15 de maio | 2016

Consumidor fala em fechar registro e abrir cisterna no quintal por causa do aumento do preço da água

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Ao tomar conhecimento do aumento absurdo do pre­ço da água fornecida pela Superintendência de Água, Esgoto e Meio Ambiente – Daemo Ambiental, que em 12 meses foi de 48% aproximadamente, um consumidor ficou tão re­voltado que falou em fechar o registro da autarquia e abrir uma cisterna no fundo do quintal por causa dos reajustes.

“Nós vamos fechar o registro do relógio e abrir uma cisterna no fundo do quintal igual era antigamente”, afirmou um morador do Jardim Antônio José Trin­dade, conhecido popularmente por Cohab I, na zo­na sudeste da cidade, que foi identificado apenas pelo nome Adalberto.

A reclamação de Adal­ber­to foi feita durante uma manifestação que fez a uma emissora de rádio da cidade, que foi exibida no início da tarde da quarta-feira desta semana, dia 11.

“Esse aumento está sendo muito injusto. Estão falando que o aumento foi abaixo da inflação. Mentira. No começo do ano já teve um aumento, inclusive eu fui reclamar com eles lá e eles alegaram que era porque tinha aumentado a energia elétrica. A energia elétrica abaixou”, observou inicialmente.

Para Adalberto esse novo aumento deve ser considerado um erro: “Agora, eles estão vindo com um novo aumento. Está errado. Aumento de água todo ano é acima do que deveria ser amen­tado. Por isso, a gente paga um absurdo de água aqui em Olímpia. Eu gostaria até que o Ministério Público intervisse pela gente porque é um absurdo”.

Pelas majorações dos valores cobrados Adalberto en­tende que o único objetivo é a obtenção de muito lu­cro: “Estão tendo lucro, lucro e lucro e não estão contentes. Estão querendo cada vez mais e quem está pagando é o consumidor. Se for a crise co­mo é que vai fazer? Nós vamos fechar o registro do relógio e abrir uma cisterna no fundo do quin­tal igual era antigamente”.

ENTENDA O CASO

Como se recorda, nas leituras de consumo realizadas pela autarquia a partir do dia 1.º de maio, Dia do Trabalho, já está sendo aplicada a nova tarifa de água, que está 9,9% mais cara, segundo o Decreto 6.337, assinado pelo prefeito Eugênio José Zuliani, que foi publicado no sábado da semana passada, dia 29 de abril de 2016 pela Imprensa Oficial do Município (IOM).

Portanto, desde o dia 1.º de maio o consumo mínimo, de 10 metros cúbicos, custa R$ 15,14 para a classe residencial; R$ 18,40 para a economia mista; R$ 21,64 para a classe comercial; R$ 43,26 para a classe industrial; e R$ 46,70 para a classe pública, portanto, já considerando o consumo relativo ao mês de abril.

Esse decreto fixa o valor mínimo mensal de consumo de água por unidade em 10 metros cúbicos para todas as classes de consumo e pratica sobre ele um reajuste de 9,9%. O diretor da autar­quia alega que “os custos mínimos unitários para os serviços de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto e demais serviços prestados pela Daemo à população necessitam de atualizações”.

O Decreto fixa ainda o valor de R$ 0,11 por metro cúbico de água consumida a ser acrescentado nas faturas mensais, cuja arrecadação será destinada ao Programa Permanente de Manutenção de Hidrômetros (PPMH). Os novos valores estão em vigor desde o domingo passado, dia 1.º de maio.

Depois segue em escalonamento conforme o nível de consumo. De 11 metros cúbicos a 20 metros cúbicos, por exemplo, acrescentando respectivamente ao valor mínimo, R$ 3,04; R$ 3,43; R$ 3,80; R$ 4,42; e R$ 4.56 por metro cúbico.

Mas a escala de consumo vai até acima de 70 metros cúbicos, passando os valores adicionais cobrados entre R$ 5,63 o menor e R$ 7,19 o maior. Sobre o valor consumido em água incide 80% a título de coleta e tratamento de esgoto.

Quer dizer, um gasto hipotético de R$ 15,14 em água, a tarifa de 0 a 10 metros cúbicos para a classe residencial, outros R$ 12,11 serão acrescidos, ficando o total em torno de R$ 27,25 o consumo mínimo para esta classe e, assim sucessivamente.

Prefeito aumentou 411% acima da inflação tarifa de água local

O prefeito Eugênio José Zuliani, segundo cálculos rea­lizados esta semana, autorizou que a Superintendência de Água, Esgoto e Meio Ambiente – Daemo Ambiental aplicasse um aumento de aproximadamente 411% acima da inflação oficial verificada nos últimos 12 meses, nos prelos que estão sendo cobrados pela autarquia a partir do dia 1.º de maio próximo passado. Dessa forma, o no­vo valor já está sendo cobrada nas leituras relativas ao consumo do mês de abril.

Para chegar a essa conclusão a reportagem considerou o valor da inflação acumulada em 12 meses que foi apurada no mês de março de 2016, que foi de 9,38%, sendo o site Cal­cu­la­dor, que está no http://www.calculador.com.br/tabela/indice/IPCA. O cálculo mostra que a inflação do período foi superada em pe­lo menos 410,66098%

Esse foi o terceiro aumento aplicado contra os consumidores nos últimos 12 me­ses, gerando uma variação acumulada de 47,­9%, aproximadamente, já considerado o último reajuste de 9,9%.

Antes, alegando no Decreto número 6.141, de 23 de setembro de 2015, que as razões eram devidas ao aumento em até 43% da energia elétrica praticado pe­lo Governo Federal, a Dae­mo Ambiental havia reajustado a tarifa de água ser­vida à população em 20%, a partir de 1.º de outubro de 2015.

Esse era o segundo aumento que a autarquia denominava de realinhamento do ano, passando a cobrar então, para cada 10 metros cúbicos consumidos na residência, R$ 13,78.

O realinhamento anterior havia sido praticado no dia 24 de março também de 2015, por meio do Decreto 5.994, aumentando o valor do consumo mínimo 18%, ou seja, R$ 11,48 por cada 10 metros cúbicos.

Assim, considerando os dois reajustes do ano passado, aumento da tarifa mínima já chega a 47,9% já considerado o aumento de agora. Aumentada a tarifa de água, automaticamente po­de se considerar que a tarifa de coleta e tratamento de esgoto também sobe, uma vez que ela é cobrada à base de 80% do valor que o consumidor paga pela água.

Todos os demais serviços prestados pela Daemo Ambiental, além do fornecimento de água e tratamento de esgoto, ficaram também reajustados em mais 9,9% a partir do dia 1.º de maio.

PREÇOS DE SERVIÇOS

Junto com as tarifas de consumo de água sempre sobem, nos mesmos índices, os valores cobrados pe­la Daemo Ambiental por prestação de serviços, muitos deles antes feitos de graça, ou por conta das tarifas pagas pelos consumidores, como mão-de-obra, emissão de segunda via, envio de aviso de conta vencida, tarifa de visita, etc.

E os preços por estes serviços não são baratos. Para se ter uma ideia os valores que podem ser considerados mais irrisórios dentro de uma tabela altíssima, são aqueles relacionados a aviso de conta vencida (R$ 2,31), aferição de hidrô­metro (25,87), emissão de segunda via da conta (R$ 1,74), mão-de-obra por ho­ra (R$ 13,55), outros reparos de vazamento no cavalete (R$ 24,80), religação de água no cavalete (R$ 21,90) e religação de esgoto (R$29,35).

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