30 de agosto | 2015
Pregos podem matar palmeiras imperiais da praça central
O uso de pregos para segurar materiais de publicidade seja para a divulgação de eventos políticos ou de cunho social, como bailes, por exemplo, pode levar as palmeiras imperiais da Praça da Matriz de São João Batista à morte. A informação é do biólogo Luís Guilherme Rodrigues da Silva (foto), de 22 anos de idade, que, inclusive já foi funcionário da Superintendência de Água, Esgoto e Meio Ambiente – Daemo Ambiental, órgão atualmente responsável pela coordenação e fiscalização desse segmento.
Alguns exemplares já tiveram de ser extirpados em razão de problemas que poderiam leva-los à queda, situação que foi acompanhada por esta Folha. No entanto, a quantidade de pregos fincados ilegal e irresponsavelmente pode causar problema muito sério. “As palmeiras são muito grandes e se pegar alguma bactéria ou alguma coisa mais grave na árvore ela vai cair, não tem o que falar sobre elas”, avisou o biólogo a respeito principalmente da fixação de objetos com pretos. Praticamente em todas existem pregos aparentes.
Mas esse é um problema que tem de ser visto de maneira geral em relação à arborização da cidade, inclusive em relação a outras espécies. “A recomendação é que não usasse (pregos)”, orienta. Os comerciantes que pregam faixas teriam que pedir para que elas fossem colocadas em estruturas metálicas na forma de cavaletes.
“Muita gente acha que as árvores não têm vida e isso pode causar muitos prejuízos para elas. Para ele (comerciante), se ela vai pegar alguma doença, ficar oca e cair, às vezes ele não está nem esperando isso, mas ela pode cair em cima do comércio dele”, explica.
“Como o prego vai machucar a árvore, ela pode correr o risco de pegar alguma bactéria. Ela pode ter uma infestação de cupins, pode ter brocas, pode causar um dano ainda maior”, acrescentou.
É fácil verificar quando uma árvore está doente. “Pode começar a cair folhas, amarelar, aparecer farelos por causa dos cupins”, explica o biólogo. Mesmo havendo possibilidade de tratamento com produtos químicos, nem sempre é possível curar o mal causado por um prego: “se estiver muito contaminada, cheia de cupins não tem como, tem que erradicar mesmo”.
Predomínio da espécie oitis pode deixar a cidade careca
O predomínio da espécie oitis pode levar Olímpia a ser transformada numa cidade careca. Quer dizer, no caso da disseminação de uma doença a erradicação poderá ser obrigatória, o que deixaria a cidade com poucas árvores. O aviso é do biólogo Luís Guilherme Rodrigues da Silva, de 22 anos de idade.
De acordo com ele, a cidade tem predominante a espécie oitis que, deveriam ser plantadas no máximo 15% de uma mesma espécie, em relação ao universo da arborização.
“Porque fala (a literatura) que uma quantidade grande dessa mesma espécie, se der uma doença pode devastar a arborização de uma cidade e isso não é bom. Fora que nós também temos muitas espécies exóticas o que não é o indicado”, diz.
“Não que eu seja contra as espécies exóticas, mas seria bom que nós tivéssemos mais espécies nativas. Só que o problema das espécies nativas é que a maioria não é paisagística. Tem algumas que não tem flores bonitas, mas o correto seria diminuir a quantidade de espécies exóticas e aumentar as nativas”, acrescentou.
No caso da espécie oitis, segundo o biólogo, o correto seria ter uma quantidade bem menor: “quando nós fizemos o levantamento arbóreo ela era aproximadamente 57% do total, quando o correto seria no máximo 15%. Isso só na arborização de ruas, porque quando eu trabalhei na Daemo nós tínhamos feito o levantamento das praças e já tinha atingido o limite indicado dessa espécie”.
Luís Guilherme explica que a preferência da população pela espécie oitis é por causa da copa: “ela proporciona uma sombra muito boa. Então por isso que a população acaba preferindo ela”.
Pior nesse caso é que as pragas já apareceram: “o que eu já pude verificar na cidade elas estão tendo muito cupins e brocas. Isso pode causar um dano sério porque pode ficar oca e chegar a cair, dependendo o nível de infecção dela”.
Segundo ele, além da escolha da espécie é preciso verificar o local onde quer plantar a árvore: “porque às vezes tem uma calçada muito estreita e tem fiação. Então, tem que verificar com o órgão ambiental a espécie mais adequada para aquele local”.
Podas irregulares também podem matar as árvores
De acordo com o biólogo Luís Guilherme Rodrigues da Silva, de 22 anos de idade, a poda irregular também pode levar uma árvore à morte. Ele diz que uma poda drástica como deixar sem copa nenhuma também pode causar uma doença grave na árvore. Outra preocupação dele é que as pessoas usam pregos e ganchos para pendurar o lixo nas árvores.
“Isso não é correto. Além de machucar as árvores podem causar doenças e com lixo que penduram podem favorecer mais ainda e levar árvore à morte”, afirma o biólogo.
Por isso Rodrigues da Silva afirma que sua maior preocupação é com a maneira errada que as pessoas têm a arborização da cidade: “Nós, no Município Verde e Azul, alcançamos um número adequado à porcentagem exigida. Na verdade nós passamos essa porcentagem, mas mesmo assim a população em si não tem um cuidado necessário porque pegam um podador que faz uma poda errada”.
Há maneiras para se fazer uma poda correta: “geralmente você tem que fazer uma poda de limpeza. Uma poda de condução quando é pequena para ela não chegar a um tamanho grande e não ter problema com fiação (de energia elétrica), mas o correto é você não retirar muito da copa. Só podar o necessário”.
E acrescenta: “não existe uma porcentagem da copa que você tem que deixar, mas o correto é você fazer somente uma poda de limpeza. Tirar os galhos desnecessários e os que vão pegar nos fios. Tirar um pouco dentro da copa para entrar luz e para que não seja necessário que a árvore fazer a poda automaticamente, pois quando ela faz essa poda automática, os galhos vão apodrecendo dentro dela porque não tem luz e ela vai eliminando esses galhos”.
O biólogo explica que geralmente essas podas automáticas, ou seja, feitas pela própria árvore são mais comuns no meio do mato: “Mas dentro da cidade, como ela é conduzida, ela não precisa fazer isso. Mas tem que ter cuidado quando vai fazer isso para não causar nenhum dano à árvore porque pode correr o risco de pegar alguma doença e a árvore chegar a cair. Então tem que ter todo o cuidado”.
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