23 de agosto | 2015

Fazendeiro olimpiense envolvido com seita foi preso pela PF na segunda-feira

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O fazendeiro olimpiense Jo­sé Donizette Buzatto (foto acima), conhecido por Dedé Buzatto, cuja família tinha propriedade rural na região do distrito de Ribeiro dos Santos, na região norte do município de Olímpia, que tem envolvimento com a seita religiosa Jesus, a Verdade que Marca, foi preso temporariamente pela Polícia Federal de Varginha, Estado de Minas Gerais, na segunda-feira, dia 17.

Uma das acusações é que Dedé Buzatto, junto com a cúpula da seita religiosa, manteriam centenas de fiéis trabalhando em situação análoga à escravidão. Essas pessoas são inclusive proibidas de verem televisão e, até, que os casados durmam com a própria esposa. A determinação é que o sexo somente pode ser praticado com finalidade única da procriação. Consta que ele alugava sua fazenda ao grupo e prestava serviços agrícolas.

Também segundo o jornal O Tempo, de Belo Horizonte, além de Dedé Buzat­to, também foi preso o pastor Cícero Vicente Araújo (foto abaixo) que é o líder espiritual da associação. Consta que ele tem domicílio eleitoral em São Vicente de Minas, mas não fica na cidade. É o primeiro na hierarquia do grupo. Outro levado pela PF foi Miguel Donizete Gonçalves, primo de Dedé Buzat­to, também um dos líderes da comunidade de São Vicente de Minas. Ele foi reeleito vereador na última eleição e é dono da rádio Rede FM, com sede em Minduri. Pagou R$ 40 mil por 50% da emissora.

Outro que foi preso é Peterson Andrade, que é outro líder da seita e verea­dor em Minduri.

Mar­celo Dias que também é membro da liderança da comunidade e mora em São Vicente de Minas, foi preso em São Paulo. Alberto, que também é membro da seita e trabalha em Pouso Alegre.

De acordo com a informação divulgada na noite do dia 17, segunda-feira, pelo Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão, a PF está recolhendo provas contra a seita acusada de escravizar fiéis, que já teria convencido cerca de 6 mil pessoas a entregar todos os bens e a viver em comunidades religiosas sob a promessa de dividirem os lucros.

No momento em que chegava à sede da PF, em Varginha, o pastor Cícero Vi­cente de Araújo declarou à reportagem da TV Globo que “faz 17 anos que espera a oportunidade de falar”. No entanto, ao ser questionado sobre o que falaria ele respondeu: “Para a imprensa só depois”.

PODER DE ABDUÇÃO

A Polícia Federal acredita que a seita “Jesus, a Verdade que Marca” já teria convencido cerca de seis mil pessoas a entregar todos os bens e a viver em comunidades religiosas sob a promessa de dividirem os lucros. Só que isso não acontece.

“São deslocadas para fazendas, onde trabalham em regime de escravidão, não recebem remuneração al­guma, têm a sua liberdade de locomoção cerceada”, diz o delegado da Polícia Federal João Carlos Girotto.

Nas fazendas, eles plantam café, laranjas e criam gado, como em uma em Mindurí, no sul de Minas Ge­rais. Um homem, que se apresentou como integrante da sociedade negou a existência de trabalho escravo.

“Aquilo que é necessário, aquilo que a gente precisa, nós temos de tudo. Aqui não tem serviço escravo”, afirma o homem.

De acordo com a Polícia Federal, o patrimônio conseguido pela quadrilha com doações dos fiéis e com o trabalho nas fazendas pode passar de R$ 100 milhões.

A seita também controla empresas, como postos de combustíveis e restaurantes, mantidas em nome de laranjas. “São pessoas que estão constando como laranjas de empreendimentos num complexo sistema de lavagem de dinheiro”, diz o delegado da Polícia Federal Thiago Severo de Rezende.

A Polícia Federal ouviu 47 pessoas em Minas, São Paulo e Bahia, e apreendeu carros de luxo, documentos e computadores. Os investigadores também pediram o bloqueio de contas bancárias e imóveis dos envolvidos.

“Há uma discrepância absoluta. Os fiéis em fazendas, com situações precárias, e os líderes do grupo religioso ostentando riqueza e adquirindo bens de considerável valor”, afirma João Carlos Girotto.

Segundo a emissora de televisão, o Jornal Nacional tentou entrar em contato com representantes da seita, em São Paulo, onde existe um templo, mas não encontrou ninguém.

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Comentários

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Todos os Comentários (2)
Fleyssa Mendes há 10 mêses atrás
Vcs publicaram a matéria com as acusações, agora por gentileza ou idoneidade publiquem a sentença unânime que saiu de que são todos inocentes. Porque a sentença saiu. Publiquem que na serena não foi achado ninguém em situação de trabalho análogo a escravo, que o pastor não tem nada no nome dele.
Maria Rufino do Nascimento há 1 ano atrás
Nao existe seita nenhuma. Ja fui membro da igreja "Jesus a verdade que marca". Sao verdadeiros fiéis a palavra de Deus. Unidos no amor.
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