois da independência, proclamada em 1822.

Quando a pintura foi realizada, entre 1885 e 1888, sequer existiam testemunhas do Sete de Setembro.

Conta a lenda que a Princesa Isabel se esforçou em favor da libertação dos escravos.Para alguns historiadores ela só assinou a Lei do Ventre Livre porque seu pai estava em viagem pela Europa.

Assim como ocorreu 17 anos depois, quando Isabel firmou a Lei Áurea, “abolindo” a escravidão no Brasil.

Ambos os atos foram precedidos por muita luta de ativistas negros e brancos abolicionistas, mas, a princesa pouco atuou nesse sentido.

Estas situações e realidades só vieram a ser discutidas pelo mundo acadêmico, na sua maioria, anos após ter ocorrido o fato histórico em si.

Imagina-se que da mesma maneira, daqui alguns anos poderá se chegar próximo de um denominador comum em relação ao suicídio de Getulio, morte de Jango e Juscelino, renúncia de Jânio e prisão de Lula.

Há quem, ao longo dos anos, se debruça em farto material documental para ir tentando decifrar o que pode estar no subtexto de algum acontecimento que possa ter gerado mudança no país.

Porém, nestes tempos de loucura, ódio e Fake News será muito difícil, senão trabalhoso e complexo, conseguir o estudioso do tema se aproximar de uma hipótese próxima do que pode ter sido verdade neste período de tantas mentiras.

E, se considerar o sigilo de cem anos para questões minúsculas, relacionadas a relações familiares e desvios de caráter e de verbas públicas é de se concluir que o essencial e interessante para o relato de ações não republicanas estará coberto de dificuldades para impossibilitar que seja elucidado.

Por estas e outras razões não há como acreditar que a maioria das instituições não estejam aparelhadas e a serviço de uma Cleptocracia e de um Estado totalitário, sem transparência alguma.

E a grande questão a ser motivo de estudos possivelmente será para que e a quem servia o sigilo de cem anos.