25 de junho | 2016

Cortador deixa a cana-de-açúcar em busca de novo sonho

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Inicialmente pensando em melhorar as condições de vida de sua família. Depois percebendo que tudo tende um dia a acabar. Foram dois pensamentos que levaram um cortador de cana-de-açúcar que pede para não ser identificado pela reportagem, a deixar a atividade que o trouxe da Bahia para o Estado de São Paulo a sair em busca de um novo sonho para realizar.

Atualmente atuando como comerciante e proprietário de um ônibus que o faz ser independente do setor sucroalcooleiro, ele conta que chegou a Olímpia há mais de 25 anos, trazendo a esposa e filhos pequenos.

Mas reconhece que a situação que para ele é satisfatória não é a mesma que alguns de seus amigos, também baianos, estão vendo passar pela frente.

Inicialmente ele e a esposa saiam de madrugada para pegar a condução e se dirigir para o corte da cana, voltando somente no final da tarde. “Eram momentos difíceis, mas conseguimos planejar e estruturar nossa vida para melhorar as condições”, comemora as mudanças que já conquistou.

Primeiro foi a construção de um casa localizada no Jardim Campo Belo, na zona leste da cidade. Depois foi a busca da melhoria das condições de vida. A esposa deixou de trabalhar na cana e passou a cuidar mais da casa de dos filhos.

Em seguida foi a vez de conquistar outro sonho: a aquisição de um ônibus para, dessa forma, poder ganhar um pouco melhor e ter outra função, embora ainda na cana-de-açúcar, mas bem mais tranquila.

Depois foi a vez de ampliar o prédio onde mora e montar um estabelecimento comercial, um sonho que trazia desde a Bahia onde o pai também é comerciante.

Mesmo assim, com o ônibus e já vendo o fracasso que estava sendo encaminhado para o setor, continuou a trabalhar com trabalhadores rurais, mas agora já direcionando seus esforços para a citricultura.

Agora, embora em Olímpia a citricultura tenha fracassado e mesmo que nem em todas as semanas tenha trabalho a realizar, quando surge um contrato se desloca para o município de Barretos, quase sempre transportando os companheiros que trás desde os tempos de cortador de cana.

No entanto, sempre está disposto a trabalhar diretamente para as usinas ou mesmo para os produtores independentes, mas apenas para realizar o plantio da cana.

SITUAÇÕES OPOSTAS

Mas se ele, junto com a família, conseguiu modificar o panorama da vida e alguns familiares e alguns amigos também conseguiram se ajustar às modificações que a cidade sofreu, principalmente em relação à construção civil que cresceu bastante nos últimos anos, para outros a situação só se complicou.

Atingidos pelas alterações impostas ora por lei, ora pelas próprias usinas, já há alguns anos as dificuldades vinham aumentando e em consequência dificultando a vida desses migrantes.

Por isso, se uma boa parte sai diariamente em busca de atividades variadas, ou seja, em buscas dos chamados bicos – cada dia trabalhando em algum lugar diferente, outros vários conseguiram ao menos retornar para seus lugares de origem.

 

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