24 de fevereiro | 2013

Enquanto muitos mamam, outros não conseguem tratamento de saúde

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Do Conselho Editorial

Os meios de comunicação local desde a instalação do governo de Eugênio José Zuliani vêm publicando extensas listas de nomeações em cargos de confiança, criando secretarias que não existiam, privilegiando com empregos e inchando a máquina pública com próximos de seu grupo.

Por outro lado, quando questionado na justiça em razão desta verdadeira farra do boi financiada pelo poder público, encontra formas e subterfúgios para não cumprir o determinado pela justiça, ou cumpre de forma a passar para a sociedade que sua ação não teve nada de equivocado como foram, para exemplificar, os casos da frente de trabalho e dos cargos comissionados.

Tudo isto levado a efeito com a conivência de praticamente a totalidade dos vereadores que compõem a Câmara que não só aprova projetos que reconhecidamente atentam contra dispositivos legais, como defendem a ideia de estarem acima das leis de Estado e da União, na defesa de interesses que passam a imagem de duvidosos e inconfessos.

Tanto que quando a sociedade clama por justiça, por tratamento justo, principalmente na área de saúde pública onde o caos é evidente desde o início do governo Geninho, são poucas as vozes parlamentares que saem em defesa do povo que os elegeu para por eles ser defendidos.

Neste quesito, nesta atual gestão, que se iniciou em janeiro passado, pode se afirmar sem medo de errar que a composição da casa de leis, se antes era omissa na sua maioria, dá mostras que será omissa na sua quase totalidade.

Da mesma maneira se comporta o Conselho Municipal de Saúde que parece nem existir no momento em que a saúde pública está morta e enterrada, quando se sabe que o setor atua com um orçamento anual milionário se comparado com outras gestões, onde o orçamento era muitas vezes menor e o atendimento, embora precário, muitas vezes melhor.

Tanto que, o que várias vezes foi alvo de matéria e de discussões neste jornal ficou evidenciado agora na situação vivida pelo cidadão olimpiense, pedreiro, ora sem condições para o exercício da profissão, Edno Rosa, de 46 anos, vítima de um câncer raro “linfoma do manto” que perdeu 80% por cento de suas forças e mesmo assim encontra nos 20% vinte por cento restantes energia para lutar contra a doença e a indiferença do poder Executivo local.

Sua peregrinação em busca de um remédio necessário ao seu tratamento que custaria R$ 350 mil, (trezentos e cinqüenta mil reais) se comprado pela família e R$ 161 mil (cento e sessenta e um mil reais) se comprado pela prefeitura, é digna de um emocionante capítulo de novela, que tomara tenha um final feliz.

Acionada a Secretaria de Saúde, como várias vezes discutidas aqui e pela imprensa local, confirmou o que se fala a exaustão, tratou o caso com a indiferença que trata grande parte dos problemas que deveria resolver.

Segundo relato de Edno Rosa, o paciente, “Tem até receitas que deixei na secretaria e nem me devolveram”, diante deste quadro de total distanciamento demonstrado pelo órgão público encarregado de cuidar da saúde de todos os cidadãos olimpienses, se viu compelido pelas dificuldades econômicas, que se presume está vivendo, a recorrer a Justiça.

Outro calvário: dois advogados dativos, segundo matéria em jornal local, temerosos de moverem ações contra a prefeitura, desistiram da ação alegando compromissos financeiros que mantêm com ela.

Após incansável batalha onde se conseguiu liminar que não foi cumprida, sendo que num dos apelos feitos por Edno e seu advogado a juíza solicitou o bloqueioi do dinheiro, ficando bastante evidenciado que o governo Eugênio é autocrático, autoritário, temido ao invés de respeitado, e dá mostras de desumanização e insensibilidade no trato com questões relacionadas a resolver problemas de vida e morte.

Pelo número de mortes atribuídas ao descaso público, já passou e muito da hora para este pessoal aprender com a experiência do vivido e estar atento para não criar mais situações em que se coloque o que deveria estar em primeiro plano, que é a vida humana, no final da fila de prioridades.

Primeiro salva-se o paciente, depois se discute a questão de ordem financeira, só que o que se discute neste governo não é a ordem da questão humanitária, discute-se o dinheiro, o valor, a quantia a ser gasta com o remédio, não a necessidade vital do uso.

Em contrapartida se nomeia comissionados, se privilegia amigos e cabos eleitorais, se gasta fortunas com festas e inutilidades.

Pensam que parou por ai o que pode ser indicativo de irresponsabilidade pública no caso do paciente com câncer, que necessita do remédio Rituximab, que custa ao poder público R$ 166 mil? Parou não.

Determinado o bloqueio do dinheiro pela justiça local, para a posterior compra do remédio, segundo o advogado Gilson Delgado que representa Edno Rosa, nesta causa, o prefeito determinou que a prefeitura entrasse com agravo de instrumento para evitar o bloqueio.

Delgado, em sua declaração, relatou que houve muita resistência da parte da prefeitura. Segundo sua opinião, “tentaram impedir o oficial de bloquear, dizendo que não podia fazer isso. O oficial disse a eles então que discutisse isso no processo, por que sua obrigação era a de cumprir a determinação da juíza”. 

Simplesmente vergonhoso que por um lado os amigos do rei se fartem e lambuzem, esnobem carros novos e mansões e do outro o povo padeça sem atendimento médico e remédios.

Se de um lado o poder público distribui benesses, cargos e salários milionários, do outro a população é esquecida nas suas necessidades mínimas de sobrevivência.

Se de um lado muitos sangram os cofres públicos, mamam nas tetas da viúva, outros não conseguem o suficiente para continuar seguindo sua trajetória com decência e dignidade na vida, expondo a irresponsabilidade social deste governo e sendo obrigado a expor suas necessidades pessoais por que o governo truculento e autoritário, não consegue sequer vislumbrar que um cidadão adoentado, precisa muito mais de remédio, tratamento médico, carinho, compreensão e amor, que são coisas que infelizmente falta nesta administração que não reconhece o social.

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