12 de julho | 2009

Cortes de água do Daemo expõem miserabilidade da população local

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As medidas adotadas pelo superintende geral do Departamento de Água e Esgoto do Município de Olímpia (DAEMO), Valter José Trindade, acabam por expor as condições de miserabilidade na qual vive a população da cidade de Olímpia. Para se chegar a essa conclusão basta analisar as reclamações mostradas por uma emissora de rádio da cidade, que, inclusive, teria vinculo com o prefeito Eugênio José Zuliani, Geninho, no final da manhã da quarta-feira, dia 8.

Foram reclamações que partiram de moradores do Jardim São José, zona sul da cidade de Olím­pia, demonstrando as dificuldades financeiras que encontram para manter as contas em dia e, também, as dificuldades burocráticas que enfrentariam no DAEMO para pelo menos parcelar as dívidas antigas.

Para que o fornecimento de água não chegue a ser cortado ou se isso ocorrer para voltar ao normal, é necessário que o consumidor em débito vá ao DAEMO e pague a conta atual e uma das parcelas da negociação que, no caso de inquilino, somente poderia ser feita com a apresentação de um fiador.

Uma moradora da rua São Paulo, cujo nome não foi anunciado, foi uma das que telefonou para a emissora para reclamar. “Moro eu e meu marido e minhas quatro crianças. Tenho quatro talões de força para pagar e estou desempregada. A Fosac que está me ajudando”, reclamou.

Sobre os filhos a mulher disse que tem um de nove anos de idade, uma filha de 3 anos, um adolescente de 16 e outra filha de 18 anos. A preocupação é que tem recebido contas mensais de água para pagar com valores superiores a R$ 100. Além disso, tem a conta da energia elétrica que gira em torno de R$ 80 por mês.

“Imagina eu estou sem serviço e a Fosac que está me ajudando”, ironiza. A mulher disse ainda que teve a bolsa família cortada. O marido trabalha, mas acaba não recebendo nada. “Fica no banco que toma todo o dinheiro dele. Fica no banco porque ele deve no banco”, informou.

“Eu quero trabalhar. Não quero mexer com nada, mas desse jeito vou ser obrigada a roubar, partir para outra coisa pior. Porque não vou deixar meus filhos passarem fome. E agora estou sem água. Na rua inteira quase cortaram. Das minhas vizinha também cortaram tudo”, acrescenta.

“Mandaram uma cartinha para eu pagar, mas como que vou pagar. Fui lá conversar com eles, mas lá eles não querem saber, querem que pague a água. Não tenho condições de pagar. Estou desempregada. Desde quando o Geninho assumiu o cargo, ele não me deu serviço. Estou parada. Já fui atrás do Geninho (prefeito), já fui atrás do Pimenta (vice), ver se eles arrumavam um serviço para mim, mas eles viram as constas pra gente lá”, reforçou.

Imposições

Outra moradora que se apresentou com o nome de Rena, que reside na rua Jesus Cosme Pedroso, no mesmo bairro relatou: “Fomos no DAEMO para fazer um acordo e eles queriam que déssemos R$ 5 mil de entrada para poder parcelar o restante da água. Não tem condições. Tenho só o meu marido que trabalha, faço bico, tenho 3 crianças pequenas. Não tenho condições e eles não quiseram parcelar e agora eles cortaram a água. Pelo menos umas 20 famílias aqui na Vila São José”.

De acordo com a mulher, além da entrada de cinco mil, a dívida seria dividida em 36 parcelas de R$ 689 por mês. “Sendo que meu esposo ganha R$ 800 por mês”. No total a dívida, segundo a mulher, é R$ 16 mil. “Como que nós vamos pagar isso?”, questionou.

A vizinha dela tem uma filha deficiente e também teve a água cortada. “Eles fizeram um limpa aqui na vila”, acrescentou. Ela mora numa casa que pertencia aos avós e junto com um irmão.

Versão oficial

Depois das reclamações foi a vez do prefeito Eugênio José Zuliani, Geninho, entrar no ar e apresentar as justificativas: “Tivemos uma visão diferente do que se tinha no passado.

A única forma de sobrevivência do DAEMO é tratá-lo como empresa para que não entregue, no futuro, a uma empresa privada. Para evitar vamos fazer nossa lição de casa e fazer as cobranças de forma correta para que tenhamos um DAEMO forte, com capacidade de pagar seus custeios e de fazer investimentos”.

De acordo com ele há 10 anos não se faz a cobrança efetiva do consumo de água, fazendo com que haja casos em que as dívidas cheguem a mais de uma dezena de mil reais. Ele alega que muitas pessoas diziam que os cortes tinham que ocorrer no passado para não acumular tanto.

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