20 de abril | 2014

Donos estão abandonando cães em canaviais para morrerem à mingua

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Quando por qualquer motivo não os querem mais, os proprietários de animais, principalmente cachorros, estão abandonando os mesmos em canaviais do município de Olímpia, com a finalidade de que eles morram à mingua, ou seja, passando fome e sede. Alguns com menos sorte já acabaram mortos em meio às queimadas da palha da cana-de-açúcar.

A denúncia foi feita na manhã desta quinta-feira, dia 17, pela con­feiteira Maria de Lourdes Ber­tin Ignácio, uma das integrantes da ONG SOS Animais. Segundo ela, essa situação começou quando “a gente começou a atuar, a gente foi fechando o cerco contra soltar animais nas ruas”.

Lourdes Ignácio entende que se trata de uma alternativa para aqueles proprietários que querem se desfazer de seus cães por qualquer razão que seja. Quando faziam isso no perímetro urbano, sempre alguém estava a­no­tando a placa do carro e fazendo a denúncia.

“As pessoas começaram a soltar os animais nos canaviais. O canavial é mais seguro para eles. Eles param o carro e geralmente ninguém vê e solta. Está havendo muita crueldade contra esses animais”.

O sofrimento do cão, situação que pode até levar à morte, é mais do que certo porque no canavial não tem água e nem comida e fica difícil para os animais sobreviverem. “Se soltar na cidade os animais pelo menos procuram lixo, vão ao rio beber água. No canavial eles não têm como sobreviver”.

DEZENAS DE CASOS
Embora não tenha catalogado, a confeiteira conta que de agosto de 2013 para cá já encontraram cerca de 30 casos. Muitos deles são levados à ONG por funcionários da usina. “Os animais morrem de sede e fome no meio do canavial. É uma crueldade”.

A maioria dos casos são filhotes: “São cachorros novos que fazem arte e a pessoa solta. Cachorro de cinco, seis meses de idade”. De acordo com ela, alguns morreram queimados: “Sã­o muitos casos”.

A confeiteira relatou o caso de um cachorro que foi agredido antes de ser abandonado. O animal estava com várias fraturas na man­díbula e fraturas expostas nas patas traseiras: “Foi espancado porque quebrou muito a cauda do cachorro. Estava to­di­nho arrebentado e cheio de bicho. Quem agrediu achou que es­tava morto e abandonou na beirada do canavial”. Nesse ca­so, também segundo ela, o animal morreu nas mãos do veterinário que não pode fazer nada.

Somente em um dia a ONG encontrou três cães já mortos e quatro ainda vivos, todos abandonados em um canavial: “Os que nós recolhemos estavam quase mortos, mas demos conta de fazer sobreviver”. Ela conta que quando o caso é fome preparam alimentos com fígado bovino para o animal comer: “Fazemos tudo para que o animal sobreviva”.

Embora a maioria seja ca­chor­ro sem raça definida, a ON­G já deparou com uma cadela da raça pitbull: “Ela estava bem acabada. Eles soltam geralmente quando está prenha para dar cria e quando fazem arte em casa, no caso de filhotes”.

Entretanto, até agora não conseguiram identificar nenhum caso. A ONG realiza esse trabalho sem receber nenhum apoio da Prefeitura Municipal de Olímpia. As pes­soas que atuam na ONG têm seus trabalhos, mas conseguem defender a bandeira. A renda elas obtém vendendo pizzas.

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