15 de fevereiro | 2015

Comerciante de Olímpia faz apelo pela liberdade do filho

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Desesperado, querendo a liberdade do filho, o comerciante de Olímpia, João Carlos Clemente, de 62 anos de idade, mais conhecido como “Se­te Barbas”, está fazendo um a­pelo pelas redes sociais, especialmente no Facebook, com a finalidade de conseguir a­poio da sociedade para libertar o seu filho, o am­bien­ta­lis­ta/biólolgo pesquisador, Ga­bri­el Clemente, o “Tocha”, que es­tá preso há seis meses, acusado de assalto a mão armada, em um estabelecimento prisi­onal em São Paulo. Atualmente, o rapaz está encarcerado na penitenciária do Tremem­bé, na capital.

O comerciante “Sete Barbas” afirma que seu filho é i­no­cente. Conta que ele é formado na USP de Ribeirão Preto e sempre foi voltado para programas sociais. Na penitenciária que ele está encarcerado, também estão o Nar­done e o esquartejador do zelador, acusados de crimes que ganharam grande repercussão na imprensa brasileira.

Na seqüência leia a íntegra do relato de “Sete Barbas”.

LIBERTEM GABRIEL/EU SOU GABRIEL
A história é a seguinte: Ga­bri­el sempre foi bom aluno desde o primário e depois, no ginásio, disputava olimpíadas de física e matemática, representando sua escola. Participou do intercâmbio do Rotary e foi estudar o 3º colegial nos EUA. Voltou e foi obrigado a servir o Tiro de Guerra local, perdendo um ano, pois o documento de alistamento que ele fez na embaixada do Brasil nos EUA, não foi encaminhado aos órgãos (in) competentes no Brasil. Quando desembarcou constava inadim­plên­cia com nosso glorioso exército brasileiro. Procurei a junta militar e eles não o liberaram, alegando que eram destes intelectuais que precisavam. Discordei porque acho que o exercito deve arrebanhar os milhares de brasileiros que estão desempregados e não futuros cientistas.

Bom vamos em frente, no ano seguinte Gabriel entrou na USP Ribeirão e cursou biologia. Foi aprovado com louvor e homenageado. Eu e a Shili­am (esposa e mãe de Gabriel) estávamos lá na cerimônia orgulhosos pelo filho pródigo. Terminou biologia e fez licenciatura na USP também.

Foi dar aula de inglês, francês e es­panhol em cursinhos comunitários para ajudar os necessitados, sem nada receber pela sua dedicação. Se inscreveu no Projeto Rondon e passou 3 meses no sertão da Pa­raíba ensinando técnicas de manejo do solo, preservação do meio ambiente e re­cursos hídricos.

Volto­u e foi fazer mestrado em engenharia do meio ambiente com bolsa da Fapesp na USP São Carlos. Foram mais dois anos de estudo onde seu trabalho e tese de mestrado foi sobre o impacto da cana de açúcar na economia e meio ambiente do estado de São Paulo. O trabalho foi tão perfeito que ele foi escolhido para representar a Universidade no Congresso Mundial do me­io ambiente que aconteceu na cidade do Porto e de lá foi divulga-lo nas universidades de Paris, Londres e Roma. Não deu tempo de fazer Madri, porque foi assaltado em Roma e levaram seu notebook onde estavam as pesquisas.

Fa­lan­do em assalto, quando ele ainda cursava a USP Ribeirão foi assaltado duas vezes, teve sua bicicleta roubada e o seu fusca de estimação depredado por tijoladas e pauladas, pois se recusou a pagar o pedágio imposto por traficantes da região onde residia. Não virou nada. Vamos continuar. É adepto ao Zen budismo e yoga. Não come carne de nenhuma espécie, porque acha que é cruel sacrificar animais para alimentação humana. Já presenciei ele tirar seu casaco de frio e cobrir um mendigo na rodoviária. No Natal Re­tra­sado ele convidou a “Curuçá” que passava na rua de casa para celebrar a Ceia natalina conosco. Quem mora em O­límpia sabe quem é a “Curu­ca”. Este é o coração do Ga­briel.Como todo desapegado, não anda bem vestido, só desarrumado: chinelão, bermuda e cabelos compridos encaracolados.

O ASSALTO QUE CAUSOU A PRISÃO
Ano passado, Gabriel foi ficar uns dias na casa da tia em O­sas­co, para fazer consultas médicas e alguns exames de saúde, para aproveitar o convênio que a mãe fez pra ele. Pois bem, após jantar na casa da tia na Rua Tomé de Souza – jardim Oriental, ele subiu a rua uns 80 metros, onde tem dois botecos, para comprar um refrigerante e voltar para a casa da tia. Quando parou em frente ao bar, entraram 4 marginais anunciando um assalto. Praticaram o ato e fugiram correndo. Ele (o Ga­bri­el), permaneceu na porta po­is ficou assustado e não tinha na­da a ver com assalto algum.

A propri­etária do estabelecimento, de nome Cleide e seu marido, começaram a gritar e falaram que ele era um dos assaltantes.

Os frequentadores dos bo­tecos e a proprietária começaram a surrar e iriam linchar o Gabriel, se ele não pulasse a cerca da casa da frente, pediu ajuda e a polícia é chamada.

Quan­do a viatura chegou e Ga­briel achava que seria salvo pela lei, mas a coisa complicou mais ainda, pois a proprietária Cleide afirmou categoricamente que ele era um assaltante. Apanhou mais ainda.

Foi conduzido ao 5º DP – Sec­cional Osasco, autuado em flagrante e enquadrado no artigo 157. Roubo ou assalto à mão armada, sem direito à fiança. No outro dia foi transferido para o CDP de São Ber­nardo do Campo onde passou 10 dias, incomunicável, no isolamento em uma cela com 70 presos. Eu e Shiliam fomos pra lá. Choramos muito ao ver a situação em que ele se encontrava.

Depois foi transferido para o CDP de Pinheiros com escolta armada, como se fosse um chefão do PCC ou outra facção. Agora está em Tremem­bé, convivendo com Nardoni, Roger Abdel Nassif e o assassino e churras­quei­ro do pobre zelador. Os amigos devem se perguntar porque estou escrevendo e contando toda esta História pra vocês. Bem, temos acompanhado todos os dias os escândalos do men­salão, dos doleiros, dos traficantes de armas e drogas, dos que depauperam nossa Petro­bras, e toda a roubalheira que assola o pais de norte a sul.

A tristeza disto tudo é que vejo os caras sendo presos num dia e conseguirem o julgamento de liminar e Habeas Corpus no mesmo dia, obtendo alvará de soltura. Ladrões de colarinho branco e assassinos estão soltos, soltinhos, curtindo o que o poder judiciário lhes proporciona. Me­us amigos a minha indignação e revolta, é que dia 18/02 vai fazer 6 meses que meu querido Gabriel está preso e nem sequer foram julgados os Ha­beas Corpus impetrados meses atrás e nem a Juíza de Osasco marcou audiência para o julgamento. Esta é a justiça que merecemos?

Por isso meu apelo ao judiciário e a vocês todos do Face, aos colegas de universidades do Gabriel, os da república e a todos os seus amigos, que façam esta mensagem circular o Brasil todo. Até que alguém do judiciário se sensibilize e analise o histórico, o perfil, a vida limpa e o grande coração do Gabriel.

LIBERTEM O GABRIEL
Um beijo no coração de todos, sem ressentimentos a Clei­de ou a quem quer seja os que o agrediram. Só quero meu filho de volta.

EU SOU GABRIEL
Obrigado a todos que tiveram paciência para ler até o fim o apelo de um pai desesperado, angustiado e triste com a morosidade do processo.

Aproveito para agradecer Dr. Mario, advogado crimi­na­lista que não está medindo esforços e tomou este caso nas mãos como se o filho fosse dele e também aos demais advogados e a todos que estão trabalhando para a liberdade do Gabriel.

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