02 de fevereiro | 2014

Moradores do bairro Campo Alegre chegam a andar 8 quilômetros a mais por falta de ponte

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O caso da ponte sobre o cór­rego das Canoas, em uma estrada vi­ci­nal variante da municipal que liga com o bairro rural Três Barras, na divisa com o município de Bar­re­tos, ganhou repercussão regional.

Por causa da ausência da mesma há moradores do bairro rural Cam­po Alegre, na região leste do município de Olímpia, que chegaram a andar até oito quilômetros a mais todos os dias para cumprir os compromissos que têm.

A situação de abandono foi mostrada em matéria exibida na terça-feira, dia 28, no programa SBT Interior, apresentado por Leandro Woideman. A reportagem assinada pelo repórter Oteniel Ressude, tem imagens do cinegra­fista Silvio Henrique.

No local restou apenas um vão de 15 metros de comprimento que seria aproximadamente a extensão da ponte e um buraco de 4 metros de profundidade.

Os moradores do lado de uma das margens do córrego têm dificuldades para chegar a Olímpia. Para tanto, eles têm de passar por dentro de propriedades particulares para poderem trabalhar.

“Eu tenho uma propriedade do lado de cá. Eu fazia (caminho) com cerca de dois quilômetros e es­tava dentro da propriedade. Agora, para vir até ela tenho que dar uma volta de uns oito quilômetros”, relata o agricultor Adil­son Faioto.

O aumento da distância a ser percorrida também é reclamada pelo também agricultor Antônio Soares: “eu andava uns 500 me­tros ou um pouco mais para vir trabalhar. Agora, tenho que andar uns quatro quilômetros”.

O pior é que outras duas pontes estão com problemas e correndo risco de desmoronar. O problema dificulta até a quem quer participar das missas celebradas na capela do bairro.

ALUNOS ESQUENTAM CABEÇA

Outra situação reclamada é o tempo que as crianças que frequentam escolas da rede pública necessitam enfrentar para estudar. Isso porque as viagens ficam mais longas. Ao mesmo tempo, são o­bri­gados a enfrentar o forte calor dentro das peruas que fazem o transporte.

De acordo com a dona de ca­sa Cláudia Vilela “eles passam mais cedo nas casas dos alunos que tem de levantar mais cedo para chegarem à escola no horário correto. Mas chegam de volta mais tarde em função do caminho também. Com esse sol escal­dante as crianças (ficam ma­is tempo) dentro de uma perua”.

Mas além da ponte há também a falta de melhorias na própria estrada que está há mu­ito tempo sem receber cuidados. “Sempre foi assim. Sempre foi terrível e nos últimos anos passando pouco a máquina”, se que­ixa Adilson Faioto.

Toda essa situação deixa os mo­radores sem opção de movimentação: “Você não sabe por on­de vai sair. A gente sai mais pelo meio dos canaviais porque na estrada não consegue andar”, afirma Cláudia Vilela.

OUTRO LADO

De acordo com o que foi divulgado pela emissora, a Prefeitura Municipal de Olímpia informou que a Secretaria Municipal de Obras e Serviços já contratou uma empresa para fazer a nova ponte.

No entanto, também segundo o que foi divulgado, está somente aguardando os trâmites legais – provavelmente um processo licita­tório – para o início das o­bras.
 

MORADOR DIZ QUE HÁ VÁRIOS ANOS
A PONTE APRESENTAVA PROBLEMAS

Um morador do bairro rural Campo Alegre, localizado na região leste do município de Olímpia, relatou para esta Folha, que há vários anos a ponte sobre o córrego das Canoas já apresentava problemas estruturais. Ela desapareceu há aproximadamente dois meses por causa de uma forte chuva.

“Há muitos anos venho falando que a ponte precisava de uma reforma e ninguém deu bola. Esperou acontecer (a queda)”, conta o agricultor Wilson Marreto, que reside no Sítio São Luiz, bem próximo do local onde a ponte estava.

De acordo com ele, os avisos já eram feitos desde a administração do ex-prefeito Luiz Fernando Carneiro, mas os pedidos não foram atendidos nem mesmo pelo atual prefeito, Eugênio José Zuliani, que acabou sendo reeleito na eleição de 2012.

O aterro é muito alto e no local passam caminhões com cargas de cana-de-açúcar bastante pesados. “Foi abalando tudo. Aí veio a enchente junto com palha de cana, fez pressão e foi tudo por água abaixo”, afirmou.

A ponte fica numa das variantes da estrada municipal que liga Olímpia ao bairro rural Três Barras, na divisa com o município de Barretos, uma vicinal que, segundo Marreto, há anos não recebe cuidados da Prefeitura Municipal.

Agora, com a queda da ponte, a única coisa que a Prefeitura fez foi colocar uma placa amarela avisando que o trecho está interditado por conta da queda da ponte.

Principalmente para os moradores de um dos lados do rio fica praticamente impossível seguir para Olímpia utilizando a Rodovia Assis Chateaubriand, SP-425. Mas a falta da ponte dificulta também para quem quer chegar até a Rodovia Armando de Salles Oliveira, SP-322.

De acordo com Wilson Mar­reto, quando houve a queda da ponte foi entregue um requerimento no pátio de serviços da Prefeitura comunicando o fato. “Agora, há poucos dias conversando com o pessoal da Prefeitura, os caras falaram que não sabiam de nada”.

O córrego das Canoas passa nos fundos da casa dele. A ponte caiu há mais de dois meses e até agora não foi arrumada. “Eu chego à conclusão que dá a impressão que a gente não é cidadão olimpiense”, reclama.

 

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