02 de fevereiro | 2020

Ex-superintendente diz que problema do tratamento não dá pra resolver este ano

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SEM ENTENDER O QUE SE FEZ!       Extrapola a capacidade e o esgoto vai para o rio sem tratamento.

Situação já era prevista e tinha até projeto para a construção de outra estação pela iniciativa privada.

O ex-superintendente do Daemo, Otavio La­ma­na Sarti, declarou esta semana, em entrevista veiculada na segunda-feira, 27, no programa Cidade em Destaque, que é transmitido pela Rádio Cidade, pelo “Facebook” e pelo “Yo­utube”, que o atual prefeito não conseguirá resolver o problema surgido na nova ETE – Estação de Tratamento de Esgoto, que foi inaugurada em a­gosto do ano passado e a­nunciada com toda a pom­pa como a solução para o problema local e a­té hoje não consegue tratar o e­fluentes produzidos pela cidade.

Segundo Lamana, o pre­feito confirmou a um site da cidade que está tendo dificuldades para fazer a E­TE funcionar em razão do problema apontado por La­mana em outra entrevista na rádio Cidade recentemente, e que pretende recompor as bactérias que destroem os dejetos, trazendo o lodo (micro-organismos) de fora da cidade.

Sobre os motivos de não ter dado certo, Otávio explica que é preciso retroceder um pouco no tempo. Lá no governo passado, no governo do Geni­nho, ele conseguiu tirar a lagoa de oxidação que ia ser feita ao lado do Ther­mas e conseguiu uma verba do governo estadual que chamava programa Água Limpa, Município Verde. Então, foi feito esse projeto de uma daquelas novas Estações de Tratamento, lá do outro lado da rodovia e ele é composto de três fases, para tratar 60 mil habitantes cada u­ma; o que foi concluído a­gora foi a primeira fase. Quando você vê o croquis do projeto, percebe que tem espaço para se fazer mais duas igual a que está pronta lá hoje, o que dobraria a capacidade dela de tratamento que é de 60 mil habitantes”.

EXTRAPOLA A CAPACIDADE E O ESGOTO VAI PARA O RIO SEM TRATAMENTO.

E continuou: “Se nós considerarmos que a estação Córrego dos Pretos, que cuida lá da parte oeste da cidade, que ali deve ter uns 15 mil habitantes, sobrariam os rejeitos de 40 mil habitantes que iriam tratar na nova ETE, mas aí você tem a população de turistas. Então, quando você passa dos 20 mil turistas somando com os 40 mil habitantes, já tem mais de 60 mil e aí ela passa a ficar ineficiente”. 

Otavio complementa: “Você precisa de um tempo para os microrganismos digerir essa parte orgânica nociva do esgoto. Isso foi feito um cálculo, que se você gerando um efluente de esgoto de 60 mil  habitantes, ele vai demorar certo tempo para passar lá por dentro para ir para Cachoeirinha. Esse tempo que leva para as bactérias agirem e tornarem a água não poluente, mas não potável”.

Ele conta ainda que o que acontece quando se a­umenta esse volume e que a vazão tem que aumentar também porque senão transborda e aí você está levando para o rio uma água que não deu tempo de ser tratada junto com os próprios microrganismos.

IMPOSSÍVEL RESOLVER NO CURTO PRAZO

O ex-superintendente entende que, em razão disso, é praticamente impossível resolver o problema ainda este ano, pois teria que se construir outra lagoa.

“Nós já sabíamos disso lá em 2017, por isso que o prefeito, na época, determinou que a gente fizesse uma negociação com os investidores que fizeram os loteamentos, como o Botânico, o Donnabella, o Amélia Dionísio e o Colo­rado para bancarem a cons­trução de uma outra estação igual a do Córrego dos Pretos; uma compacta, de plástico, custeada por eles lá dentro do parque do Água Limpa. Ela ficaria pronta em 12 meses e esse projeto foi aprovado pela Cetesb”, explicou.

E continuou: “A gente já estava em tratamento com o Thermas e já íamos iniciar as conversas com os resorts, quando eu saí, para que eles também aumentassem a capacidade desta estação, porque ela é modular, você compra os módulos para tratar 8 mil habitantes e o legal dela é que você pode ir crescendo aos poucos. Isso não era com recurso do município, era com recurso particular”. 

SITUAÇÃO JÁ ERA PREVISTA E TINHA ATÉ PROJETO PARA A CONSTRUÇÃO DE OUTRA ESTAÇÃO PELA INICIATIVA PRIVADA

E complementou: “Quando o Geninho fez a primeira licitação, se eu não me engano, Olímpia tinha 48 mil habitantes. Se você não tivesse a explosão do turismo, se você fosse ter o crescimento demográfico normal da cidade, aquilo ali iria durar 20 anos. Hoje, a solução que tem, eu acredito que o prefeito vá fazer isso, ele vai retomar isso. Não vejo outra saída a não ser es­sa, porque para construir uma outra ETE nos moldes co­mo essa daí, você vai demorar muito mais tempo. Demora e você não sabe se o governo do Estado es­tá disposto a trazer esse in­vestimento no momento”. 

Ele concluiu dizendo: “Eu não entendi porquê não levou adiante este projeto. Não era recurso do município. Não ia sair dinheiro nem do Daemo, nem da Prefeitura para fazer isso.”

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