10 de novembro | 2013

Turvo deve demorar até cinco anos para voltar a normal

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Depois da derrocada e até gran­de mortandade de peixes, a expectativa de pescadores profissionais é que o rio Turvo que passa por Olímpia nas divisas com dois municípios – Guapiaçu e Tabapuã – demore até cinco anos para voltar ao normal. São as marcas do desastre ambiental causado pelo vazamento de açúcar derretido no incêndio de Santa Adélia no dia 25 de outubro que chegaram ao cotidiano dos pescadores da colônia Z-27 “Chico Barcelos”.

Localizada em Icém, a colônia é o reduto onde pescadores sobrevivem da pesca nos rios Turvo e Grande. “Esse rio vai demorar pelo menos uns cinco anos para voltar ao normal”, afirma o vice-presidente da colônia de Icém, Sidinei Maria Pereira Ferreira, sobre as espécies dizimadas.

Segundo o jornal Diário da Região, de São José do Rio Preto, o líder dos pescadores afirma ainda que após passar o período da piracema, o Turvo não será usado pelos pescadores da região. Todos devem migrar para a represa do Rio Grande. “Vamos ter que dividir o pão entre a gente. Não vai ser fácil, vamos ter que fazer uns bicos de pedreiro, por exemplo, pa­ra sobreviver”, afirma o pescador.

Com 30 anos de profissão, o pescador Vanderlei Magno, de 64 anos de idade, diz que essa tragédia é uma das maiores que ele já presenciou e que o pior ainda está por vir. “O melado ainda não parou, ele continua seguindo rio a­ba­ixo. Não sabemos até onde ele vai e quantos peixes ainda vai atingir”, afirma.

A situação atinge até a pira­cema e por muito tempo: “O que sabemos é que com esse problema, nós perdemos dois anos de piracema. Os peixes que nasceram no ano passado, morreram agora com a poluição. E as ovas dos peixes desse ano também foram afetadas”.

O pescador que já pensa em procurar outro meio de vida. Em média, os pescadores afirmam que pescam cerca de 150 quilos de peixes por mês no Turvo, o que garante uma renda média de R$ 1,5 mil. “Agora não vamos ter mais de onde tirar nossa sobrevivência. Eu já estou pensando inclusive de mudar de região. É uma tristeza muito grande ver esses peixes pedindo socorro”, conta E­u­rípedes da Silva, 59 anos, enquanto colabora com os policiais am­bientais na operação de resgate dos peixes que ainda estão vivos.

MESMO COM RECUPERAÇÃO

Isso tudo mesmo com o rio Turvo começando a dar sinais de recuperação, duas semanas após a tragédia que derramou quase 30 mil toneladas de caramelo provenientes do incêndio que destruiu um armazém carregado de açúcar em Santa Adélia.

De acordo com técnicos da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), apenas um trecho de 30 quilômetros encontra-se com nível zero de oxigênio. Antes eram 150 quilômetros, entre os rios São Domingos e Turvo.

“Verificamos que a mancha de caramelo está concentrada no trecho entre Palestina e o distrito de Duplo Céu, antes da cachoeira do Talhadão, lá o nível de oxigênio está zerado. Porém, no trecho de Icém, na BR-153, o rio apresentou 2,8 miligramas de ar por litro de água, o que mostra uma leve recuperação”, explica o químico da Ce­tesb, Paulo José de Figueiredo.

Ao todo foram mais de duas toneladas de peixes mortos e 12 toneladas de peixes salvos. Até na tarde da segunda-feira, dia 4, a operação conjunta para salvar os peixes já havia resgatado aproximadamente 7,5 toneladas de várias espécies, como piaus, mandis, cascudos, curimbatás e até dourados.

Os peixes foram capturados vivos e colocados em tanques de água com oxigênio, para serem transportados por caminhões e soltos em outros trechos do rio, onde havia nível satisfatório de oxigênio.

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