01 de novembro | 2016
Abuso do poder econômico, fizemos história ou não?
Willian Zanolli
Há algum tempo atrás, como agora nas últimas eleições, era e é muito comum o tal de abuso do poder econômico.
E como bem evidenciou o candidato denunciado desta vez para se defender do que estava sendo denunciado: todos tiveram o mesmo comportamento contido na representação.
Não faltava com a verdade.
Investindo mais ou menos do que o candidato vencedor do pleito investiu, os outros também utilizaram dos mesmos métodos, até onde se sabe.
Embora não tenham sido denunciados, deitaram e rolaram de comprido nas mesmas questões.
Todos estavam atrelados a alguma mídia e as razões pelas quais estavam não pode ter uma explicação lógica a não ser pela ótica do mercado e do lucro, traduzindo, ninguém faz nada de graça.
O candidato que se sagrou vencedor foi acusado de pinçar um jornal que nunca circulou na cidade para chamar de seu, e de quebra tomar conta do espólio de divulgação do que era, mas não conseguiu ser.
Sendo que este estava desde há muito sendo defendido por um jornal que o vencedor embalou seu peixe eleitoral depois da conturbada retirada da candidatura do que tentou mas não conseguiu ser, e por uma emissora de rádio que não participou do espólio.
Aborrecido, o proprietário da emissora voltou para os braços do desafeto, do arquiinimigo, e embalado por afetos capitalistas sentou a pua no candidato que seu outrora candidato preferencial adotou e tentou evidenciar qualidades no alto índice de rejeição que tentou embalar, mas não deu.
Não sem antes ter tentado negociar com o candidato quase oposição, que também tinha por trás de si um jornal e outras formas nem tão claras e transparentes, no nosso entendimento, de fazer campanha.
É preciso deixar bem claro, que ostentou mais quem tinha mais, e em razão da derrota dos outros foi levado à discussão na Justiça eleitoral.
Voltemos ao princípio, quando tudo era apenas verbo.
Lá atrás, quando Eugênio José foi candidato a prefeito pela primeira vez, incomodado pela abusiva utilização dos meios de comunicação que desequilibravam o pleito eleitoral, resolvi juntar elementos, provas, que provassem a tese do abuso do poder econômico nas eleições locais.
Apresentei a tese ao grupo a que estava ligado no período, cujos nomes evitarei por não contar com a autorização de todos, que não pedi, senão autorizariam.
Entre eles, um que é público e que não há necessidade de que não venha a baila, José Antonio Arantes, que era a época candidato a vice e advogado da coligação, que inclusive assinou a representação.
Em primeira instância não obtivemos sucesso, recorrendo da decisão ao TSE o relator entendeu que a denúncia era procedente e que Eugênio José não deveria ser empossado.
No entanto, uma “inexplicável” reviravolta na sessão de julgamento e o relator recuou de sua relatoria e como se sabe Geninho foi empossado e governou por quatro anos.
Como lobo perde pêlos mas não perde vícios, na sua reeleição, juntamente com seu vice Gustavo Pimenta, recorreram à mesma estratégia, repetida nesta última eleição.
Novamente, recolhemos todo material probatório e através da coligação que abrigava a candidatura de Helena de Souza Pereira, com a assinatura da advogada Monica Maria de Lima Nogueira, encaminhamos representação a Justiça Eleitoral para apurar abuso de poder econômico nas eleições municipais.
Em primeira instância, macuco no embornal para Eugênio; debruçamos sobre a decisão e encaminhamos recurso que foi recepcionado e resultou em uma multa de cem mil reais (R$ 100.000,00 ) à dupla Eugênio José e Gustavo Pimenta, cinquentão para cada um.
Embora tenham constituído uma banca jurídica de renome, Mônica Maria de Lima Nogueira superou-se na defesa dos interesses da coligação e fez valer direitos tão caros ao princípio que prega equilíbrio na disputa eleitoral e que maioria das vezes não é respeitado.
A decisão em relação a multa de cem mil reais foi mantida em última instância, embora haja esta lição, os políticos insistem em manter as mesmas práticas, infelizmente.
Vale lembrar que o que diferencia esta situação desta representação referente a última eleição e a que tivemos a ideia de buscar amparo na justiça eleitoral para coibir estes abusos, é que pessoas que discordavam da nossa prática de radicalizar na busca da ética e da moral na justiça, hoje se fundem e tentam os mesmos caminhos.
Por pior que possa ter sido o resultado alcançado em primeira instância, e mesmo a indisposição das pessoas em relação ao que buscávamos no passado e continuamos buscando com a intenção de moralizar as eleições, ficou demonstrado que os candidatos perceberam que a luta contra o poder econômico torna desigual a disputa e permite que apenas um lado possa participar com chances no pleito.
Esta a razão para que se continue provocando a justiça, para que se faça justiça e a disputa tenha condições de competitividade para todos.
Um dia nem que for a fórceps as coisas irão mudar, já estão mudando, o fato do polo contrário estar fazendo uso de métodos corretos que condenavam é um sinal claro disto.
Por fim, obrigado José Antonio Arantes, Monica Maria de Lima Nogueira, Helena de Sousa e Hélio Pereira, Eduardo Costa e tantos outros que estiveram conosco nesta luta, neste bom combate na busca pela sociedade mais justa e mais fraterna.
Se fizemos ou não história, o tempo dirá, e talvez nem mais estejamos por aqui para observar as flores e os frutos das sementes que lançamos.
Willian A. Zanolli é artista plástico, jornalista, estudante de Direito, pode ser lido no www.willianzanolli.blogspot.com e ouvido de quarta, quinta e sextas-feiras, das 11h30 às 13h00 no jornal Cidade em Destaque, na Rádio Cidade FM 98.7, e, aos domingos, no Sarau da Cidade, das 10h00 às 12h00, na mesma emissora de rádio.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do iFolha; a responsabilidade é do autor da mensagem.
Você deve se logar no site para enviar um comentário. Clique aqui e faça o login!
Ainda não tem nenhum comentário para esse post. Seja o primeiro a comentar!