21 de janeiro | 2007

Prefeito reconhece ilegalidade de médicos e joga culpa no vice

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O prefeito de Severínia, João Izidro Camacho, confirmou ontem as irregularidades denunciadas pela TV Tem de Rio Preto ainda na semana passada, que inclusive são alvos de denúncia junto à Delegacia de Polícia da cidade e ao Ministério Público da comarca de Olímpia.

Embora confirme principalmente o caso do colombiano Ivan J. Manjarres que estava atuando usando o registro do CRM de outra pessoa, joga a responsabilidade para o antigo secretário de Saúde, que hoje ocupa o cargo de vice-prefeito da cidade.

Ivan, segundo o próprio prefeito, fez plantão uma única vez no município. Ele justifica que a secretária não tem poder de polícia para fiscalizar a validade ou não de documentos apresentados.

"Ele tem o CRM dele, mas o número que ele apresenta no carimbo dele, na receita, é o número de outra pessoa, realmente esse fato ocorreu", justificou.

Porém, contesta que a irregularidade tenha iniciado agora, principalmente no caso do também colombiano Júlio Gonzáles Murilo, o que apareceu na reportagem exibida pela TV Tem. "Estava como plantonista e isso vem ocorrendo desde setembro de 2005", afirmou.

Embora afirme que a prefeitura exija documentação completa para admitir funcionários, principalmente os especializados, admite que acabou passando despercebido o caso do médico estrangeiro.

Porém, fez questão de ressalvar que a contratação ocorreu quando o secretário de Saúde era o hoje vice-prefeito da cidade, Rafael Casarini. Atualmente, ocupara a pasta a cirurgiã dentista.

Camacho reclama que por uma falha do próprio CRM esses médicos passam a fazer plantões em cidades vizinhas de onde estão fazendo o estágio. Explica o prefeito que podem trabalhar com estagiários, mas não como plantonistas.

Diz o prefeito que são médicos formados no país de origem, mas que na verdade não tem autorização para atuar no Brasil. Na verdade seriam autorizados somente depois de passarem pelo estágio como está acontecendo e em seguida por um exame no CRM. "Esse colega médico colombiano está no Brasil numa situação regular para fazer estágio", reforçou.

Polícia

Depois de uma denúncia formal da vereadora Natalina Dutra, presidente da câmara municipal, a polícia já teria instaurado inquérito para investigar a denúncia de que os médicos estariam atendendo em postos de saúde da cidade sem o registro no Conselho Regional de Medicina (CRM). O fato já teria sido comunicado também ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) de São Paulo.

Ela informou ainda que uma comissão de vereadores deverá ser montada para apurar as denúncias e que, tanto o prefeito quanto a Secretária de Saúde, devem ser convocados para prestar esclarecimentos.

TV Tem

Na última sexta-feira (12) da semana passada, a TV Tem denunciou que um médico colombiano foi flagrado pela equipe de reportagem em Severínia, exercendo a profissão sem licença do CRM e que havia indícios de que não seria o único caso na cidade.

Com uma câmera escondida, um paciente procurou o médico de plantão, Júlio Gonzáles Murilo. Ao entrar no consultório, o paciente disse que sentia dores no pé. O médico sequer levantou-se para olhar o local da dor. A consulta foi rápida com a indicação de uma injeção e um remédio.

Na receita há o carimbo com o número do CRM que indica a habilitação para exercer a profissão. Porém, depois de consultado o endereço eletrônico do conselho, a informação foi de que o número de CRM não existe, o que caracteriza exercício ilegal da profissão.

O médico, em outra circunstância e sem saber que a conversa estava sendo gravada pela equipe de reportagem, confessou saber que não tem autorização para trabalhar como médico no Brasil.

O nome de Ivan, o outro médico que estaria atendendo pela prefeitura de Severínia, também não tem o nome constando como médico para o CRM.

 

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