28 de março | 2010

Delegados iniciam “operação padrão” por melhores condições de trabalho

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Os delegados do Estado de São Paulo e entre eles os que atuam em Olímpia, entraram em "operação padrão" na terça-feira, dia 23, desta semana, em razão da situação que a Polícia Civil paulista, principalmente, atravessa na atualidade. A informação é do delegado titular de Olímpia, João Brocanello Neto (foto), que mesmo em período de férias, fez questão de deixar claro que, embora a "operação padrão" possa causar transtornos para a população, a intenção da polícia paulista é obter melhores condições de trabalho para prestar o melhor atendimento possível.

De acordo com Brocanello, o movimento, que acontece nos mesmos padrões da realizada pela Polícia Federal recentemente, tem por objetivo central a luta por melhorias no próprio sistema, que não compreendem somente melhores condições salariais para os policiais.

Brocanello explica que a polícia paulista se encontra sem condições de exercer seu papel a contento e explica que na delegacia central de Olímpia, a da rua São João, por exemplo, quando seriam necessários oito investigadores para atender plenamente as necessidades, há apenas dois para trabalhar.

O delegado exemplifica que o trabalho aumentou muito nos últimos anos e além de não se ter pessoal suficiente para atender a demanda, os funcionários estão se aposentando e não estão sendo colocados outros no lugar. Atualmente os funcionários mais novos existentes na polícia local, já estão trabalhando há mais de 10 anos. "Então, é preciso melhorar o próprio sistema policial", enfatizou.

"Em 2008, quando do nosso último movimento, aquele que foi bastante divulgado pelos incidentes registrados com o confronto com a PM em São Paulo, ficou acertado que seriam adotadas várias medidas para atender nossas reivindicações, tanto de salários como de reestruturação da polícia", acrescentou.

Uma delas, segundo relatou Brocanello, "foi a incorporação da gratificação conhecida como ALE – Auxílio de Localização e Exercício – que tem três níveis que seriam abolidos e apenas o maior incorporado em nossos salários, inclusive dos aposentados, mas nem essa que era a mais importante foi atendida, nem as outras. Não deu nada e nem cumpriu a lei de Revisão Anual que prevê a reposição de perdas salariais".

Porém, agora, quando anunciaram o início de um novo movimento, o projeto saiu da gaveta e foi para discussão no governo, mesmo assim extinguindo apenas uma faixa e para somar o montante no salário em cinco anos, gradativamente. No entanto, diferente do que havia sido aventado, não será incorporado, apenas integrado. "Quer dizer, não sofrerá os reajustes do subsídio principal", reclama.

Nas promessas do outro movimento estava prevista também a reestruturação da polícia civil que também não saiu da promessa. "A única coisa que foi cumprida foi o fim da escolta feita pela polícia civil de presos para serem ouvidos na justiça e a realizção de TC – Termo Circunstanciado somente na Polícia Civil, pois este é da sua competência", reforçou.

PRESTAR MELHOR ATENDIMENTO

Além de reivindicar melhoria nos salários, Brocanello destaca que os delegados querem ter melhores condições de trabalhar e, para tanto, é preciso modernizar a polícia e adequar o quadro de pessoal. "Senão este clima de impunidade continuará aumentando cada vez mais", comenta.

"Como é que podemos trabalhar na investigação do enorme número de inquéritos existentes, por exemplo, na delegacia central, com apenas dois investigadores e quatro escrivães", questiona.

Brocanello reforça que a principal intenção é melhorar as condições de atendimento à população. "A gente não quer prejudicar ninguém, apenas queremos que a população fique ciente da situação caótica que estamos vivendo na polícia paulista e que para melhorar temos que reivindicar e isso sempre atrapalha um pouco", finaliza.

MOVIMENTO

Enquanto durar o movimento, os Delegados de Polícia trabalharão exercendo suas funções sem concessões, adotando os procedimentos sugeridos numa Cartilha, segundo o site da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (ADPESP). Mas não está descartada a paralisação total – greve – da categoria.

"Caso os Delegados de Polícia tenham de adotar a paralisação total, como forma de reivindicação, o responsável será o governador. Está nas mãos dele. O Projeto é uma promessa desde a greve de 2008 e já foi amplamente discutido entre a categoria e a Secretaria de Segurança Pública. Não entendemos essa intransigência por parte do governo" avisa Marilda Pansonato Pinheiro, presidente da ADPESP.

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