15 de maio | 2011

Para especialista menor pode ter se espelhado em “Washington Peão”

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Para uma especialista em comportamento psicossocial, que pediu para ter o nome preservado, até por causa do convívio com usuários de drogas que atende, a forma como ostentaria os lucros obtidos com o crime e até, segundo se comenta, sobre possíveis atividades, até sociais, o traficante Luis Antônio Pereira, vulgo “Washington Peão”, que comandaria o tráfico de entorpecentes no Jardim Santa Ifigênia, zona norte de Olímpia, pode ter se transformado em um herói para o menor ICSA, de apenas 14 anos de idade, que reside no mesmo bairro.


“Para eles (adolescentes) é aquele que está lá em cima da pirâmide e eles começam a enxergar os traficantes como heróis. Eram meninos pobres e se deram bem, ganharam muito dinheiro e têm poder sobre outras pessoas. Começam a se espelhar e aqueles que são mais inteligentes saem na frente”, avaliou durante entrevista que concedeu na tarde desta sexta-feira, dia 13.


A imagem passada por um traficante, principalmente bem sucedido, juntada à aparência de ser um sujeito bom, ou seja, que pratica o bem, segundo a especialista, embora não considere a única, pode ser a motivação para um adolescente entrar para o crime. Enfim, o menor mantém laços estreitos com o complexo da rede do tráfico de drogas.


“De repente, na visão do adolescente pobre e sem nada, o traficante é aquele que é o grande, que é o grande cara e o menor começa a querer se espelhar. Ganha muito dinheiro, tem armas, vive na malandragem e tem poder de vida e de morte de outras pessoas”, explicou.


No entanto, diz a especialista, que, embora tenha que considerar separadamente, não dá para avaliar o usuário sem enxergar também a presença do traficante de drogas. “Um menino de 14 anos está vindo de uma desestrutura familiar e emocional e começa a traficar”, observou.


Os dois lados estão interligados, seja pela falta de estrutura familiar, seja em relação à questão financeira. Um adolescente, segundo ela, entra para o tráfico para ganhar dinheiro e poder de compra. Mas também entra pelo lado da própria dependência química à qual ficou exposto.


“Tudo isso tem uma explicação social, emocional e, logicamente, esse menino já usou droga ou usa. Não apresentou ainda uma dependência, mas está envolvido por inteiro”, diz.


EPIDEMIA DE DROGAS


Em razão do envolvimento que tem diariamente com usuários, a especialista afirma que Olímpia vive uma verdadeira epidemia de drogas, principalmente de crack, que atinge todos os setores da sociedade e quando um dependente chega a uma situação de não poder mais comprar para sustentar o vicio, entra para o crime.


Os furtos começam a ser praticados contra a própria família, em casa. “Quando ele já se desfez de tudo que tinha em casa, começa a entrar para o tráfico. Temos muitos jovens fazendo pequenos tráficos. Na verdade, transformam-se nos chamados aviõezinhos para poderem sustentar o vício”, demonstra.


Ela conta que a situação na cidade é muito mais preocupante do que possa parecer. “Têm crianças de apenas oito anos de idade usando drogas. Menino que começa a usar com essa idade, quando chega aos 14 já está velho no negócio e já conhece tudo. Já está traficando”, reforçou.

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