Segundo algumas testemunhas, já ouvidas no inquérito policial que apura as circunstâncias em que ocorreu o duplo homicídio ocorrido às 17 horas de terça-feira, 25, na cidade de Altair, apontam para a confirmação de que tenha sido mais um crime passional.

Segundo já foi apurado, o comerciante Milton Antônio da Silva teria falado com sua ex-companheira, Elaine Cristina Lima, 36 anos, momentos antes dos fatos, por celular, quando teriam tido uma discussão sobre a pensão alimentícia dos filhos, já que Elaine estaria de mudança para cidade de Icém, onde reside o seu atual namorado e primo em primeiro grau Sandro Aparecido Pereira Sain, 25 anos.

O acusado, que tem 49 anos e é morador na rua 3, n.º 341, em Altair, onde possui um restaurante e um Hotel, tem três filhas com Elaine e duas teriam presenciado os tiros e a morte da própria mãe e do namorado dela que também era seu primo em primeiro grau.

De acordo com a polícia civil, por volta das 17 horas, após o contato telefônico, Milton teria ido até a loja da ex-companheira para continuar a conversa iniciada pelo telefone, mas antes de chegar, teria visto o atual namorado de Elaine, Sandro, entrando na loja.

Então, teria voltado até sua residência, que ficaria a 30 metros da loja da ex-companheira, pego a pistola 380 e voltado ao local realizando os disparos.

Segundo o soldado PM Andrei de Freitas, algumas testemunhas disseram que ele chegou à loja bastante exaltado, falando que não era para ninguém mexer com ele e logo após teria disparado os oito tiros.

O corpo de Elaine apresentava seis perfurações de bala e o do seu namorado possuía marcas de dois tiros, todos disparados por uma pistola 380.

Após o crime o comerciante fugiu em um Volkswagen Logus preto, com a atual companheira Monalisa Oliveira e acabou sendo preso em São José do Rio Preto.

O escrivão Diogo, da delegacia de Polícia de Guaraci, que também responde pela delegacia de Altair, junto com a delegada Débora Cristina Abdala Nóbrega contou que na terça-feira, por volta das 19 horas, a equipe do Tático Móvel de São José do Rio Preto, após receber as informações do duplo homicídio ocorrido em Altair, encontrou o carro em atitude suspeita no bairro Cecap em Rio Preto, na Avenida Vetorasso, procedeu à abordagem e de pronto Milton teria confessado a ação delituosa.

Diogo disse que Milton estava muito transtornado e seu advogado achou por bem que ele se reservasse no direito de prestar depoimento somente em juízo. "As testemunhas dos fatos, no entanto, disseram que houve uma ligação de Milton para Elaine via celular, onde teriam discutido sobre pagamento de pensão alimentícia. Ele teria saído para conversar com ela e teria visto que o namorado dela havia entrado na loja e teria voltado para buscar a arma e disparado a pistola 380", detalhou.

O escrivão contou também que Milton é comerciante em Altair há muitos anos, inclusive, chegou a fornecer marmita para os presos da antiga cadeia da cidade. "Tem restaurante, um pequeno hotel, veículos de transporte escolar e é uma pessoa muito conhecida no município", complementou.

Milton teria vivido em união estável com Elaine por 17 anos e teriam tido as três filhas. A loja de Elaine era no mesmo quarteirão onde Milton tinha o restaurante e o hotel no fundo a cerca de 30 metros.

Já ficou constatado, também, que Elaine tinha uma loja de roupas, que estava pretendendo levar para Icém, onde residia o namorado, Sandro, que era seu primo em primeiro grau.

O escrivão contou que o clima de comoção em Altair era muito grande no final da tarde e durante a noite de terça-feira, 27. "Inclusive, no início da noite começou a juntar muita gente em frente à delegacia de Altair. Em razão disso, a delegada Débora Cristina Abdala Nóbrega, quando ficou sabendo que o comerciante havia sido preso em Rio Preto, teve a cautela de não o deixar ir para Altair, vindo direto para Guaraci para elaborar o flagrante aqui. E daqui ele deve ir para Barretos e depois ficar a disposição da justiça na cadeia de Colina", explicou o escrivão.

Este é o segundo crime passional em menos de um ano que ocorre em Altair. A cidade que possui 3.815 habitantes, segundo o IBGE, no final de 2010 registrou o seu último homicídio, quando um homem matou uma mulher com uma facada nas costas. Além deste, outro homicídio foi registrado em 2009. E nenhum entre os anos de 2011 e 2008, conforme dados da Secretaria de Segurança Pública.