31 de agosto | 2014
Aos 80 anos Francisco Cuoco ainda esbanja energia
Atualmente Francisco Cuoco está interpretando o rabugento Vicente, na novela “Boogie Oogie”, personagem que dá muito trabalho e preocupação para sua filha Inês, interpretada pela atriz Deborah Secco / João Cotta-RG
Durante muito tempo, Francisco Cuoco foi considerado galã de novelas. No entanto, apesar dos seus 80 anos de idade, o ator continua esbanjando charme / João Miguel Jr-RG
Francisco Cuoco exibe fôlego invejável. O ator nem pensa em se aposentar, ao contrário, com toda competência e alegria ele interpreta o Vicente, na novela “Boogie Oogie”. Nos próximos capítulos, Vicente será o responsável por uma reviravolta no folhetim quando ele contar para Sandra (Ísis Valverde) a história da troca de bebês, na qual sua neta Inês (Deborah Secco) está indiretamente envolvida, na medida em que a aeromoça sabe de todos os detalhes da trama, através da própria autora, a sua amiga Susana (Alessandra Negrini).
Apesar de aparentar fragilidade, Vicente é um homem forte e decidido, difícil de ser convencido do contrário quando coloca uma ideia na cabeça. Apesar de estar doente, o personagem deverá ficar até o final da história e no decorrer do enredo engatará um divertido romance com Madalena (Betty Faria). Através destes dois personagens, o autor Rui Vilhena pretende levantar uma bandeira contra o preconceito quanto ao romance na terceira idade. Vale lembrar que em “Boogie Oogie”, Francisco Cuoco e Betty Faria estão tendo a oportunidade de relembrar a parceria nas novelas “Pecado Capital” e “Duas Vidas”, ambas da década de 1970, nas quais eles interpretaram par romântico. Sobre este assunto, Betty Faria declarou numa entrevista que “esse reencontro nos mantém vivos”, referindo-se a trabalharem juntos novamente.
Francisco Cuoco nasceu em 1933, na cidade de São Paulo e viveu grande parte de sua vida no bairro do Brás; começou sua carreira artística nos palcos, em 1955, logo depois estreou no cinema, com filme “Grande Sertões Veredas”, em 1960. Em seu currículo contam-se vinte e seis peças de teatros e mais de cinquenta produções, entre novelas e minisséries, sendo que mais de trinta delas foram na Globo, emissora na qual atua até hoje. Por muitos anos, foi considerado galã de novelas, mas temos que admitir que, do alto dos seus 80 anos de idade, Francisco Cuoco ainda esbanja o maior charme.
Um dos últimos trabalhos do ator foi fazer o Olavo, em “Passione”, e ele deu um verdadeiro show ao lado de Irene Ravache, que era sua mulher na trama, a aspirante a socialite Clô Souza e Silva. Inesquecível o trabalho destes dois atores.
Francisco Cuoco sempre pensou em ser ator, e nunca nem cogitou em seguir outra profissão. Ele buscou aprender a arte, fez curso de Interpretação na Escola de Artes Dramáticas, em São Paulo e estreou na televisão na novela “Pouco Amor Não é Amor”, em 1963, quando ainda não existia o vídeo-tape; as novelas e demais programas eram exibidos ao vivo. Lembrando aquela época, Francisco Cuoco gosta de contar suas histórias. “Quando fazíamos ao vivo, eu trabalhava com a companhia de Fernanda Montenegro e do Sérgio Britto que tinham um teatro de repertório de terça a domingo. E, de tarde, ensaiávamos a peça que iria substituir a da noite. Depois do espetáculo, preparávamos, por cinco dias, pelo menos, o teatro televisado que faríamos na segunda-feira, ao vivo. Havia tempo de decorar, marcação, discutíamos se estávamos lidando com Dostoievski, Nelson Rodrigues ou Becckett, mais complicado e abstrato. Ou alguma coisa de vanguarda. Tínhamos este tempo e essa tranquilidade”, revela.
Alguns dos personagens de maior destaque na carreira de Francisco Cuoco e que seus fãs lembram como se fosse hoje são: Cristiano Vilhena, de “Selva de Pedra”; Carlão, de “Pecado Capital” (primeira versão); Herculano Quintanilha, de “O Astro” (primeira versão); Tião Bento, de “Sétimo Céu”; Lucas Cantomaia, de “Eu Prometo”; o peão Higino, em “América”; e Pai Galdêncio, em “Da Cor do Pecado”.
Na Globo, na qual é contratado há mais de 30 anos, fazendo parte do primeiro escalão do casting da emissora, Francisco Cuoco também participou de grandes clássicos da televisão brasileira, tais como: “O Semideus”, “O Salvador da Pátria”, “Tropicaliente” e “A Próxima Vítima”.
Mas engana-se quem pensa que Francisco Cuoco, em sua trajetória, artística só trabalhou na Globo. Ele mesmo já afirmou que passou por várias emissoras, inclusive as que já encerraram suas transmissões, tais como TV Tupi e Excelsior.
Quanto aos galãs da nova geração, Cuoco dá o maior apoio. “Acho que no momento é a vez, para esses papéis, do Rodrigo Lombardi, do Reynaldo Gianecchini, do Thiago Lacerda, do Fábio Assunção, do Marcello Anthony, talentos assim que percebo que são pessoas preocupadas em crescer, aprender e estão bem encaminhadas. E para os atores de vanguarda, o companheiro Francisco Cuoco também deixa um recado. “E a vantagem em trabalhar como ator é que com 60 ou 70 anos você tem papéis, em novela ou teatro, que são maravilhosos. Procuro me adaptar ao meu tempo, sem nenhuma nostalgia porque não resolve nada. Olho para trás e vejo que aquele foi um tempo muito bem aproveitado, mas agora é um tempo diferente. Você pode namorar uma garota de 20 anos, mas tem que saber que tem 60”, conclui o ator.
Quando participou do “Dança dos Famosos”, quadro exibido no “Domingão do Faustão”, ele declarou que a descoberta da dança mudou a sua vida, favorecendo a sua capacidade de parceria, a disciplina e a postura. Ele é assim, é aberto à vida e as novas experiências, talvez este seja um dos segredos para a sua alegria e boa forma.
Sem dúvida, Francisco Cuoco é um dos grandes profissionais da dramaturgia brasileira; sempre muito discreto, nunca misturou a sua vida pessoal com a vida profissional. Já foi casado, mas não gosta de falar sobre assuntos pessoais, preservando a sua família.
Bonito é o respeito que o ator conquistou, tanto do público como da imprensa, sempre teve seu espaço preservado e certamente faz parte da história artística do Brasil.
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