01 de abril | 2012

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Pós-Modernismo: arte e informatização

“O novo sempre vem”. E quando chega causa polêmicas, o estranhamento próprio ao que ainda não se conhece, ao desconhecido. Assim foi com as mudanças que ocorreram (e vêm ocorrendo) nas artes, filosofia, literatura e ciências, a partir da década de 1950 do século passado (XX) em países considerados mais desenvolvidos. Na década de 60, no Brasil, já são perceptíveis os sinais da nova corrente, do novo movimento.

Como as artes dão testemunho de seu tempo, o Pós-Modernismo resulta das transformações profundas e rápidas na economia, na política e no campo tecnológico, a contar do término da Segunda Grande Guerra. Agora é o período da chamada Guerra Fria, em que os Estados Unidos, potência do Ocidente, tinham como única ameaça o poder da União Soviética. É o tempo da terceira revolução industrial, é o tempo dos motores eletrônicos e nucleares e dos computadores, estes um pouco mais recentes.


Um sofisticadíssimo (hoje muito mais!) sistema de informações (novas tecnologias) fazem do mundo uma “aldeia global”. É a chamada globalização, a integração mundial. Mais recentemente muito se falou do efeito dominó ou do efeito borboleta.

As sociedades pós-industriais ou sociedade de consumo são terras férteis para o nascimento e crescimento do novo movimento, que ainda não conseguiu jogar o Modernismo na lata de lixo consumista e, portanto, dele ainda conserva muitas características.

O Pós-Modernismo é, então, uma “continuidade, um aprofundamento, uma intensificação e uma modificação” do movimento anterior.


A máquina é a mãe (e o pai) da sociedade industrial moderna, mas, a partir dos anos 50, a máquina e a produção “cedem” seu lugar privilegiado ao consumo e à informação, prometendo, como a máquina e a produção o fizeram antes, felicidade geral e irrestrita ao homem. Sem sucesso, é claro.


Símbolo da modernidade, a primeira máquina a vapor e as primeiras fábricas “representam” a primeira revolução industrial” (século XVIII); a segunda é marcada pela era da eletricidade, quando descobertas como o telégrafo e o rádio vieram à luz (final do séc. XIX). A partir dos anos 30 (séc. XX), chega a eletrônica, que simboliza a terceira revolução industrial: é a vez da tela da TV e do chip do computador (1957) – símbolos da pós-modernidade.

Panorama cultural e artístico
Palavras como eletrônica, informação, consumo, massa, globalização e imagem poderiam perfeitamente definir o mundo hodierno.

Informações produzidas por imagens eletrônicas criam uma espécie de hiper-realismo (“hiper-realidade”), imagens mais fascinantes, intensas, espetaculares e sedutoras que o real. Agora o mundo é virtual. Surge, constantemente, a expressão sociedade do espetáculo: tudo vira espetáculo para a mídia (TV, computadores).

Os consumidores são bombardeados por propagandas que os incitam a consumir desenfreadamente (“todos terão os seus 15 minutos de fama”, lembram-se?).

As características mais marcantes do Pós-Modernismo estão, evidentemente, presentes nas sociedades economicamente, politicamente e culturalmente mais “avançadas”; nas chamadas sociedades emergentes (“periféricas”), o movimento e igualmente emergente. Produções pós-modernistas ainda convivem com aspectos dos movimentos anteriores (traços modernos e até pré-modernos).


O contexto pós-moderno (informação e consumo por meio de imagens veiculadas eletronicamente) reflete-se nas produções artísticas. A arquitetura pós-moderna ergue obras que se contrapõem ao funcionalismo e racionalismo dos modernos. Hoje, os templos dos tempos pós-modernos são os shopping centers (assépticos, exageradamente iluminados e coloridos).


O hiper-realismo passa a imperar nas artes plásticas, principalmente na pintura e na escultura Objetos comuns (“latas de sopa em conversa, sapatos, garrafas de refrigerantes”) e imagens resgatadas do consumo popular são, agora, obras de arte. Andy Warhol tornou-se famoso ao pintar latas vazias (“consumidas”) da famosa sopa Campbell. O artista iguala-se às muitas imagens do cotidiano. O banal vira arte.


O rock é a marca registrada do pós-modernismo musical – gênero essencialmente popular, que teve sua evolução a partir de Elvis Presley, passou (não incólume) pelos Rolling Stones e pelos Beatles (mais moderados, mas revolucionários para a época). Aportou nas várias nuances eletrônicas de hoje: rap, hip-hop-funk-reggae..

A Moda
A industrialização, cada vez mais forte, trouxe mudanças no modo de as pessoas se vestirem. Predominam no vestuário das mulheres as linhas retas e a tendência geométrica (mais práticos).

Afinal de contas, as mulheres trabalham fora de casa e precisam desse conforto ao escolher a roupa para trabalhar. Os tecidos indianos (moda hippie), os jeans desbotados (lavados) também são fortes marcas dos anos 60.

A moda democratiza-se: ficou parecida para o homem e para a mulher: é a chegada do unissex. Homens e mulheres usam, indistintamente, o jeans, que passa a ser o uniforme de moços e moças, de meninos e meninas.


Os principais traços (marcas) do que é pós-moderno são: “a eliminação das fronteiras entre arte erudita e popular, o ecletismo, a intertextualidade, o niilismo, o humor e o individualismo narcisista”.


Notas de rodapé: Niilismo é termo do latim Nihil=nada; o grande filósofo do niilismo é Nietzsche, também cultuado pelos modernos; o hiper-realismo utiliza montagens e colagens: é preciso tornar a imagem mais que perfeita (mais real que a realidade); um novo movimento cultural e artístico é sempre uma sequência do movimento anterior, as datas de início e término de um movimento são contribuições do didatismo para identificação de um período, que sempre carrega consigo características das manifestações artísticas do período anterior; a arte popular (tida sempre como “baixa” cultural) é valorizada; a arte pós-moderna é eclética: incorpora, sem falsos pudores, tudo o que foi marcante nos estilos dos movimentos passados, totalmente original, sem obediência a regras pré-estabelecidas, que pudessem tolher a liberdade de criação, criam “à vontade”; o conceito de texto prescinde da palavra: uma escultura, uma obra arquitetônica, uma tela (pintura), um filme: tudo é texto; o “sujeito” pós moderno (niilista) “não crê em nada, não espera nada, não acredita que haja um sentido para a existência (é o retrato de uma época). (cont.)


Geração de 45: prosa e poesia


Cronologia: de 45 a 60
Pós-Modernismo / Produções Contemporâneas
Muitos passos adiante de seu tempo caracterizam algumas manifestações literárias do período; outras são verdadeiro retrocesso. Há uma nítida diferença entre o que é vanguarda e o que é (seria) atraso. O tempo é quem se encarrega de dizer quem está à frente e quem está atrás. Estamos falando, aqui, em qualidade do literário.

Na prosa (nos romances e contos) produz-se uma literatura ainda mais intimista em que prevalece a sondagem psicológia (introspectiva): é tempo de Clarice Lispector, que se destaca nesse período. É a principal representante dessa literatura-intimista.

É tempo também de Rosa, João Guimarães Rosa, que imprime uma nova dimensão ao regionalismo dos anos 30: recria os costumes e a fala do sertanejo ao penetrar fundo na escavação psicológica (“psicologia”) de um tipo característico do sertão do Brasil: o Jagunço.

Poesia
Na poesia é a hora e a vez de João Cabral de Melo Neto: aprofunda as experiências modernistas. É curioso notar que João Cabral não se prende esteticamente a nenhum grupo. Aparece com destaque no panorama literário o poeta Ferreira Gullar, cuja obra apresenta alguns pontos que dialogam (“pontos de contato”) com a obra de Cabral. A citar, ainda, o poeta Mauro Mota.
Guimarães Rosa: “O sertão é dentro da gente”

Aponta com os contos de Sagarana (seu primeiro livro – 1946) novos rumos para o regionalismo na literatura brasileira. Há em Rosa uma linguagem, que é revalorizada, e um regional, que é universalizado. A revalorização da linguagem em Rosa está nos neologismos, no ato de recriar e de inventar palavras. Seu ponto de partida é a fala do sertanejo com suas particularidades e expressões regionais. Rosa dá uma força nova e significados novos às palavras que recria.

Tema recorrente da obra “rosiana” é a luta entre o Bem e o Mal entre Deus e o diabo. Uma luta eterna, presente em toda a obra de Rosa.

Aflora, então, o místico, uma religiosidade de outros tempos (“medieval”) baseada nos dois polos opostos (“dois extremos”). Essa religiosidade tem como marca fundamental o medo, o pavor. Há uma constante preocupação na obra “rosiana” de não se invocar o diabo. Se invocado, ele toma forma (“para que ele não “forme forma”, como diz texto de Rosa, não pode ser invocado.

“Assim o sertão: ora particular, ora pequeno e próximo, ora universal e infinito, pois “o Sertão é o mundo”, ou melhor ainda, “o sertão é dentro da gente”.

Clarice Lispector
“Primeira-dama” da literatura intimista do modernismo brasileiro. Há em sua belíssima e profunda obra o questionamento do ser, o estar-no-mundo, o intimismo, a pesquisa do humano. Daí serem chamados de introspectivos os seus romances. Num questionar sem fim, afloram em sua obra uma certa ambiguidade e um jogo fantástico de antíteses (eu/não eu, o ser/ e o não ser, eixo temático também presente (“de outra forma”) na obra de Guimarães Rosa.

Clarice veste roupas novas nas palavras, preocupada em revalorizá-las e levá-las ao seu grau de significação, valorizando as metáforas e as aliterações. É muito importante ler em Clarice o que ela escreve sem palavras, o que está escrito nas entrelinhas.

Sobre o introspectivo em seu texto, a mágica Clarice diz:
– “Não tem pessoas que cosem para fora? Eu coso para dentro”.
Sobre as entrelinhas: Mas já que se há de escrever, que ao menos não se esmagem com palavras as entrelinhas.

O melhor ainda não foi escrito. O melhor está nas entrelinhas.
João Cabral de Melo Neto

Primeiro caminha nos caminhos literários de Carlos Drummond de Andrade e de Murilo Mendes. Em Pedra do sono (1942) estreia em livros. É nítida a influência de Drummond e Murilo Mendes. Em 1945, com O engenheiro, sua obra toma rumos e características “cabralinos”.

Seus temas são o Nordeste (com sua gente), a Espanha (onde morou muitos anos como diplomata) e a própria arte e suas variadas manifestações. Poesia objetiva ao constatar a realidade, o cotidiano (o dia-a-dia). Em certos casos flerta com o surrealismo. Ponto fundamental de sua obra é a reflexão constante sobre o próprio ato de criar, é o repensar constante de sua poesia, o próprio fazer literário, sobre seu próprio trabalho (labor). É o poeta consciente de sua prática, de seu ofício.

Aprofunda, a partir de 50, a temática social. É um poeta cada vez mais engajado e, consequentemente, uma produção poética cada vez mais engajada. O reconhecimento popular a João Cabral chegou com Morte e vida severina, que é um auto de Natal pernambucano. É dos mais belos poemas dramáticos de nossa literatura.

Notas de rodapé: Morte e vida severina foi encenado pelo TUCA nos anos 60. Foi musicado por Chico Buarque de Holanda. Foi a consagração popular do poeta (considerado de difícil leitura, assim como são considerados difíceis (herméticos). João Guimarães Rosa e Clarice Lispector). Cabral é pernambucano; Clarice, ucraniana e Rosa, mineiro; em 1945, eleições diretas no Brasil para presidente e para a Assembleia Legislativa; em discurso proferido nos EUA (1946), Winston Churchil pode ter acendido o estopim da Guerra Fria (“Uma cortina de ferro desceu sobre o continente” (fazia Churchil alusão à influência soviética na Europa Oriental); a ONU virou centro de delicadas discussões políticas, tornou-se um fórum mundial na busca da paz.

Poesia Concreta
Tendências poéticas caracterizadas pela inovação na forma (sobretudo), por uma aproximação (diálogo) com outras formas de arte e a negação total do verso tradicional vieram à tona pelas mãos (e cabeças) de Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Augusto de Campos, os iniciadores do movimento concretista. Lançado em 1956 (oficialmente) na Exposição de Arte Concreta (Museu de
Arte Moderna de São Paulo – MASP).

Os Campos (Haroldo e Augusto) e Pignatary foram, porém, os pioneiros, pois desde 1952 já se agrupavam em torno da poesia concreta, Foi o ano (52) de lançamento de Noigandres (revista-livro). Cinco números (sob tal denominação) de antologias foram lançados.

Características
Propõe a poesia concreta o poema objetivo; para a sua realização concorrem recursos variados e múltiplos: o visual / o acústico / o espaço tipográfico / a disposição geométrica das palavras (“vocábulos”) no branco da página, a carga semântica. Os concretistas partiam do pressuposto de que o velho e bom verso tradicional (“versificação tradicional”) já havia dado o que tinha que dar, já havia chegado ao fim do seu ciclo histórico; os concretistas, por meio de seus textos, propunham, como referido acima, o poema – objetivo, que procurava “provocar” o leitor, cobrando dele uma co-autoria do texto poético, pois o poema concreto exige uma leitura múltipla (daí a necessidade da “participação ativa” do leitor).

Notas de rodapé 2: Outros nomes de relevância no movimento (“corrente”) concretista: José Lino Grünewald, Ronaldo Azevedo, José Paulo Paes (mais conhecido por seus poemas menos vanguardistas), Edgar Braga e Pedro Xisto; Manuel Bandeira, Ferreira Gullar e Cassiano Ricardo, nomes de peso da poesia brasileira, produziram ocasionalmente poemas que poderiam ser chamados de concretistas (tiveram “experiências concretistas”). (cont.)


Modernismo


Ivo de Souza
Segunda fase: prosa
Cronologia: 1930 a 1945

As preocupações são as mesmas dos poetas da década de 30. Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Rachel de Queiroz, Jorge Amado e Érico Veríssimo realizam uma prosa de maturidade, “uma literatura de caráter mais construtivo”, inovador. Servem-se das conquistas dos pioneiros da geração de 22.


Os grandes romances dessa geração são marcados por um altíssimo grau de tensão no relacionamento do homem (o eu) com o mundo.


O regionalismo ganha fundamental importância na busca incessante, na procura do “brasileiro”. São extremadas as relações do (da) personagem com o meio em que vive, seja ele natural ou social.


Destacam-se, nessa fase, os escritores nordestinos, que retratam a passagem de um status quo (“Nordeste Medieval”) para outro: a nova realidade, agora, é capitalista e imperialista.


As modernas usinas põem abaixo os banguês e os engenhos (cerne da obra de José Lins do Rego); interventores detêm o poder político; as secas intermináveis expõem (desigualdades) as enormes diferenças sociais; a miséria e a fome produzem um incessante movimento migratório: o sertanejo foge da seca e da fome.


A bagaceira, de José Américo de Almeida, é considerado o primeiro romance dessa fase nordestina regionalista, mais pela temática abordada e pelo caráter social do que propriamente por valores estético-literários. José Américo aborda a seca, os retirantes e o engenho em seu romance, publicado em 1928. É um marco na história de nossa literatura.


Características
da Época
A Revolução de 30 acirrou o questionamento das oligarquias, os reflexos da crise mundial e convicções ideológicas em choque fizeram com que posicionamentos mais definidos e engajados aflorascem: o campo é bastante fértil e apropriado para o chamado romance de “denúncia social” – “um documento da realidade brasileira” – todos marcados por um grau de tensão (elevadíssimo!) nas relações eu / mundo.

Engajamento

Preocupações outras que não as estéticas como a crise do café e a Revolução de 1930 estão na mira dos escritores. É uma fase de maior engajamento político (que vai aparecer nas obras literárias de qualidade não como panfleto, mas como criação artística. Literatura é participação e expressa de forma crítica certos aspectos da nossa realidade.

Durante o Pré-Modernismo, os traços referidos acima já estavam presentes. Agora esses aspectos são mais evidentes a partir dos anos 30, sobretudo na riquíssima prosa dos escritores nordestinos. E se acentuam, ainda mais, de 1939 a 1945, período de duração da Segunda Grande Guerra.

Na verdade, foi essa prosa que marcou profundamente esse período: a prosa regionalista (sem ser necessariamente só regional) rural / urbana. Há uma visão crítica da realidade brasileira em linguagem que flertava com a oralidade, palavras e expressões próprias do falar brasileiro (brasileirismos) e pela ousadia na revitalização da sintaxe.


Graciliano Ramos

O nome mais expressivo do chamado romance regionalista do Nordeste, com obras de extremado valor estético e literário: Caetés (sua estreia em livro, em 1933); Memórias do Cárcere; São Bernardo, Angústia, Infância, Vidas secas são obras-primas da literatura brasileira.

É considerado o melhor romancista moderno (é o que diz grande parte da crítica especializada).

Graciliano, em suas obras expõe o clima de tensão que há no relacionamento “homem / meio natural e homem / meio social” e leva ao limite as consequências desse clima tenso, que gera violência, molda o caráter das personagens, chegando a corroer o que os homens têm de bom. A morte nesse contexto de desagregação social está sempre presente (é recorrente).

A luta, agora, é pela sobrevivência (ponto comum nos personagens “gracilianistas”, para os quais a lei magna é a lei-do-que-pode-mais-chora-menos – “a lei da selva”.  Graciliano tem um estilo inconfundível: economia verbal (o mais no menos), pouca adjetivação, dá preferência aos substantivos (o nome das coisas), sintaxe clássica (nesse ponto difere do que apregoavam os modernistas).  “Assim como nos seus enredos, na sua linguagem nada falta, nada sobra”.


Antônio Cândido sintetiza assim a obra maiúscula de Graciliano Ramos: no âmago da sua arte, há um desejo intenso de testemunhar sobre o homem e que tanto os personagens criados quanto, em seguida ele próprio, são projeções deste impulso fundamental, que constitui a unidade profunda de seus livros.


Notas de rodapé: A voz feminina de todo esse período (na poesia) é a de Cecília Meireles. Representante da corrente espiritualista. Nunca perde a marca registrada de sua poesia. A plena consciência de que tudo é transitório, passageiro, fugaz; principalmente a consciência de que o tempo foge, passa: tudo é efêmero. O intimismo, a introspecção, a permanente viagem de si a si mesma (a viagem interior). A obra de Cecília é feita de “sonho, fantasia, solidão e padecimento”.

Quanto ao aspecto formal, há a ressaltar a linguagem altamente simbólica, repleta de imagens e um reiterado apelo sensorial, tudo muito bem embalado em versos de expressiva musicalidade e brilhantes aliterações e a esmerada seleção de adjetivos, os quais, muitas vezes, marcam o ritmo de seus versos.

Notas de rodapé 2: A velha e surrada divisão entre romance social e romance psicológico dilui-se: há romances regionais em que a sondagem (a escavação) psicológica das personagens é marcante e de grande importância para a obra em si mesma e para os leitores. Sondagem psicológia e engajamento são traços fortes que marcam profundamente a maior parte do que se produziu em prosa em um dos períodos mais ricos da literatura brasileira.


Ivo de Souza é professor universitário.


Modernismo: Segunda Fase


Ivo de Souza
Poesia
Cronologia: de 1930 a 1945
Os modernistas da segunda fase são herdeiros das polêmicas (e difíceis) conquistas da geração “avant-garde” de 1922.

A produção poética e a prosa vivem um período de extraordinária  riqueza. O momento histórico mundial é bastante conturbado: depressão econômica (que se seguiu à quebra da Bolsa de Nova York (1929) e perdurou por boa parte dos anos 30), o nazi-fascismo se espalha por alguns países da Europa, explode a segunda Guerra Mundial.


Em nível nacional, Getúlio Vargas consolida seu poder: o país passa a viver a ditatura do Estado Novo.


O leque temático das artes amplia-se. A preocupação mais evidente do artista é o destino humano, o “estar no mundo”. Aliás, não foi essa desde sempre (desde o começo de tudo) a preocupação do artista?


Novo Período

No plano internacional, temos o fim da Segunda Guerra (1945), o mundo vive abalado e perplexo com as explosões atômicas. É criada a Organização das Nações Unidas (ONU).

No plano interno,  há a queda do sr. Getúlio Vargas (1937). Inicia-se, na história da literatura brasileira, um novo período: de amadurecimento e aprofundamento da chamada “fase heroica” do Modernismo (1ª fase) em que havia apenas uma palavra de ordem (o grito de guerra) a ser cumprida: liberdade.


Características da Nova Fase

Em relação à poesia (2ª fase do modernismo), há um amadurecimento natural e um aprofundamento de forma (“verso livre poesia sintética”) e conteúdo em relação a tudo que havia pioneiramente sido conquistado pela geração de 1922.

A influência “andradiana” (de Mário e de Oswald) exercida sobre os poetas que Vieram à luz após a Semana é marcante.


Dois exemplos bastante significativos: o mineiro Carlos Drummond de Andrade tem seu livro Alguma poesia, de estreia, lançado. O poeta de “No meio do caminho” dedica seu 1º livro a Mário de Andrade, e Murilo Mendes segue o caminho aberto por Oswald. Em seu livro História do Brasil, repensa a história do país com desabrido humor e fina ironia.


O artista, agora, questiona a realidade de forma mais vigorosa e se questiona como alguém (“um indivíduo”) que tenta explorar e interpretar o “estar-no-mundo”, assim como o seu importante papel de artista.


O resultado não poderia ser outro: nasce uma literatura “mais politizada” e “mais construtiva”, ou seja, o artista toma consciência de que tem de ser um homem e um artista de seu tempo. A literatura não é algo à margem da sociedade. Deve se aproximar das transformações (“profundas”) que se davam nesse período.


Cecília Meireles, Murilo Mendes, Jorge de Lima e Vinicius de Moraes representam, nesse período, uma corrente que se voltou para o espiritualismo e para o intimismo, fruto também da inquietação com os problemas do homem num mundo conturbado pela guerra e pela desumanização do homem.


Tempo de definições, de posicionar-se diante do mundo e dos homens; tempo de aprofundar ao extremo a relação eu – mundo, ainda que tivessem os poetas da época plena consciência de que o eu era frágil e pequeno, mas que era perfeitamente possível grandes conquistas, quando há “união” de forças e a busca de “soluções coletivas” para problemas (internos e externos) tão graves: Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo. (cont.)(Carlos Drummond de Andrade, in Sentimento do Mundo)


Notas de Rodapé: Carlos Drummond de Andrade é o expoente da poesia contemporânea do Brasil.

Cecília Meireles (Cecília Benevides de Carvalho Meireles) é a grande poeta dessa fase do Modernismo (sem ser modernista); o seu poema Romanceiro da Inconfidência é uma obra-prima da literatura brasileira, um dos mais belos e profundos textos de toda a poesia já escrita em terras do alferes Tiradentes, dos poetas Cláudio Manoel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga.

É a reconstrução de um episódio de nossa história (Inconfidência Mineira), “romanceado” à perfeição pela extraordinária poeta.


Ivo de Souza e professor universitário.

O Movimento Antropofágico


Ivo de Souza
Nova estapa do nacionalismo Pau-Brasil (nacionalismo crítico, consciente, denúncia da realidade brasileira, identificação política com as esquerdas) e resposta ao manifesto do grupo Verde-Amarelismo, que havia criado a Escola da Anta, surge o Movimento Antropofágico, que nasceu inspirado por um quadro de Tarsila do Amaral, “Abaporu”, assim batizado por Oswald de Andrade e Raul Bopp: aba, “homem”; poru, “que come”.

O movimento contou com a Revista de Antropofagia, o principal veículo a transmitir as ideias antropofágicas de Oswald de Andrade, Antônio de Alcântara Machado e Raul Bopp, os dois últimos, respectivamente, diretor e gerente da revista (1ª “dentição”).


Combatendo o nacionalismo ufanista da Anta, a Antropofagia pregava “a devoração da cultura ‘de fora’ (estrangeira), incorporando-a à brasileira, mas sem perder a nossa identidade”.


Revista de Antropofagia

Teve duas fases, ou duas “dentições” na linguagem antropofágica, foram 26 números. Entre os meses de maio de 1928 e fevereiro de 29, foram publicados os primeiros 10 números. Os outros 16 números (a segunda dentição) foram publicados, semanalmente, no Diário de S. Paulo, de março a agosto de 1929. O secretário dessa 2ª dentição foi o sr. Geraldo Ferraz. A palavra secretário era substituída pelos antropofágicos por “açougueiro”.

1ª dentição: foi iniciada com o manifesto (polêmico) de autoria do sr. Oswald de Andrade (“Só a Antropofagia nos une: Socialmente. Economicamente. Filosoficamente”.) A revista refletia a mixórdia em que se havia transformado o movimento modernista. Macunaíma (primeiro capítulo) foi publicado no segundo número. No terceiro número aparece o célebre “No Meio do caminho”, de Carlos Drummond de Andrade.

Há artigos de Oswald de Andrade, Alcântara Machado, Mário de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, desenhos de Tarsila do Amaral. Ao lado de trabalhos desses modernistas de primeira hora, convivem artigos do sr. Plínio Salgado (em defesa da língua tupi) e poemas (passadistas?) do sr. Guilherme de Almeida, dois dignos representantes da Escola da Anta.

Ideologicamente, a segunda “dentição” já se apresenta mais bem definida; a ruptura entre os Andrade (Oswald e Mário) é fato marcante desse período.


Sem abrir mão dos conceitos antropofágicos, permanecem “antropófagos” os srs. Oswald, Raul Bopp, Geraldo Ferraz, Oswaldo Costa, Tarsila do Amaral. No grupo a que se destacar a presença de Patrícia Galvão, a jovem Pagu. As farpas, agora, são lançadas na direção de Mário de Andrade, Alcântara Machado, Graça Aranha, Guilherme de Almeida, Menotti del Picchie e Plínio Salgado, o alvo maior das “mordidas” dos “antropófagos”, os quais continuam na luta por um nacionalismo que procura as origens (sempre martelando na visão crítica da realidade).

A paródia aparece com força na obra oswaldiana – uma forma de repensar a produção literária brasileira, valorizando a língua falada, buscando o que poderia ser (seria) a língua brasileira, sem deixar de fazer uma análise da sociedade burguesa capitalista, especificamente em obras como Serafim Ponte Grande (romance) e  O Rei da vela, famosa peça de Oswald.

Aspectos Formais

Os pequenos (curtos) poemas de Oswald inovaram a poesia. Há nesses “poemas-pílulas” um constante e forte apelo visual. Aparecem também o poema – piada e o poema-síntese e o emprego de versos livres – que fugiam ao estabelecido pela versificação tradicional.

Os romances oswaldianos Memórias Sentimentais de João Miramar e Serafim Ponte Grande botam por terra toda a estrutura dos romances publicados até então (os romances tradicionais). Há em seus romances uma mistura de prosa e poesia em capítulos bem curtos e semi-independentes uns dos outros.


Literatura e História

A Semana de Arte Moderna deve (e tem de) ser vista também como um movimento político-social, além do movimento artístico de grande importância que foi. É a época do movimento tenentista – era a voz da classe média desencantada com os rumos tomados pela República do café-com-leite. A Revolução de 1930 derruba a Velha República (em 30 termina a 1ª fase do Modernismo). Washington Luiz, presidente da República café-com-leite, é deposto pelos revolucionários de 30.

No Mundo

Em 1929 há a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, concretizando o colapso da economia mundial que já vinha aos “trancos e barrancos” desde o início da década (1920-1930) (cont.)

Notas de rodapé: República do café-com-leite ou Velha República: período das oligarquias ligadas aos  donos de latifúndios (grandes proprietários rurais), que dominavam a política brasileira; 1922- revolta militar do Forte de Copacabana culmina com a Revolução de 30 e a ascensão do sr. Getúlio Vargas ao poder; 1922 a 1930 – 1º fase do Modernismo (momento de maior “rebeldia artística”, momento de maior radicalidade estética e ideológica do movimento); apesar de todo futurismo, todo vanguardismo, todo antropofagismo, o Movimento Modernista foi tipicamente de classe média.

Assim como as manifestações político-militares da época, a começar pelos disparos dos canhões de Copacabana; o quadro Albaporu, de Tarsilia do Amaral, foi vendido há alguns anos para um colecionador argentino por alguns milhões de dólares. “Abaporu” é palavra da língua tupi.

Ivo de Souza é professor universitário.


Uma Semana de Três Dias


Ivo de Souza
O grito coletivo do movimento futurista (modernista) foi dado na Semana de Arte Moderna de 22.
Em 13 de fevereiro de 22, o “festival” foi aberto por Graça Aranha com a conferência “A emoção estética na arte moderna”. Apresentaram-se ainda o músico Ernâni Braga, cuja música satirizava Chopin, e os poetas Ronald de Carvalho e Guilherme de Almeida.

A sátira a Chopin levou Guiomar Novaes, pianista, a protestar em público contra os organizadores da Semana.


Em 15 de fevereiro, apresentou-se, apesar do protesto contra a sátira de Ernâni Braga, a pianista Guiomar Novaes. Menotti del Picchia foi a atração da noite. Fez uma conferência sobre arte e estética. A leitura de textos de Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Plínio Salgado ilustraram a conferência “del picchiana”. Historiadores da Semana relatam que, a cada leitura, o público se manifestava de maneira original e inusitada: dava miados e latidos.


Ronald de Carvalho leu o célebre “Os sapos”, de Manuel Bandeira, crítica rasgada ao modelo parnasiano de se fazer poesia. O público não gostou nada do que ouviu e, ironicamente, repetia o refrão do poema de Bandeira: “Foi! não foi! foi!”


O terceiro e último festival da Semana foi realizada no dia 17. O teatro já não tinha tantos espectadores como nos dois primeiros “festivais”. Parecia que tudo ia correr normalmente, até que o maestro Villa-Lobos entrou em cena: de casaca e chinelos. O público viu na atitude do maestro uma postura futurista. E cobriu o sr. Villa-Lobos de vaias.


Klaxon

Em 1922, o mensário de arte moderna Klaxon circulou no dia 15 de maio. Primeira revista modernista, desculpem a rima, Klaxon inovou no projeto gráfico (capa, páginas internas) e no conteúdo.

Uma propaganda procurava satirizar os parnasianos, o reclame (sic) da “Panuosopho, Pateromnium & Cia”, uma grande fábrica internacional de… sonetos”.


Em todos os aspectos, Klaxon anunciava a modernidade, o século XX buzinando (Klaxon quer dizer buzina em inglês) nos ouvidos parnasianos, como se fora um abre-alas, pedindo, (Exigindo!) passagem. Klaxon era o novo que se opunha ao velho, propondo uma nova concepção estética, “caminhando para diante, sempre, sempre, sem renegar o passado”.


Os últimos exemplares da revista circularam em janeiro de 1923, os números 8 e 9 – uma edição dupla.


A 1ª Fase do Modernismo

De 1922 a 1930 o movimento modernista viveu período mais radical. Havia a necessidade de se marcar posição, era necessário definir os rumos do movimento e romper com as estruturas (todas) passadistas.

Há nesse período um forte sentido de destruição (do que estava estabelecido).


O caráter de anarquia (“caráter anárquico”) está presente nessa primeira fase.


Na busca do que é atual, moderno, original, polêmico, paradoxalmente (ou não) há uma volta às origens, ao nacionalismo. Buscavam os modernistas uma “língua brasileira”, a língua do povo nas ruas, as pesquisas de fontes quinhentistas são valorizadas, as paródias ficam na ordem do dia. Tudo numa busca do essencialmente brasileiro. Repensar a história e a literatura brasileiras fazia-se necessário.

Daí a valorização do índio (o homem verdadeiramente brasileiro).

Tempo de Manifestos

Surgem os manifestos nacionalistas. Na linha oswaldiana surgem o Pau-Brasil e o da Antropofagia. E os manifestos do Verde-Amarelismo e do grupo da Anta. Esses dois manifestos já prenunciam o nacionalismo (fascista), “comandado” por Plínio Salgado.

No final dos anos 20, há duas correntes nacionalistas: o nacionalismo crítico, identificado com as esquerdas, nacionalismo de questionamento e de denúncia da realidade vivida pelo brasileiro; do outro lado vicejava um nacionalismo calcado no ufanismo, na utopia, extremamente exagerado em seus postulados; identificado com a direita (extrema!).


Nomes da 1ª Fase do
Modernismo
São expoentes dessa primeira fase os srs. Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Antônio de Alcântara Machado, Menotti del Picchia, Cassiano Ricardo, Guilherme de Almeida, Plínio
Salgado, nomes que continuaram a produzir fartamente nas décadas seguintes. (cont.)


Notas de rodapé: 1922 – Villa-Lobos explicou que os chinelos nada tinham a ver com futurismo. Ele estava com um calo arruinado. 1922 – no intervalo do terceiro festival (17/2/1922), Mário de Andrade, nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo, leu fragmentos do livro A escrava que não é Isaura.


Ivo de Souza é professor universitário.


Copa  é  Copa


Euder Q. de Oliveira
Ronaldo, o “Felômeno“, agora atuando fora dos gramados, como cartola da CBF, disse que dinheiro (nosso) para a copa do mundo não é para construir Hospitais.

Concordo, com o Felômeno, há sessenta anos não temos o maior espetáculo do mundo no País do Futebol . A copa pode ser rentável ao País veja o exemplo dos Estados Unidos, que bateu todos os recordes de bilheteria e outros números mais. Sabe quem financiou a copa lá?


A iniciativa privada! Não houve dinheiro público, do povo Americano.


A construção de Estádios vai gerar empregos, melhora nos aeroportos e blá, blá, blá.


A construção de Hospitais também vai gerar vários blás, blás, blás. Sabemos que todas as construções serão superfaturadas, terminadas em caráter de urgência, sem licitações e blá, blá, blá.

Se o Ronaldo e seus familiares precisarem de assistência médica com certeza irão ao Sírio-Libanês, Albert Einstein ou meia dúzia de Hospitais de Ponta que temos, que serve a menos de 0,1 por cento da população Brasileira.

Talvez por isso ele não tenha noção da nossa pobreza e necessidade.


É isso, para o Povo, “Panis et Circensis“, ou traduzindo para o momento, futebol e cerveja.


Gosto de futebol, torço para a copa no Brasil, é a única chance de o pobre assistir a um jogo dos canarinhos de dentro do Estádio. OPS, será que o ingresso vai custar menos que o salário mínimo?


Em tempo, nos últimos dez anos houve decréscimo da verba destinando à Saúde.


E tem mais, o Curingão vai ser campeão Brasileiro e o Santos, atual campeão Paulista da Libertadores, Brasileiro de Futsal e Feminino (desculpem se esqueci outros títulos) vai ser campeão mundial.  E, chega de blá, blá, blá.


Euder Quintino de Oliveira é médico cardiologista.

Verdade Chinesa

Euder Q. de Oliveira
Um mestre chinês foi indagado sobre o segredo de sua saúde e longevidade, ao que respondeu:
“Coma a metade do que você come; ande o dobro do que você anda; sorria o triplo do que você sorri”.

Não muito tempo atrás a falta de alimento era um dos pilares das causas das doenças, o sedentarismo não existia e as pessoas eram menos tensas.


Hoje, as doenças cardiovasculares lideram o Ranking de mortalidade no Brasil; suas causas básicas: Excesso de alimento, sedentarismo e depressão.


Parece que o velho sábio tem razão; obesidade, sedentarismo e stress, um trio de ingredientes fatais
ao pobre coração.


A prevenção das doenças cardiovasculares deve ser iniciada na infância e o que vemos hoje são crianças obesas, sedentárias, estressadas falsamente diagnosticadas de hiperativas.


Apesar das doenças cardiovasculares matarem o dobro do que o câncer elas são fáceis de prevenir, é só seguir o conselho do sábio.


Vamos nessa? Modere no garfo aumente sua atividade física, e exagere e abuse do sorriso.


Euder Quintino de Oliveira é médico cardiologista.

Dia do Médico

Euder Quintino de Oliveira
Dia dezoito último comemoramos nosso dia, dia do médico, dia de São Lucas.
O Evangelista Lucas era também Médico temos, portanto, em nosso DNA profissional os genes de Lucas.

Infelizmente nossa profissão tem sido banalizada tanto pelo poder público, convênios e por nós mesmos.


Fico triste ao ouvir relatos de pacientes em que submetidos à consulta não são examinados, recebem prescrição e solicitação de exames sem um exame físico sumário.


Os Exames complementares, que são úteis, mas são complementares, são mais valorizados que o ato médico.


Exames auxiliam o diagnóstico, mas não prescrevem o tratamento, não olham nos olhos do paciente, não dão um abraço e uma palavra amiga.


Nem só de ciência se faz a medicina, comprometimento, honestidade e compaixão com o paciente são ingredientes necessários para o exercício da profissão.


Espero que o Espírito de Lucas não me abandone em minha Jornada.

Um Feliz Dia dos Médicos; todos os dias. Agradeço o carinho dos meus pacientes e amigos.

Euder é médico cardiologista em Olímpia.

Amy… Amy!

Ivo de Souza
Aos 27 anos, assim como Janis Joplin, Jimi Hendrix, Kurt Cobain, Amy Winehouse se foi (antes do combinado, não é mesmo seu Rolando Boldrin?). Há pessoas que, parece, não são (mesmo) deste nem para este mundo.

Chegam, vivem pouco tempo (ou muito tempo, sabe-se lá?…) e, como um meteoro, de cauda brilhante, vão-se. Sem mais adeus. Amy surgiu na cena musical e assombrou os críticos (e arrigimentou fãs mundo afora) mais exigentes com um talento incomum e atitudes idem – vestia-se, penteava-se, maquiava-se e, principalmente, cantava como Amy Winehouse.

Não era igual a ninguém no cenário da música. Ninguém era (conseguia cantar) como ela. Branca, inglesa, cantava como as grandes cantoras negras norte-americanas. Como uma “Lady-soul”. Como Billie Holiday, como Aretha Franklin ou Janis Joplin (outra branca de negra voz).

Quando apareceu, em outubro de 2003, com “Frank”, seu álbum de estreia, a crítica caiu a seus pés. Sua voz foi comparada à de Sarah Vaughan e Macy Gray. E saudou-a como uma estrela que nascia. A consagração mundial veio em 2006 (outubro) quando lançou seu segundo (e último?) disco: “Back to Black”, com o qual ganhou cinco prêmios Grammy.

Era a hora da Estrela. E, no dia 23 de julho de 2011, ainda agora, às 17 horas e 20 minutos, foi encontrada morta em seu apartamento londrino (no norte de Londres). A polícia foi chamada ao local, às 16 h 05, a cantora já estava morta.

É hora de botar uma pedra sobre as tristes e patéticas imagens de Amy, que os tabloides londrinos sensacionalistas adoravam estampar na primeira página.  O que fica é a grande cantora que ela foi (que ela é). Sua bela música. E sua voz inconfundível, um vozeirão, que falava à alma das pessoas, chegava aos corações e mexia com a emoção de quem a ouvisse. A música que Amy gostava e sabia cantar;  a música que sempre  embalou seus sonhos, alegrias e tristezas de menina (seu pai, um taxista, era um entusiasta do jazz): a música dos negros americanos e das divas brancas do soul, britânicas como ela.


O que se passava com Amy só Amy sabia. A verdade sobre seu comportamento para sempre ficará sepultada com o corpo frágil, franzino, que abrigava (nem se sabe como) uma voz poderosíssima, um dom, certamente, divino. O meteoro veio, viu (não gostou do viu) e foi embora. Deixando atrás de si um rastro lindo de luz… E uma nova estrela nos céus teve de ser batizada: a estrela Amy Winehouse. Basta olhar para os céus numa noite cheia de estrelas… Ela lá está!


P.S.: O problema de Amy é idêntico ao de milhões de jovens em qualquer parte do mundo: dominados pelas drogas, não conseguem sair do mundo escuro, confuso, melancólico e triste (muito triste!) em que, um dia, por um motivo ou outro, entraram pelas partas do fundo. Só que Amy era uma artista e, como grande artista que foi (é), seus problemas (sua decadência física e psicológica) eram escancarados nas capas dos jornais, ávidos para faturar alguns dólares a mais sobre a desgraça alheia.


O que fazer para salvar tantos e tantos jovens dominados pela força das drogas, reféns desse vício maldito? Tantos jovens que, como Amy, desprendem-se da vida terrena (aos 27 anos!) em busca de alguma coisa que nem eles próprios sabem o que seja. É triste, é trágico, é lamentável. É terrível, é doloroso. O que fazer, senhores pais? O que fazer?


Em tempo: As cinzas de Amy (esse era o desejo dela) foram colocadas ao lado das cinzas da avó. Um ato de profundo simbolismo…

 
Ivo de Souza é professor universitário.

Ídolos

Euder Quintino
de Oliveira
Desde o início das civilizações o Homem tem necessidade de ídolos. Fanatismos à parte, os ídolos servem de norte, moldam nossa personalidade e orientam nossa conduta.

Temos vários ídolos em nossas vidas, os pais, irmãos, amigos, no esporte, na arte, no campo profissional, na política, etc.


No período da minha adolescência, fumar era moda, meu pai e quatro irmãos fumavam, eu, nunca fumei, segui o conselho do meu ídolo no futebol, Pelé, que era contra o tabaco e álcool, nunca foi  garoto propaganda destes produtos. Infelizmente, alguns ídolos do esporte incentivam os jovens ao consumo de álcool. É o dinheiro falando mais alto. Ídolo tem que ter responsabilidade.


No último congresso paulista de cardiologia em que Olímpia foi bem representada por seus cardiologistas (Dr. José Carlos Ferraz, Dr. Julio Tacio de Amorim, Dr. Roberto Ribeiro José e Dr.
Otávio Lopes Ferraz), encontrei meu grande ídolo profissional, Dr. Adib Jatene. Como se diz na gíria, ele é o “cara”.


Excelente profissional, ético, humano, educado, dedicado, determinado e humilde.

Esse médico é o ídolo a ser seguido pela nossa classe. Quem sabe eu chegue a dez por cento do Dr. Adib, me daria por realizado.

Euder Quintino de Oliveira é médico cardiologista em Olímpia.

O  Milagre Interior

Euder Q de Oliveira
Gosto das letras das modas  sertanejas, são simples e ricas em sentimento.
¨O milagre do ladrão¨ de Zilo e Zalo, conta a estória de um garotinho paraplégico que sonha em sair da cadeira de rodas e brincar com os coleguinhas.

A mãe alimenta a esperança do garoto, em fé no Papai do céu, um ¨Homem¨ Bondoso de Barbas. Certa noite, em meio a uma tempestade, um Ladrão Barbudo (não daqueles de Brasília) invade o lar, e, ao vê-lo, o garotinho em sua fé inocente confunde-o com Jesus, levanta-se e caminha curado ao seu encontro, agradece em meio aos abraços e beijos pedindo que o meliante fique um pouco mais em sua casa.


Temos nesta estória dois milagres, um da fé e da pureza do coração da criança (vinde a mim as criancinhas…), outro do amor (Deus é Amor, ame o próximo como a ti mesmo) que tem o poder de transformar.


Estamos a procura de milagres, esperando a intervenção divina a nosso favor,  negociamos, prometemos, usamos nossa mente em vez do coração.


É, meu amigo, com o Papai do céu não adianta negociar, ser astuto, ser letrado, nada disso vale. Procure no fundo do seu coração a criança adormecida, e cuide dela com carinho que o Papai do Céu vai lhe sorrir.


Mas…é difícil, o caminho é estreito… . Muito difícil.


Euder Quintino de Oliveira é médico cardiologista em Olímpia.


Gratidão


Euder Q. de Oliveira
Tem coisas que tocam o nosso coração, entre elas está a gratidão.
O sentimento de gratidão é verdadeiro, puro, sem interesse, sem preço nem exigência.
Quando temos a oportunidade e o privilégio de ajudar a alguém, sem interesse e nem esperar recompensas, não podemos perdê-la.

Infelizmente há muitas pessoas esperando uma oportunidade para tirar proveito dos momentos de desespero e dificuldade do próximo a fim de levar algum tipo de vantagem. Assim ocorre com médicos, advogados, negociantes que aproveitam da fragilidade e desespero momentâneos, cobram honorários aviltantes, pagam valores muito abaixo do mercado nos bens das “vítimas” (negócio da china) quando a situação seria de estender a mão, praticando os ensinamentos de Cristo.

Na outra banda temos os ingratos, infelizes ingratos, os quais devemos continuar ajudando, que, com certeza, o nosso batistério terá firma reconhecida e assinada com gratidão por Deus.

É isso. Se tiver oportunidade, ajude sem interesse.

Credito a inspiração deste artigo aos amigos José Carlos e José Roberto, exemplo de gratidão Eterna. Valeu!

Euder Quintino de Oliveira é médico cardiologista.

Ensaio para democracia


Artur César Passoni
Com todo respeito às pessoas e familiares aos quais foram dados nomes a prédios públicos, ruas, praças, etc.

Sei que foram pessoas dignas quando estavam vivas por isso, não contesto nenhum deles.

Como é proibido colocar nome de pessoas vivas em prédios públicos, ruas, etc. E o prefeito Geninho está com dificuldades de achar nomes para homenagear. Então gostaria de dar uma sugestão ao prefeito, porque não fazer um inventário de todas as pessoas de bem e honradas que nasceram, viveram e morreram em Olímpia, desde sua fundação, e, de maneira bem democrática, sortear tais nomes. Aqueles que forem contemplados e com a permissão dos familiares seriam homenageados com nomes em prédios públicos.

Sei que a história só contempla pessoas dignas que se destacaram. Porque não mudar um pouco e contemplar a todos.

Da mesma forma que as pessoas que tiveram destaque ou foram parentes de tais, os de menor destaque e posição, sem parentes importantes, também merecem. Pois foram trabalhadores que ajudaram a construir nossa cidade. Incluindo a todos estaremos fazendo um grande ensaio para a democracia (governo do povo).

Enfim, todas as pessoas dignas e honradas que viveram em Olímpia merecem ser homenageadas.

Artur César Passoni é Engenheiro Agrônomo.


Preces Terapêuticas

Euder Q. de Oliveira
Ao longo da História, religião e ciência conviveram apartadas, caminhando em paralelo. Falta de conhecimento de um lado, ceticismo de outro.

Atualmente, vivemos na medicina um congraçamento da ciência e da fé. Diversos trabalhos científicos bem conduzidos vêm demonstrando cientificamente o poder da fé e das orações no auxílio ao tratamento médico.

Pessoas religiosas e de fé e que recebem orações recuperam-se melhor de suas patologias. Vários Hospitais e Faculdades médicas de renome já apresentam o departamento de medicina Espiritual, que é supra-religioso, respeita o credo de cada um, estimula a fé e é isento de fanatismo.

Os trabalhos não mostram uma religião melhor que a outra e sim a fé que é o diferencial.
A organização mundial de saúde redefine a saúde como um bem estar Físico, Mental, Social e Espiritual. Cabe a nós, médicos, questionarmos nosso paciente quanto a religiosidade além de seus hábitos de vida e estimulá-lo ao desenvolvimento espiritual.

No final da consulta devemos entregar a receita dos medicamentos, a dieta, os cuidados e, com muito amor no coração, desejar a benção de Deus.

Andar com Fé eu vou
Que a Fé não costuma
Falhar“. Gilberto Gil


Euder Quintino de Oliveira é médico cardiologista.

Questão Ambiental

Arthur César Passoni
Em 1975, assisti um filme do já falecido cineasta Japonês Akira Kurusawa, e , uma parte me fez refletir até hoje, foi quando o personagem Dersu Uzala, uma pessoa simples mas com grande sensibilidade. Depois do jantar no acampamento, não deixou que os restos de comida fossem jogados fora, não me recordo bem, mas foi mais ou menos isso que ele disse:

– Não jogue fora, pois outros virão e poderão aproveitar.

Hoje no Brasil, está em discussão no Congresso, um novo código florestal, anistiando desmatadores e outras barbáries.

Os Agricultores brasileiros, precisam se conscientizar de uma vez por todas, se não conservarmos as nascentes, matas, rios, etc, não haverá nada no futuro. Hoje, pelos sinais que a natureza está nos dando, com grandes secas, enchentes, nevascas, furacões, e aqui também, no município de Olímpia, temos o exemplo da citricultura que está praticamente inviabilizada pelos problemas climáticos.

Da mesma forma que Dersu Uzala estava preocupado com a sobrevivência do próximo e com as gerações futuras, os agricultores deveriam pensar da mesma forma.

De que adianta sugar a natureza ao máximo para ganharmos alguns tostões a mais e deixar para quem? – Para nossos netos e bisnetos?

Não querendo ser pessimista, mas do modo como estamos caminhando, tenho dúvidas quanto ao futuro.

Portanto, vamos nos comprometer a cuidar das nascentes, das APPS, reflorestando se for necessário para repor o que foi devastado no passado.

Se for mexer no código florestal, é para melhorá-lo, não para piorar como foi proposto.
A questão ambiental hoje, é questão de sobrevivência das gerações futuras.

Artur César Passoni é Engenheiro Agrônomo.

Horário de Verão e seus motivos


Francisco C. Martins
Quando se divulga a quantidade economizada de energia elétrica pela implantação do Horário de Verão no Brasil muita gente faz uma pergunta inevitável. Vale a pena tanto esforço para tão pouca economia? Antes que seja dada uma resposta definitiva, é preciso esclarecer alguns pontos dessa complexa questão.

O consumo de eletricidade no país, assim como a audiência de determinada emissora de televisão, segue uma tendência histórica, com picos de consumo num caso e de audiência no outro. Esse movimento é melhor visualizado ao transportar os números para um gráfico quando se percebe uma curva acentuada nos momentos de maior ênfase. Numa rede de televisão os picos de audiência são comemorados com extrema alegria. No setor elétrico, os picos de consumo são uma das maiores preocupações para técnicos e engenheiros das empresas que são responsáveis pelo serviço de fornecimento de eletricidade para  a população.

Num espaço de aproximadamente três horas consome-se eletricidade capaz de desenhar uma curva bastante acentuada que se difere do restante do comportamento da demanda no restante do dia. É justamente essa curva o momento de maior exigência do setor elétrico porque a oferta de eletricidade (quantidade de energia disponível naquele momento) fica muito próxima da demanda (carga), aumentando os riscos de oscilações e até grandes interrupções de eletricidade.

O Horário de Verão é prioritariamente implantado para justamente desviar essas possibilidades. Com uma curva menor, mais achatada, os riscos diminuem e a segurança do sistema mantém–se em patamares cujos controles são perfeitamente administráveis.

Por que isso acontece? Perguntam uns. Como essa curva é ‘achatada’? Perguntam outros. Pois bem, o Horário de Verão acaba modificando a rotina das empresas e das pessoas. A Iluminação Pública é acionada mais tarde, as pessoas tomam banhos em horários desconcentrados, empresas modificam seus turnos e o comércio pode aproveitar otimizadamente a iluminação natural por mais tempo. Claro que não é apenas isso. Mas esses exemplos são perfeitamente didáticos para mostrar que a curva de consumo  sofre uma distensão  maior.

E existe economia de energia? Sim, há economia de energia, não tanto quanto dez, vinte anos atrás, mesmo porque a população incorporou várias práticas de uso eficiente e inteligente de eletricidade, mas ela ocorre.

Nas regiões atendidas pela distribuidora CPFL Paulista, em 234 cidades do interior paulista, a empresa estima uma redução no consumo de 0,7%, economia que totalizará 73.800 MWh, suficientes para abastecer uma cidade do porte de Bauru durante 35 dias ou São José do Rio Preto por 31 dias. No horário de pico, a expectativa de redução atinge 4% da demanda, afastando consideravelmente os riscos de desabastecimento.

Implantado sucessivamente há 26 anos no Brasil, a medida já está incorporada na cultura do brasileiro. E desta vez se estenderá até o dia 19 de fevereiro, à meia-noite. Do dia 17 de outubro deste ano até lá serão 126 dias. Os relógios se adiantam uma hora nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Distrito Federal e  o país, podem ter certeza, ganha muito com isso.

Francisco Carlos Martins é Gerente da Regional Noroeste CPFL Paulista.

Vacinação contra raiva

Alexandre Guedes Fraga
A vacinação contra raiva no Estado de São Paulo continua suspensa, em respeito do governo estadual, aos animais e seus proprietários, mas a vacinação antirrábica na minha clínica e, acredito que na maioria das clínicas sérias, continua sem problemas.

Para aproveitar, é muito comum escutarmos pessoas dizendo que vacina nacional e importada é a mesma coisa, tem o mesmo efeito, é o veterinário que quer cobrar a mais pela vacina. Hoje estamos tendo um problema com a vacina de raiva produzida pela BIOVET, que é um laboratório nacional e que não produz só vacinas contra raiva.

Só para informação, sendo a raiva uma zoonose, ou seja, uma doença transmitida para seres humanos, diferente da parvovirose e da cinomose, entre outras, existe um controle do governo sobre a qualidade da vacina. E as vacinas contra doenças só de animais, qual será o controle de qualidade?

Ao vacinar seu cão, exija o selo da vacina, nele deve conter o fabricante e o endereço onde foi produzida a vacina, pois já temos vacinas terceirizadas, onde uma marca compra uma vacina não se sabe de onde, carimba o seu nome, porém não há endereço nem país de fabricação e alguns estabelecimentos da cidade vendem essa vacina como de boa procedência sendo que importado pode ser até do Paraguai.

Alexandre Guedes Fraga é médico veterinário em Olímpia.

Padre Luciano: Aprendendo com a morte a doar a vida

Pe. Ivanaldo Mendonça

O óbito do Padre Luciano Carlos da Silva, ocorrido no último dia 24, comoveu a todos, indistintamente. Aos familiares, amigos e cristãos católicos, sobretudo, esta dor doeu mais forte, pois no auge do exercício do ministério sacerdotal, aos 33 anos, este irmão volta à casa do Pai, após percorrer o calvário da enfermidade.

Passados os funerais e a celebração de sétimo dia de sua entrada nos céus, ocorreu-me: “a vida do Padre Luciano não foi tirada e sim doada”. Esta perspectiva não me foi aberta pela lógica ou filosofia, mas pela fé. A fé não cega, nem amputa nossas faculdades, mas nos dá condições de vislumbrar e lançar-nos ao que está além de nós e que não deixa de existir ou ser verdadeiro pelo simples fato de não estar sob nosso controle, como o é o sentido da vida humana.

Pela força da fé e do amor, Luciano fez da vida um constante doar-se, um constante oferecer-se a Deus e aos irmãos. Doou a juventude, a alegria, a dedicação, a coragem, a disciplina e perseverança, a inteligência, a força física, os sacrifícios, a enfermidade. Assumindo a vocação sacerdotal nada perdeu. Descobriu riquezas maiores fazendo-se, à semelhança do Cristo Bom Pastor, “pai de todos”, “irmão de todos”, “amigo de todos”, “filho de todos”.

Este constante oferecer-se exigiu do jovem Luciano que, muito mais que confiar em si mesmo, aprendesse a confiar na força sustentadora do Espírito Santo de Deus

O óbito do jovem presbítero coroa a caminhada terrena de alguém que foi capaz de abrir mão da própria vida em vista de um projeto de amor e doação: o Reino de Deus. Reino que não se impõe pela força, violência e poder; Reino que é proposta de amor e adesão

Se pensasse apenas em si, se cuidasse apenas de si, se amasse apenas a si, talvez seu tempo de vida entre nós se prolongasse. O pensar em nós, o cuidar de nós e o amar a nós, tornou mais breve o número de anos deste nosso “pai-irmão” aqui na terra.

Creio profundamente que idade e tempo de vida terrena não podem ser equiparados à maturidade, experiência e, sobretudo, capacidade de amar. Todos os que vivem muito amam muito? Todos os de cabelos brancos são experientes? Quando “perdemos” alguém que amamos com mais tempo de vida sofremos menos?

Resta-nos dizer ao Pai do céu: Muito obrigado, Senhor! Por todos os que doam e muito mais, Se doam no seguimento fiel a teu filho Jesus, a ponto de entregar a própria vida com alegria e disposição para que outros vivam, cresçam, amem, amadureçam. À família do Padre Luciano nossa gratidão por oferecer à Igreja um filho tão empenhado e radical no amor e no serviço a Deus e aos irmãos.

À Paróquia São João Batista e Comunidade São José, celeiro no qual a vocação do Luciano foi cultivada com carinho, toda a Igreja agradece.

Inspirado em Cristo Jesus, Luciano deixa-nos como herança um tesouro que a traça não corrói e que o tempo jamais apagará: as marcas profundas e indeléveis da doação generosa de si. Louvo e bendigo a Deus por me permitir testemunhar página tão bonita da história, que me faz aprender com a morte a doar a vida.

Pe. Ivanaldo Mendonça é Pároco da Paróquia São José – Olímpia

Era uma vez, um festival do folclore

Alexandre G. Fraga

Infelizmente, nosso festival caminha para virar mais uma lenda folclórica. O povo, cuja opinião é a que realmente importa já antevê a extinção da festa e gostaria que alguém da imprensa séria, ética, buscasse informações para nós, pobres ignorantes.

Realizar um festival é um processo lógico; o tema é o folclore, acompanhado de atrativos para o público. Sendo sincero, sem ufanismo como “ritmos contagiantes que reacendem em blá-blá-blá”, folclore não atrai ninguém, a maioria das pessoas não vai para ver o folclore, o que as atrairiam seria um parquinho decente, muitas barraquinhas variadas e comidas melhor servidas. O povo exige quase nada. Veja bem, “QUASE”.

Aí vêm as dúvidas:
Alguém poderia nos dizer por que, quando não recebíamos verbas oficiais o festival era melhor? Por que, tendo essa verba o povo tem que pagar caro para consumir na festa? O povo sabe que é a comissão que tabela o preço das bebidas e que o preço alto dos outros produtos é por causa do alto valor cobrado dos barraqueiros, e nesse caso, mais uma vez, cadê a verba para que nós não paguemos o pato?

Para não ficarmos divagando gostaríamos de saber se eles acreditam mesmo que o festival é um sucesso e se a ideia dos organizadores é acabar com o festival, pois as ações tomadas nos levam a pensar assim.

Alexandre é médico veterinário em Olímpia.

A arte, o que é?

“Para que ler a crítica? Não basta olhar para o quadro?

Ivo de Souza
Discussões bizantinas à parte, a questão se resume, praticamente, em uma só: o que é Arte?, o que é obra de arte?, ou seja, quando é que uma experiência artística (um quadro, uma escultura, um livro, uma música, uma fotografia ganha status, a chancela, alcança a categoria o re-conhecimento (e a consagração) de obra de arte? E quem é que confere a essa expressão artística tal status?

A questão, complexa, é bastante relativa; nunca chegaremos a um consenso sobre tal assunto (e precisa?). O que é obra de arte para uns, não o será, necessariamente, para outros. E nem chegamos, aqui, a abordar a crítica e os críticos de arte – outro tema que provoca debates acalorados quando se mexe nesse vespeiro.

Arte é Arte e estamos conversados? Ponto final? Não é bem assim, todos sabemos. E os críticos, provavelmente, por didatismo ou sei lá o quê, dividem , por exemplo, o fazer artístico em Arte Erudita e Arte Popular. E, aqui, surge mais um conceito a ser considerado. E outros conceitos aparecem na rabeira dessa divisão: primitivismo, arte naïf, manifestações folclóricas, artesanato e outras tantas denominações (ah! O poder de nomear!).

E o que dizer da arte acadêmica e da arte moderna, do academicismo (que procura imitar, aproximar-se o quanto possível da realidade real) e do modernismo – que se afasta (mas nem tanto) intencionalmente do real para privilegiar o onírico, a imaginação, para expressar uma visão própria e única (singular) do real no ato de criar o artístico.

E, dentro do que se convencionou chamar-se de moderno surgem, as várias correntes (movimentos): o Expressionismo, o Impressionismo, o Cubismo, o Surrealismo, o Dadaísmo, o Futurismo, a Pop-Art (por que uma lata de sopa pintada por Andy Warhol é considerada obra (pop) de arte?. E as polêmicas instalações, o grafitismo? E o pós-moderno? Tudo precisa ser considerado e avaliado.

É certo que o desconhecido pode provocar em muitos um certo medo, e o novo, muitas vezes, pode chocar mentes “mais desavisadas”. Quantos gostarão de “Abaporu”, obra-mestra de Tarsila do Amaral (comprada por milhões de reais por um colecionador argentino)?; quantos apreciarão “O Homem Amarelo”, de Anita Malfatti? O desconhecido, o diferente, o novo, o ainda não-visto, o inusitado, o inesperado causam sempre, a princípio, estranhamento e distanciamento, recusa; mazelas que o tempo encarregar-se-á de curá-las (ou não).

Para que serve a Arte (outra perguntinha marota que tem gerado, ao longo da história humana, discussões, debates e até pomposas teses acadêmicas)? Arte é para emocionar e também fazer pensar, refletir, questionar valores, idéias, ideologias…

Segundo Roland Barthes, a literatura (e por extensão a arte em geral, digo eu) é sempre uma reflexão sobre a sociedade. Ela [a literatura] terá sempre um ambíguo papel de expressão do mal-estar ou da infelicidade social… e, ao mesmo tempo, terá um papel utópico de figuração de certas utopias, arremata com rara felicidade o mestre (semiólogo) francês. Toda obra de arte “deve cumprir” uma função social (fazer pensar a sociedade em que vivemos); não estamos falando aqui de engajamento (arte engajada). Dewey, filósofo norte-americano, diz que a arte depende da “completa interpenetração” entre o sensorial (emoção?) e o intelectual (razão?).

Na verdade há muitas definições (e nenhuma definição!) sobre o que seja obra de arte. Nenhuma delas, porém, consegue inteiramente dar conta em, um único conceito, da grandeza, da complexidade e da criação que plasmam as “verdadeiras” obras de arte.

O mesmo ocorre com a poesia. Poesia! O que é? Poesia não se define (seria possível definir um quadro, uma escultura e tantas manifestações artísticas?). Poesia, sente-se. O mesmo se aplica ainda, às outras obras consideradas de arte. Não me refiro, aqui, aos estudiosos da Arte, aos críticos, que, por obrigação de ofício, preocupam-se em “explicar” tecnicamente, e até matematicamente, porque o quadro x é obra de arte, e o quandro y não o é São tão frios e tão técnicos que, muitas vezes, conseguem “arrancar” da tela a beleza que a tela tem, tantas as explicações (até científicas!), muitas vezes incompreensíveis (e por isso, não aceitas) aos olhos do simples comum dos mortais.

O problema, reitero aqui minha tese, é um só: o homem desde que o mundo é mundo, procura (busca!) o Belo. É da natureza humana. E gosta “disso” ou “daquilo” por ser bonito agradável aos olhos e ao coração, independentemente “disso” ou “daquilo” serem ou não obra de arte. E é essa beleza que lhe faz bem à alma. Entretanto não consegue expressar em palavras o Belo que vê. Sente a beleza e se emociona diante dela. Não a explica, porém.

Uma última questão: E o feio que é belo? Existe beleza no que é considerado “feio”, “triste”, “pobre” (é a beleza franciscana de que nos fala Clarice Lispector no seu mágico livro “Água Viva”). Lembram-se de certas canções da Bossa Nova que falavam do morro, da favela, mas eram compostas nos chiques e muito bem situados apartamentos da Zona Sul do Rio de Janeiro (Ipanema, Leblon, Copacabana…). É claro que esse distanciamento espacial não tem a ver com boa ou má expressão artística.

A literatura, segundo Barthes (e a Arte em geral, digo eu) tem dupla função (expressa o mal-estar ou infelicidade social, mas tem um papel utópico). E é por isso que a Arte pode nos fazer seres humanos “observadores”, que veem bem. E ver é fundamental. Ver bem, imprescindível. A arte, enfim, pode no fazer seres (humanos) melhores, “humanizados” e críticos. E utópicos (no melhor sentido da palavra).

Ivo de Souza é professor universitário.


Anjos

Euder Q. de Oliveira
Meus anjos não são alados invisíveis, são de carne e osso e convivem comigo.
Tal qual os anjos da minha infância vivem para proteger e ajudar o próximo, a asa direita chama-se amor a esquerda, compaixão.

São pessoas especiais que amam e sofrem, tem um dom  de sensibilizar-se diante do sofrimento e injustiça, de pronto agem guiados pelo coração.

Meus anjos não são espertos, não sabem negociar, não esperam lucros ou reconhecimentos, nesta ou noutra vida, não precisam patentes ou títulos são abençoados por Deus e amam.

Estão entre nós para dar equilíbrio à nossa existência

São lâmpadas a iluminar a escuridão.

Conheço muitos anjos, alguns dedicam-se aos enfermos outros às crianças abandonadas, aos jovens perdidos no vício, aos animais, à natureza e a tudo o quanto precisa de ajuda, amor e compaixão.

A vocês, meus anjos, desejo todo amor e agradeço por nos proteger e tornar a vida mais agradável.

Euder Quintino de Oliveira é médico cardiologista.


 

Vitrines

Euder Q. de Oliveira   

Ainda não eram sete horas e lá estava a moça colada ao vidro da vitrine da butique.
Seu corpo relaxado apoiava-se com as mãos no topo do cabo da vassoura liberando sua imaginação e os sonhos.

Havia roupas e assessórios, bolsas, bijuterias, sapatos e botas; As botas não sei porque exercem um fascínio nas mulheres. Tudo que ali havia não era  para o seu topete posto, que é pobre mas a vaidade feminina e por que não a classe e elegância são próprias das mulheres e independem da classe social.

Após vestir-se, calçar as botas perfumar-se e enfeitar-se com as bijuterias, mesmo que em sonho, sonhos são gratuitos, deu um suspiro, colocou as mãos calejadas em posição de varrer e seguiu seu ofício com um quase sorriso no rosto

Pensei neste momento como são importantes as vitrines; servem para os ricos olhar e entrar, talvez comprar e para os pobres, com a loja fechada, olhar e sonhar. Não sei por que também pensei no Arruda, ex-governador de Brasília e sua gangue que apesar do bom salário e prestígio precisam roubar o dinheiro público.

Seria pra comprar botas para as esposas? Lá vem as botas, acho que eu é que me encanto com as mulheres de botas. Mas, vamos ao trabalho, e as vitrines; uma outra está repleta de ovos de páscoa e duas crianças com seus narizinhos colados, sonhando, sonhando, sonhando.

Feliz páscoa a todos em especial aos que não perdem a capacidade de sonhar.

Euder Quintino de Oliveira é médico cardiologista.

Os Insubistituíveis

 José Roberto M. de Souza
Em sua grande maioria o ser humano tem a força de hábito de dizer que ninguém é insubstituível, principalmente se a pessoa citada, na roda de amigos ou inimigos encontra-se em fase terminal de saúde, prestes a aposentar-se,  ou de perder cargos ou funções de destaque em sua atividade humana, e a mencionada pessoa for dinâmica, progressista, ou destacar-se ativamente, com seus atos de grandeza e financeiramente, causando inveja, aos severos críticos de suas obras. Digo eu,  muitos não só fazem falta mas, realmente são mesmos  INSUBISTITUÍVEIS.

Haja visto o que já ocorreu em OLIMPIA, que contando com um dos seus filhos queridos, que foi o Professor José Sant´anna, projetou nacionalmente e além fronteiras sua cidade, com seu Festival de FOLCLORE, que criou, intituiu e o organizou de tal maneira e grandeza, mas, infelizmente, com seu falecimento precoce, viu-se a partir daí o referido evento deteriorar-se ano a ano, e  perder a sua magnitude.

Porém também graças ao seu denodado trabalho, Olímpia conta hoje com mais um Empreendedor valoroso, que novamente vem projetando a nível Nacional a cidade que amamos, com o Clube “Thermas dos Laranjais”, gerando a partir de sua criação, instalação e funcionamento, mais empregos, valorização imobiliária, instalação, ampliação e melhoramentos no ramo hoteleiro e a expansão do Turismo na cidade, graças a iniciativa e criatividade do senhor Benito Benatti, que  se por um acaso ou fatalidade vier ser substituído frente ao empreendimento que administra, com toda certeza, não só fará falta pela sua grande iniciativa, mas, também, virá ser mais um grande homem Insubstituível no mencionado clube.

Finalizando afirmo com toda convicção e opinião própria, que já tivemos o exemplo de grandes homens que com sua falta deixaram um vazio muito grande no coração, e mente da população brasileira, tais como.

Ayrton Senna no campo esportivo do automobilismo;

Dr. Paulo Prata, idealizador da Fundação Pio XII, mas deve sentir-se orgulhoso e feliz no Céu, pois seu glorioso filho, HENRIQUE PRATA, cada dia mais vem realizando um enorme trabalho no Hospital de Câncer de Barretos, no atendimento de milhares de pacientes de todo País, substituindo a altura seu valoroso Pai.

PS:- Tive o grande prazer de conhecer e ser amigo do Prof. Sant´anna;
Porém, não tive a honra de conhecer pessoalmente o Sr. Benito Benatti, mas sou um grande admirador de sua obra.

José Roberto M. de Souza  – Altair/SP.

A Alegria que incomoda

Euder Q. de Oliveira

Já escrevi nesta coluna sobre a fábula da cobra e o vagalume em que o réptil quer devorar o inseto que lhe é indigesto, apenas porque seu brilho incomoda.

Se eu não tenho a capacidade de sorrir, brilhar, é melhor sufocar a alegria dos outros para que fiquemos nivelados. Nesta toada concordo com a previsão da organização mundial de saúde (OMS): A depressão será a doença predominante deste século.

A alegria e o brilho alheio incomodam, é como se tivéssemos um código penal interior que diz: toda alegria será castigada.

Os  meninos de vila, vagalumes do Santos Futebol Clube, estão jogando um futebol alegre, vibrante como há muito tempo não víamos e despertaram todas as serpentes que já saíram à caça.

O que incomoda as cobras não são as coreografias, que como dizia o Prof. Santana a dança é a maneira mais antiga de celebração. O que incomoda realmente é jogar atacando, os dribles desconcertantes, o sorriso no rosto, a união.

As cobras uniram-se, jogadores, torcidas (até Corintiano torceu para o Palmeiras), imprensa esportiva, árbitros e justiça desportiva darão conta de acabar com o brilho e tudo voltará a normalidade.

Gosto do Futebol bonito, vistoso, alegre, tal qual a academia do Palmeiras com Ademir da Guia, Nei, Cesar Maluco e Levinha; os Menudos do São Paulo com Silas, Miler, Careca e Sidnei; Os Democratas do Corinthians com Sócrates, Casagrande e Zenon.

Infelizmente, a história tem mostrado uma supremacia das cobras sobre os vagalumes, mas estes pequenos brilhantes são teimosos, e quem sabe um dia a alegria não será castigada.

“Será que eu serei o dono desta festa, um Rei no meio desta gente tão modesta…

Diga espelho meu se há na avenida alguém mais feliz que eu…”

Euder Quintino de Oliveira é médico cardiologista.


Houve um Carnaval

Euder Q. de Oliveira

Eis que chega mais um carnaval nossa festa pagã com seus diversos blocos em que nos situamos de acordo com nosso estado de Espírito, alguns vão à folia, outros ao retiro espiritual, outros ficam indiferentes.

Infelizmente a nossa festa maior traz aumento do consumo de álcool e drogas e as conseqüências que já conhecemos.

Gosto do carnaval em sua essência, que é a alegria, não aquela proporcionada pelo álcool ou droga . É apenas a alegria interior explodindo em danças, sorrisos, abraços e beijos.

Tenho boas recordações de carnavais, mas houve um carnaval, o carnaval, aquele que fica gravado em nosso coração, na fonte da saudade que nem o tempo implacável vai secar.

Desejo que todos tenham um bom carnaval, seja dançando, descansando ou meditando.

 Euder Quintino de Oliveira é médico cardiologista. 

Nossa Querida Olímpia II

Walter de Oliveira Souza

Sócrates, filósofo grego, praticava sua filosofia através de perguntas. E uma delas era: “Sois professor? E que passos já destes no sentido de vencer a própria ignorância antes de atrever-vos a atacar a ignorância alheia? “Não pode, qualquer pessoa, sem o devido preparo, ditar regras sobre assunto de que não seja bom conhecedor. Nada impede, porém, que exponha seu ponto de vista, suas idéias, as quais poderão ser úteis e, dentro das possibilidades, apro­veitadas pelos “experts” como subsídio ao seu trabalho, notadamente quando dirigido ao bem estar social.


Pois bem, refiro-me a um tema, crucial e, por sinal, polêmico, que é o caso da inflação, que sempre causou dissabores ao nosso país e cujo fantasma tem vida latente e sujeita a germinar com ameaça à nossa economia. Como há um dito popular de que “em cada cabeça uma sentença”, ouso traçar algumas linhas a esse respeito.


Entendo que se combate a inflação com o aumento de produção. Havendo grande oferta de produtos, com certeza o preço cairá. É a famigerada lei da oferta e da procura, de todos conhecida. Assim, por exemplo, o plantio de cana, ou qualquer outra mono­cultura, desordenadamente, trará, por certo, a falta e outros produtos, inclusive de alimentos, ou estes terão seus custos acrecidos pelo transporte de regiões produtoras distantes.

Portanto, cada município deveria ser, o quanto possível, auto suficiente para o abastecimento de sua população dos gêneros de primeira necessidade. Há anos, havia nas cidades produção de leite que era vendido de porta em porta a preços módicos; havia pomares de frutas, e produtos hortigrangeiros. Até nas residências, às vezes, havia criação de aves que lhe supriam de frangos etc…

Com o advento das usinas de cana, não tem havido mais espaço para o plantio de café, roças, produtos hortigrangeiros, enfim. Entende-se que nada deve ser feito desordenadamente. Não se pode admitir que, no afã de amealhar lucros, ponha-se em risco a sobrevivência do povo. Quando o poder público, por exemplo, autoriza ou admite a monocultura, hoje, no nosso caso, a plantação de cana, haveria de se exigir que fosse reservada uma porcentagem da área explorada, para o cultivo de roça, ou seja, de arroz, milho, feijão, enfim daqueles produtos de primeira necessidade que, cultivados na região, sairia por preço inferior ao importado de outros locais, como vem ocorrendo.

Com o incremento da mo­no­cultura, de que é exemplo, nota­damente, o atual plantio inve­terado de cana por todo o Brasil, com vistas à produção do fami­gerado etanol, acabam sendo dizimados pomares produtivos, desa­tivados equipamentos, construções, máquinas, ferramentas etc., usadas na exploração de outras culturas que acabaram extintas nessas regiões.

Quantas máquinas de beneficiamento de algodão, milho, café etc., investimentos de irrigação, enfim, quantas fortunas investidas foram e estão sendo desativadas ou até sucateadas, com desperdício inaceitável desse enorme patrimônio. Isso sem contar a perda inestimável de mãos-de-obra qualificadas de profissionais experientes no mister, adquiridas ao longo de uma vida de trabalho, os quais têm de buscar seu sustento aventurando-se em outras áreas de atividades que lhe são estranhas, com grande prejuízo para todos. As coisas existem para servir o povo e não o povo para servir as coisas.

Na época do descobrimento, haviam muitas minas de ouro e de pedras preciosas que atraiam todos para sua exploração. Decorrido algum tempo, qualquer um daria todo o ouro, pedras preciosas amealhadas em troca de um prato de arroz e feijão que passou a faltar nas mesas. Se eu abro uma cisterna para me abastecer de água e jorra petróleo, embora mais caro, poderei morrer de sede. Tudo deve estar dentro dos limites.

Oportuno lembrar que nosso excelente clima e a qualidade de nossas terras fazem-nos dos mais privilegiadas do Brasil e, quiçá, do mundo. Na região de Guairá, por exemplo, dotada de terras férteis, onde se viam lavouras de soja e outras, todas devidamente ir­riga­das, estão, hoje, tomadas apenas pelo plantio de cana. É importante, sim, o plantio de cana, como é importante a construção de cidades, porém, planejadas, isto é, dotadas de serviço de água, esgoto, hospitais, comércio, ruas e avenidas, áreas verdes, tudo, enfim, obedecendo a um planejamento minucioso para que possa proporcionar ao cidadão condições dignas e duradouras de vida e conforto.

Certa vez, ouvi de um inspetor do Banco do Brasil a serviço na agência desta cidade: É melhor haver, por exemplo, dois mil clientes com saldo em depósito de mil reais cada um, que apenas um cliente com dois milhões de reais, pois, se um dos dois mil clientes saca seus mil reais, em nada altera o andamento dos negócios, ao passo que, se o único cliente depositante dos dois milhões venha a sacar todo seu saldo, o efeito é desastroso.

“Por quê o Brasil não se abalou tanto com a grave recessão que vem ocorrendo e que abalou o mundo, diferentemente do que passou nos idos de 1929 quando houve o “Crash da bolsa de Nove Yorque?” É que, naquele tempo a única riqueza com que contava o Brasil era o café.

E este produto passou a não valer mais nada. Agora, o Brasil cresceu e houve o fomento de indústrias e de outras fontes de riqueza, o que amainou sobremaneira os efeitos da crise atual. Hoje, conquanto contemos com economia diver­si­ficada, um planejamento racional nunca é demais, pois, é pensando nos problemas do passado que podemos traçar as perspectivas mais seguras para o futuro. Esse é o nosso modesto ponto de vista apenas para reflexão.

Walter de Oliveira Souza ex-funcionário do Banco do Brasil e advogado militante nesta comarca.

 

 

Bodas de Prata

Euder Q. de Oliveira

Há vinte e cinco anos cheguei em Olímpia, trazendo como bagagem a esperança de realização profissional. Contava com poucos conhecidos, nenhum parente. Fui bem recebido pela classe médica e pacientes, trabalhei nos três hospitais que aqui havia.

O tempo foi passando e meu amor pela cidade foi crescendo, motivando minha dedicação aos pacientes.

Hoje, completo minhas Bodas de Prata comemorando, dividindo e retribuindo o carinho, respeito e admiração, que para mim é a verdadeira realização profissional.

Agradeço a Deus, a minha família, aos colegas médicos, aos queridos pacientes e aos milhares de amigos o carinho e amor que recebi nestes anos.

Espero ser merecedor nos próximos vinte e cinco anos.

Com muito amor
Dr. Euder Quintino de Oliveira

 

 

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