13 de outubro | 2013

Prefeito confirma que os médicos fazem apenas 16 consultas ao dia

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Diferentemente do que afirmava durante a primeira campanha eleitoral e chegou a anunciar no início de seu primeiro mandato, agora o prefeito Eugênio José Zuliani diz que não tem como e nem mesmo poder para controlar os horários dos médicos que atendem pela Secretária Municipal de Saúde. Ao mesmo tempo, confirmou que eles estão realizando apenas 16 consultas por dia, muitas vezes em tempos recordes.

“Nós temos alguns entendimentos de que o médico tem que fazer 16 consultas por dia. Sem dúvida alguma, com os salários que se paga no setor público a gente não consegue médico para trabalhar o dia todo. Então, a gente tem que lutar pra melhorar os salários e o médico ter boas condições de ser funcionário do setor público”, afirmou durante entrevista que concedeu após o final da reunião com os moradores do Jardim Santa Ifigênia na terça-feira, dia 8.

Já nas explanações que fez durante a reunião, o prefeito disse que conhece a situação: “o problema que o Neguinho levantou eu sei e estou careca de saber desde que era vereador, que é o horário dos médicos. Tem médico concursado para quatro horas, tem médico concursado para duas horas. Existe o entendimento que é a jornada ou 16 consultas”.

Aparentando querer aproveitar a situação e levar o problema para a justiça, a respeito do não cumprimento dos horários Zuliani pediu que os moradores fizessem uma denúncia por escrito para que possa apresentar ao Ministério Público para a apuração da situação do comprimento da jornada prevista.

Zuliani informou que foi implantado o sistema de cartão de ponto na Prefeitura de Olímpia, mas a situação não está valendo ainda para os médicos. No entanto, acha que nem sempre marcar o ponto é o caminho certo: “Em 2010 tivemos uma denúncia que os médicos não estavam cumprindo os horários. Demos uma ordem para todos cumprirem, mas 25 pediram demissão no outro dia”.

DIRETORA DE DIVISÃO
A enfermeira Rosa Maria de Carvalho, diretora de Divisão e Serviços de Atenção Básica em Saúde, que estava presente, informou que por causa do salário o último concurso deu deserto. Ela afirma também que prevalece a lei de mercado, ou seja, ganhar mais.

Ainda sobre as 16 consultas por dia, uma das moradoras afirmou que os médicos não atendem mais por causa das atendentes das UBS. Segundo ela, se conversar com eles atendem, mas elas não deixariam haver a comunicação entre pacientes e médicos.

Já o prefeito afirmou que a população tem que aprender a reclamar e apontar os médicos que atendem mal. Em resposta Ismael Barbosa afirmou que o problema não é o atendimento pessoal, que todos eles são educados e tratam bem os pacientes, mas que os moradores reclamam. Ou seja, eles atendem bem, mas clinicam mal. Em razão disso, propõem que as 16 consultas sejam feitas em quatro horas e não no sistema de tarefa, na maior parte em 30 minutos aproximadamente: “acabou pode ir embora”.

Por outro lado, deixou claro que saiu satisfeito da reunião: “Tenho certeza que eles ouviram o lado da Prefeitura. A dificuldade que é administrar o SUS. A dificuldade que é ter 450 funcionários da saúde”.

No entanto, reconhece que, mesmo com cerca de 450 servidores, muitos em cargos de chefia e direção que, embora concursados recebem gratificações de função, inchando a folha de pagamento, há problemas no atual sistema. “A gente não conserta nada do dia para a noite”.

A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) é um exemplo citado pelo próprio prefeito. Por exemplo, há reclamações de que alguém da família não pode entrar junto para a consulta com o médico que, cujo acesso atualmente é proibido, mesmo com o doente não tendo condições de falar.

Inclusive a esse respeito diz que a Saúde gastou e ainda gasta muitos recursos para humanizar o sistema. “Se o doente não pode falar alguém tem que falar por ele. O atendente que não deixou entrar fez um erro gravíssimo”.

O filho do porteiro Jamil, cuja família enfrentou essa dificuldade, participou da reunião e reclamou da situação. Para o prefeito faltou bom senso dos atendentes da UPA.

“Quanto a Silvia eu confio muito nela. É de uma capacidade fora do comum. Eu não posso aceitar nada que venha apenas de um bairro. A Silvia é secretária do município, dos distritos. Se a reivindicação é para trocar uma enfermeira da UBS do Santa Ifigênia seria uma reivindicação extremamente legítima. Agora, não é a voz do município”, defendeu.

 

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