12 de janeiro | 2014

Ex-diretor da Siemens afirmou na PF que tratou propinas com Garcia e José Anibal

Compartilhe:

A principal testemunha das investigações sobre o cartel dos trens disse à Polícia Federal (PF) que tratou pessoalmente de propina com o atual secretário de Desenvolvimento Econômico do governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), Rodrigo Garcia (DEM), que consta ser amigo e até líder político do prefeito Eugênio José Zuliani e, também segundo se comenta nos meios políticos o mentor intelectual de sua administração, e ainda com um interlocutor do secretário de Energia, José Aníbal (PSDB).

A informação foi confirmada na internet no início da noite desta sexta-feira, dia 10, no site da Folha de São Paulo na internet.

As afirmações constam de um depoimento prestado pelo ex-diretor da multinacional alemã Siemens Everton Rheinheimer em novembro de 2013. Ele assinou um acordo de delação premiada e colabora com as investigações sobre formação de cartel e suspeitas de pagamento de suborno a políticos do PSDB e funcionários do Metrô e da CPTM, que ficou conhecido nos meios políticos por cartel dos trens na capital paulista.

No entanto, o teor completo de suas declarações é mantido em sigilo pelas autoridades, mas parte do depoimento foi transcrita na decisão da Justiça Federal que encaminhou o caso para o Supremo Tribunal Federal (STF), ainda em dezembro de 2013.

Segundo a informação publicada, Garcia, Aníbal e outros políticos mencionados por Rheinheimer são deputados federais licenciados e, por isso, só podem ser investigados com autorização do Supremo Tribunal Federal.

LIGAÇÃO DIRETA E PERIGOSA
O ex-executivo da Siemens afirmou à polícia que Garcia era um “ponto de contato” político para as empresas do cartel e que conversou “algumas vezes” com ele sobre o pagamento de “comissões”.
Ele disse que recebeu indicação para negociar também com José Aníbal. Rheinheimer declarou que “nunca” foi recebido pessoalmente por Aníbal, mas tratava com uma pessoa que o “assessorava informalmente em relação ao pagamento de propinas”.

O ex-executivo da Siemens afirmou à polícia que Garcia era um “ponto de contato” político para as empresas do cartel e que conversou “algumas vezes” com ele sobre o pagamento de “comissões”.
À PF, o delator disse que tratou de propina com Garcia na época em que ele presidia a Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa, quando ainda era deputado estadual. Posteriormente, enquanto Garcia esteve na presidência da Assembleia, entre 2005 e 2007, seu contato teria passado a ser Aníbal.O ex-executivo da Siemens afirmou à polícia que Garcia era um “ponto de contato” político para as empresas do cartel e que conversou “algumas vezes” com ele sobre o pagamento de “comissões”.

Segundo Rheinheimer, um dirigente da CPTM lhe disse que o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS), o deputado estadual Campos Machado (PTB) e o atual secretário da Casa Civil de Alckmin, Edson Aparecido (PSDB), também receberam propina.

No texto da decisão em que determinou o envio dos autos para o STF, o juiz federal Marcelo Costenaro Cavali afirma que, na sua opinião, “os elementos obtidos pela autoridade policial até o momento são fragilíssimos em relação às autoridades” apontadas por Rheinheimer.

Ele ressalva, no entanto, que cabe ao Supremo analisar e autorizar qualquer medida no inquérito que diga respeito a políticos detentores de mandato e que por isso decidiu enviar os autos.
A medida, na prática, evita o risco de que, no futuro, provas contra autoridades sejam anuladas pelo fato de terem sido obtidas sem a supervisão do Supremo.

OUTROS LADOS
Por outro lado, Geraldo Alckmin afirmou ao Diário da Região, de São José do Rio Preto, quando esteve na cidade na quinta-feira, dia 9, que vai manter os secretários supostamente envolvidos no cartel dos trens na capital.
Alckmin se limitou a dizer que defende a investigação e que, provada culpa de secretários, eles serão punidos. “Nós defendemos investigação. Vale para tudo mundo a investigação. O governo é o maior interessado e quer que se esclareça. Se tiver alguém ligado ao governo será responsabilizado”, disse durante entrega de 101 casas no distrito de Talhado, em Rio Preto.
Edson Aparecido (Casa Civil) e José Aníbal (Energia) também aparecem entre os suspeitos de envolvimento no suposto esquema. Eles, que disputarão as eleições de outubro, deixarão o governo estadual em meados de março. No entanto, não se manifestaram ao jornal.

Já o secretário Rodrigo Garcia afirmou que as acusações de Rheinheimer não merecem crédito. “O envolvimento de meu nome nessa investigação é politiqueiro, oportunista e não merece crédito”, disse.
Rodrigo Garcia afirmou ainda que a denúncia foi traduzida de forma incorreta e que houve participação de petistas para elaborar as denúncias, que são falsas, segundo ele.
“Tradução adulterada de uma denúncia anônima, anexada a um relatório apócrifo, que passeou por corredores petistas ao longo de muitos anos, até chegar ao Ministério da Justiça e à Polícia Federal”, afirmou.
Garcia ainda disse que “uma delação premiada que, estranhamente, só apareceu depois de a tradução ter sido desmascarada e que repete parte de suas bobagens. São documentos sem um pingo de credibilidade, nem prova alguma”.

Compartilhe:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do iFolha; a responsabilidade é do autor da mensagem.

Você deve se logar no site para enviar um comentário. Clique aqui e faça o login!

Ainda não tem nenhum comentário para esse post. Seja o primeiro a comentar!

Mais lidas