22 de julho | 2007

Engenheiro de Bebedouro morto em avião da TAM é de família de Olímpia

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 O engenheiro de produção Fernando Volpe Estato (Foto), de 35 anos, da cidade de Bebedouro, que morreu no acidente do vôo 3054 TAM, no início da noite da terça-feira (17), no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, é descendente de família tradicional e ainda tem muitos parentes em Olímpia. Ele é bisneto do olimpiense histórico, fazendeiro Agostinho Volpe, que chegou na cidade na mesma época que o ex-prefeito e fazendeiro Geremia Lunardelli.

Filho de Neila Volpe, Fernando era neto de Nello Volpe, um dos 12 filhos do casamento de Agostinho Volpe com Palmira Cancian Volpe, morava há 11 anos em São Paulo. Ele retornava de uma viagem a Porto Alegre, onde esteve a trabalho pelo grupo Votorantin.

De acordo com as informações da TAM, Fernando tinha reserva no vôo 3060 que decolaria 20 minutos depois, do aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre. Porém, após ao término de uma reunião de negócios em Pelotas, Rio Grande do Sul, seguiu apressado para o aeroporto e foi o último passageiro a embarcar no fatídico vôo 3054. "Ele correu para a morte, coitado", disse o pai, João Estato, ao jornal Diário da Região de Rio Preto.

O engenheiro, que há três anos atuava como coordenador financeiro da empresa Votorantim Celulose e Papel, foi sepultado na quinta-feira (19), no cemitério São João Batista, em Bebedouro, onde nasceu, ao lado da mãe Neila Volpe, que há três anos morreu vítima de câncer.

"Ele tinha mania de antecipar vôos, quando podia. Sempre fazia isso", disse ao jornal a namorada Adriana Bavlakis, com quem o rapaz morou por três anos. Inconformada, Adriana disse que falou com Fernando na tarde de segunda-feira (16), quando ele ainda estava em Pelotas. Uma conversa de despedida, segundo ela. "O Fernando me ligou e começou a dizer que me amava e que tinha certeza que eu era a mulher da vida dele", afirmou.

O acidente fatal, ainda de causa desconhecida, interrompeu muitos sonhos, inclusive da chegada de "Mariana", filha que o casal planejava há anos, mas que aguardava o momento certo. "Ele já tinha patenteado o nome", brincou. "Este acidente horrível interrompeu tudo: a vida, os sonhos, a alegria, a inteligência. Ele era brilhante em tudo o que fazia. Era muito alegre. A vida para ele era oba-oba", afirmou.

LONGE DE CASA

Habitualmente pai e filho se falavam por telefone aos finais de semana. Neste último, não foi possível porque Fernando estava a passeio em Alagoas. "Ele me ligou na segunda-feira, dizendo que estava indo para Pelotas, a serviço. Me disse: pai, volto amanhã", contou emocionado.

Ao ver a notícia sobre o acidente, pela televisão, João Estato pensou no filho, que estava no Rio Grande do Sul. "Sabia que o vôo dele era mais tarde, mas mesmo assim acompanhei o noticiário". Mas João ficou atento à relação das vítimas, divulgadas pela madrugada. "Quando chegou na letra F, o nome dele não apareceu. Fui dormir tranqüilo", disse.

Somente no dia seguinte, Estato foi informado pelo cunhado que seu filho estava no vôo. O nome não apareceu na primeira lista porque Fernando embarcou minutos antes da decolagem.

Funcionários do Grupo Votorantim ligaram para familiares para informar a possibilidade de Estato estar naquele vôo. A confirmação veio por meio de Hamilton Volpe, primo da vítima, que mora em São Paulo e foi direto ao aeroporto de Congonhas.

CARREIRA

O engenheiro de produção Fernando Volpe Estato tinha uma carreira promissora, segundo colegas de trabalho. De acordo com o diretor financeiro do Grupo Votorantim, Valdemar Soares, o rapaz havia "trilhado uma carreira que muitos executivos gostariam de ter". Segundo ele, profissionalmente "foi uma perda irreparável para o grupo".

Fernando tinha sido designado para lançar um projeto de plantio de celulose por pequenos produtores, o que vai viabilizar a construção de uma fábrica na região de Pelotas. De acordo com o gerente-geral de controle da Votorantim Cimento, Sidney Catania, seu ex-chefe, Fernando seria promovido a gerente financeiro dentro de alguns meses.

TAM e IML

No entanto, mesmo com o reconhecimento do corpo, os familiares de Fernado afirmam que foram vítimas de descaso e despreparo por parte dos funcionários da TAM e do Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo. Segundo o primo, empresário Hamilton Volpe, após receber uma ligação de colegas dizendo sobre a possibilidade dele estar no vôo 3054, seguiu direto ao aeroporto de Congonhas.

"As informações eram desencontradas. Colocaram 200 funcionários para atender aos familiares das vítimas, mas nenhum com preparo", criticou. Segundo o empresário, mesmo dentro do aeroporto, foi necessário ligar para a TAM para obter notícias. "Garantiram que meu primo não estava no vôo. Depois ligaram confirmando", afirmou.

A situação não foi diferente e os problemas surgiram também no IML, onde a prima Cibele Volpe Cassiolatto teve que reconhecer o corpo. "Além de reconhecer fisicamente e por impressão digital, o documento dele estava intacto no bolso da calça. Mesmo assim, não queriam identificar o corpo", reclamou.

E teve mais problemas após a liberação do laudo do legista, que "misteriosamente" sumiu antes de ser elaborada certidão de óbito. "Tivemos de subir até a delegacia (no andar de cima) e pedir para registrar queixa do sumiço do documento, dentro do prédio", disse o empresário.

Misteriosamente, segundo ele, o laudo apareceu. Já Cibele afirmou que chegou pela manhã da quarta-feira no local e foi liberada por volta das 21h30. O corpo foi liberado às 21 horas da quarta-feira, saiu de São Paulo à meia-noite e somente chegou em Bebedouro às 4h45, transportado pela TAM.

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