13 de julho | 2017

Médico acredita que Laércio Peão tem 50% de chances de sobreviver

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O médico cirurgião Nilton Roberto Martines declarou na manhã da quarta-feira, 12, que está otimista com o estado de saúde do funcionário do empresário Euripedes Augusto Mello, 58, o Euripinho, que reagiu à bala à presença de “cobradores” de uma dívida de R$ 300 mil, na manhã do dia anterior, provocando um tiroteio que parou e chocou a cidade, Laércio Marques, vulgo Laércio Peão, que passou por várias cirurgias e continua internado na UTI – Unidade de Terapia Intensiva, da Santa Casa local.

Martines explicou que no dia dos fatos, pelo estrago das balas, principalmente a que atingiu a região da barriga de Laércio e fez um caminho de destruição dentro do paciente, acreditava que ele teria apenas 10% de chances de sobreviver. Mas que após as cirurgias que foram realizadas na Santa Casa local por uma equipe de vários médicos e pela resposta até o dia posterior, acreditava que esta perspectiva teria aumentado para 50%.

Laércio recebeu um tiro no abdômen e outro no rosto próximo do maxilar e teve vários rompimentos internos.

O médico salientou que estas perspectivas são baseadas na experiência e não são exatas, pois existem uma série de circunstâncias e detalhes na recuperação que podem agir ao contrário, como infecções, por exemplo.

Dentro deste conceito e com base nas informações que teve sobre o ex-soldado PM Leandro Ribas da Silva, 40 anos, de Rio Preto, que levou um tiro na nuca possivelmente de um revólver calibre 38 do funcionário de Euripinho, Paulo Roberto Vieira, 38 anos, passou por neurocirurgia em Barretos, as chances de sobreviver são inferiores a 50%.

No entanto, diferentemente de Laércio, que embora tenha levado dois tiros, Ribas, se sobreviver, poderá ficar com sequelas, pois a bala atingiu uma parte importante do cérebro.

De acordo com Nilton Martines, o caso que foi encaminhado para Barretos foi o mais difícil: “um ferimento cerebral e a notícia que a gente tem é que a bala transfixou o cérebro e eles encontraram os estilhaços, o que chama rastilhos no cérebro, e foi feito uma neurocirurgia”.

No entanto, explica que “quando me ligaram falando que tinham um paciente atirado eu mandei imediatamente transferir pra cá e por sorte eu montei toda a equipe antes, porque tiro de revólver penetrou e ai tem que operar. Você não tem que fazer mais nada”,

O paciente, no caso o Laércio, chegou com um ferimento na região tórax abdominal a direita, sangrando muito e tinha um ferimento na face também. “Iniciei imediatamente a cirurgia e houve duas costelas quebradas, estraçalhou o fígado. Foi um projétil de alta potência. Para fazer o estrago que fez é uma arma bem potente”.

“A minha finalidade era coibir a hemorragia, porque é isso que mata e nisso percebi que tinha um sangramento intenso na boca. Chamei o meu filho Fábio, estava na cirurgia do abdome com o médico Henrique Louzada e o acadêmico Guto Ceron que faz estágio aqui com a gente. Vimos que tinha fraturas na mandíbula e no maxilar e a bala tinha atravessado na garganta e seccionado a língua. Por sorte o médico Matheus, que é otorrino, estava atendendo aqui e acionamos ele imediatamente. Ele e o Fábio começaram  a realizar a cirurgia da parte oral do paciente. Enquanto o Matheus terminava o Fábio fez um acesso central, uma veia profunda para que a gente pudesse estabilizá-lo e manter a pressão do paciente. Terminamos a cirurgia, drenamos o tórax e fizemos uma radiografia de controle, porque naquele momento era importante parar o sangramento, corrigir as lesões para depois procurar a bala. Fizemos um raio x e não encontramos o projetil, nem na parte da face do pescoço e nem no tórax. O paciente está com respirador, droga vaseltil para estabilizar”.
Também segundo Martines, o paciente estava com dois orifícios, um na face e outro no tórax. Por outro lado, estava estável, mas muito grave e teve que fazer transfusão de três bolsas de sangue.

Mas não está descartado algum tipo de sequela porque ainda não avaliou com mais cuidado as fraturas de mandíbula e do maxilar. “Fica por último porque não trás risco de vida, mas dependendo do tipo de fratura talvez tenha que passar por uma nova cirurgia maxilo-facial, mas sobre isso eu ainda não posso dizer nada”.

Entretanto, o médico afirma que não dá para afirmar que os tiros foram disparados com a mesma arma. “Essa afirmação somente com a perícia policial”.

Mas a questão da violência o preocupa; “Avalio que o mundo está perdendo seus valores, o Brasil principalmente, porque a vida hoje não vale mais nada. Um indivíduo vai tomar um lanche leva uma facada no peito. O outro por droga, 60, 100 reais, mata, atira. A nossa cidade não merece isso de jeito nenhum. A cada dia estamos encontrando isto dai. Droga, violência, violência contra a mulher, é briga, alcoolismo, mas acho que o mundo está perdendo os seus valores, na família, as dificuldades financeiras também acabam levando a estes tipos de problemas. Então eu só tenho a lamentar, porque Olímpia não merece este tipo de atitude”.

Para ele, o que falta é educação, distribuição de renda, que são coisas que não acontecem no pais. “Com a grande parte da população pobre existe o que a gente chama de desestabilização social e quando o indivíduo tem estudos, é preparado, ele vota certo, sabe em quem votar, porque desde cedo ele aprende valores morais, religiosos, e a educação piora a cada dia. Eu só queria dizer, Bendita Santa casa, que mesmo com todos os problemas ainda pode salvar vidas”.

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