18 de outubro | 2015
História da “prisão” do galo volta à tona em artigo publicado pelo Diário
A história da “prisão”, na verdade apreensão de um galo que foi determinada pelo Ministério Público de Olímpia em 1987, voltou à tona após a publicação de um artigo do jornalista Mário Soler, pelo jornal Diário da Região, de São José do Rio Preto, quando o autor traça um paralelo entre uma situação que afirma ter vivido envolvendo um sábiá com o fato, verdadeiro, da “prisão” do galo.
A publicação está na página 2B, Caderno Cidades, da edição do sábado, dia 10 de outubro de 2015, com o título Painel de Ideias. No texto ele conta que dormiu uma noite no bairro Pinheiros, em São Paulo. No quarto, segundo ele, bem em frente a uma praça bem arborizada, com cheiro de mato, ele foi acordado pelo cantar de um sabiá laranjeira.
“Acordei às três e meia da madrugada com o canto de um sabiá laranjeira, esse madrugador da primavera. Pelo estilo, força e persistência, não tenho dúvida, o passarinho mandava um recado de amor pra sabiá dos seus sonhos”, escreveu.
Depois ele cita que ficou célebre em Olímpia, em 1987, a história de um galo acusado de incomodar a vizinha com seu canto. O bicho era um potente despertador fora de hora e pertencia ao encanador Antônio Messias Lopes.
Essa notícia foi publicada por esta Folha em sua edição do dia 29 de maio de 1987. O texto da chamada começa afirmando que a notícia, quando é pitoresca, ganha asas e ultrapassou fronteiras.
CANTOR NOTURNO
Foi o que ocorreu em relação a um “galo” inveterado cantor noturno, que foi levado até a Delegacia de Polícia, a pedido da Promotoria Pública local, porque estava perturbando a tranquilidade de terceiros.
No dia seguinte àquele em que a reportagem da Rádio Difusora divulgou o fato, a matéria chegava ao conhecimento da equipe da TV Globo de Ribeirão Preto e da sucursal do jornal “O Estado de São Paulo”.
A equipe da TV Globo deslocou-se para Olímpia onde filmou o galo, entrevistou as pessoas envolvidas e colheu as informações do promotor público e do delegado de polícia. Já o jornal publicou uma nota ilustrada com uma charge onde aparece o galo no xadrez e uma velhinha atormentada.
A partir dessas duas fontes, a notícia, pelo seu lado pitoresco, ganhou espaço em outras emissoras de rádio e de tv e em outros jornais de todo o país. O galo incompreendido tornou-se figura nacional, sendo batizado de “Nelson Gonçalves” pela reportagem da Globo.
FATO HISTÓRICO
Na realidade, tudo ocorreu devido a irritação de uma viúva, Rosa Morelli, de 74 anos de idade, que residia no Jardim São Francisco, na zona norte da cidade, com o galo de um seu vizinho, que se punha a cantar a partir das três horas da madrugada, de forma estridente e bastante sonora, o que incomodava o seu sono e o seu repouso.
Rosa Morelli fez várias reclamações contra o galo, primeiro para o seu vizinho, depois para a polícia e finalmente para o promotor público, Cláudio Santos de Moraes, que solicitou à delegacia que promovesse a “apreensão” da ave, até uma solução final para o caso.
A “apreensão” do galo foi realizada com algum aparato, registrando-se até mesmo um boletim de ocorrência, o que fez correr, entre os moradores do bairro a notícia que a polícia tinha ido “prender” o galo.
O problema, no entanto, foi devidamente contornado, uma vez que o galo cantor, que, era branco e cego de um olho, foi removido para uma chácara mais afastada da cidade, onde poderia desenvolver, sem maiores tumultos, o seu canto boêmio. Em consequência, o caso foi arquivado na delegacia de polícia. Mas as informações disponíveis à época não esclareciam se chegou a tomar as impressões digitais do indigitado galo.
Ao final da confusão, o galo Nelson Gonçalves, que foi acusado de “perturbação do sossego público”, foi levado para a residência de um irmão do proprietário, de nome João Rosa, no Jardim São José, na zona sul da cidade.
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