21 de julho | 2013
E será folclore?
Do Conselho Editorial
Começa hoje o Festival Nacional do Folclore, uma semana de convivência com a beleza da diversidade cultural na pauta dos acontecimentos.
Em que pese ter perdido o festival através dos anos a essência daquilo para o qual foi criado, não há como não reconhecer que independente da pobreza de ordem científica, já que o festival não é mais fechamento do trabalho de pesquisas do professor José Santana, a beleza estética, sonora e o colorido que os grupos trazem para o Recinto continuam valendo a pena ser vistos de perto.
A partir de hoje, após o anúncio da abertura de mais um festival de folclore brasileiro, de todo o território nacional estarão sendo mostradas manifestações deste povo cuja história se fez de suor, trabalho, seriedade, desejos, sonhos, danças, bailados, embalados pelas músicas, histórias e lendas que compuseram suas histórias que demonstram estar acesas e vivas nos mais distantes pedaços de terra deste imenso Brasil.
Inicia hoje mais uma homenagem a toda forma de riso e lágrima, de dor e encantamento, empolgação e frenesi que a pureza e magia dos encantados purismos poéticos construiu para que o povo de pés descalços e alma de energia cantante, dançante, colocasse bailarina ao sol e a lua pelas tardes e madrugadas das ruas, praças, quilombos, beira de mar, rios, choupanas, palafitas, casebres, morros, chapadões e caatingas.
Depois de hoje, por uma semana será contada nesta cidade menina moça de São João Batista Capital nacional do Folclore senão toda, parte de toda a saga que o povo brasileiro percorreu para se fazer eternamente história contada por tambores, violões, laços de fita, e olhos esperançosos de futuro que brotaram em 1500 e vão brotando e vicejando desde então até os dias de agora.
Foram incorporando gestos, tons, melodias e letras a tudo quanto foi visto e vivido e contado pelos seus antecedentes e passados de geração a geração e sobe carregado pela fé de toda gente ao palco para mostrar e demonstrar que somos mais que um Estado, nação e povo que respira vida e tempo onde não cabem esquecimentos e silêncios sobre o orgulho de ter vivido de forma simples e pura a beleza de tantos dias de outrora.
Será Folclore? Será Ciência? Será arte? Será Cultura?
Ou serão tantas coisas juntas sem explicação científica que as possam decifrar com o conteúdo acadêmico que estas apreciações necessitam?
Ou será apenas e tão somente o espetáculo da vida pedindo passagem para mostrar que vive e sobrevive sem grandes explicações se abastecendo da necessidade do coletivo de dar razão e vazão e alegria ao cotidiano vivenciado em um país com grandes diferenças e desigualdades sociais.
Seja lá o que for, esteja e está, bem mais pobre do que quando idealizada pelo Professor José Santana começará na noite de hoje, mais um arremedo do que foi um dia um dos mais respeitados festivais de folclore do Brasil, resistindo com a garra de um forte aos golpes que lhe foram desferindo tirando parte de sua fundamental beleza, mas mantendo, por mais que não desejem, parte de seu colorido, e o principal, a alma da gente simples que ainda se apresenta no palco.
Mais um folclore se inicia na noite de hoje, e se estenderá por uma semana com danças e cantorias todas as noites, empobrecido diante do que já foi um dia, mais belo como só podem ser as manifestações autênticas, e mesmo as que reproduzem como se autênticas fossem, para alegria de muitos e tristezas de alguns seguidores do Professor José Santana que seguirão na toada dos dias perguntando se diante do que verão esta semana: Será folclore?
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