16 de setembro | 2012

Mesmo sem braços morador de Cajobi concretiza sonhos e ideais

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O estudante universitário Thiago Vessi, de 19 anos de idade, nasceu sem os braços, mas mesmo assim não deixou a deficiência física ser empecilho para viver intensamente. Demonstrando a perseverança que muitas vezes falta a pessoas consideradas normais, ele concretiza sonhos e ideais.

Mesmo residindo com a família em Cajobi, atualmente ele cursa o segundo ano de jornalismo na Unilago, em São José do Rio Preto. Por isso, ele viaja aproximadamente três horas de ônibus todos os dias, em busca de um de seus ideais: ser um jornalista esportivo.

Thiago Vessi, que contou sua história nesta semana ao jornal Diário da Região, de Rio Preto, usa o pé direito e sem dificuldade escreve palavras com caligrafia incorrigível. Além disso, utiliza todas as funções do computador e joga videogame.

Segundo o jornal, Thiaguinho, como é chamado pelos amigos, realiza tudo que a vontade exige. E luta, de igual por igual, por sonhos e ideais.

Para concretizar as realizações, conta com ajuda de uma fiel escudeira. Sua mãe Lucilene Lopes, de 38 anos, deixou de lado o descanso noturno para acompanhar o filho à faculdade. Até arrumou emprego na cantina da instituição para ocupar o tempo livre enquanto ocorrem as aulas. "Vale a pena. Faço tudo para estar perto", conta a mãe, que tatuou o nome do filho no braço esquerdo.

PALMEIRENSE FANÁTICO

O curso de jornalismo tem por objetivo, além de trabalhar como comentarista esportivo, ficar perto da grande paixão, o futebol. É torcedor fanático do Palmeiras, integra a torcida Mancha Verde e é frequentador dos estádios de futebol. Mas Thiago tem outras habilidades. Nas horas vagas canta pagode. Não raro, é convidado a oferecer palhinha em shows pela região. Está arregimentando companheiros para formar um grupo musical. Bom de papo, ele está sempre rodeado por amigos e se destaca com o público feminino, entrega a mãe. Usa brincos, põe corrente no pescoço e não abandona o boné.

Importante é que ele não se vê como deficiente. O ‘problema’, faz questão de frisar, é considerado apenas pelos outros. Até por esse motivo, não gosta de demonstrar o talento que desenvolveu com os pés. "Jamais vou usar a deficiência para conquistar alguma coisa. Sempre tento dar o melhor em tudo. Levo uma vida normal. Para mim, não tem tempo ruim. É só alegria", destaca.

Na infância, Thiago começou a usar os pés para rabiscar as primeiras letras. Foi natural. Ao testemunhar o fato, Lucilene teve a ideia de contratar um marceneiro para criar uma carteira. No móvel, é possível posicionar caderno ou computador na altura dos pés. Até hoje o equipamento é usado.
Com discrição, a mãe faz questão de cochichar para a reportagem que o filho é vaidoso. Nem precisava contar. O próprio estudante reconhece que não abre mão de se cuidar. "Tem que estar sempre apresentável." Duas vezes por semana, vai a um barbeiro fazer barba e cabelo.

Sempre que tem tempo disponível, lê tudo sobre o Palmeiras. Já foi até a Capital assistir a partidas do time. Inclusive, conheceu o ex-goleiro Marcos, o jogador Marcos Assunção e o técnico Felipão. O estudante é tão fã do Marcos que fez tatuagem na perna com o ídolo e a reprodução de seu autógrafo. No momento, só pensa em jornalismo, música e futebol. "Quem tem problema, não pode desistir das coisas que gosta. Todo mundo é capaz. A receita é levar a vida numa boa".

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