Se não sair um acordo salarial entre a categoria e a Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar), cerca de três mil trabalhadores que atuam nas três usinas da microrregião de Olímpia, podem aderir a um movimento grevista a partir do próximo dia 19 de maio, data em que está agendada nova rodada de negociações. A informação foi confirmada na tarde desta sexta-feira, dia 8, pelo presidente do Sindicado dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação, João Roberto Stringhini, Chuca (foto).

Porém, a paralisação pode atingir outros três mil trabalhadores dos setores rurais e de transporte, relacionados às mesmas usinas. Chuca explicou que chega a aproximadamente seis mil profissionais atuando nas Usinas Guarani, Cruz Alta e Vertente, esta última no município de Guaraci. "Caso no dia 19 eles não façam uma proposta decente, provavelmente vamos para a greve mesmo", reforçou.

O presidente contou que já houve uma reunião entre a Unica e a Federação dos Trabalhadores, para discutir propostas dos trabalhadores de usinas de todo o estado, da qual saíram sem nenhuma proposta. Ou seja, de acordo com Chuca, a proposta foi de zero por cento de aumento. Além disso, há algumas cláusulas propostas ainda em 2008, que ainda não foram aceitas pelas usinas.

"Eles só disseram que não deu tempo de ler toda a pauta de reivindicações e que algumas cláusulas poderiam também, não serem aceitas nas próximas reuniões", reclamou o presidente.

Entre essas cláusulas estão os adicionais de horas extras e noturno: "Pedimos para que o setor patronal fizesse uma contra-proposta, se retirasse da mesa, pensasse um pouco. Ficaram de marcar uma nova reunião para o dia 19, mas sem nenhum constrangimento, disseram que o 0% proposto era grande coisa para a gente".

De acordo com o presidente a categoria está esperando pelo menos o reajuste pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), mais pelo menos cerca de 5% de aumento real. "O INPC é obrigação do patrão repor porque há uma perda do trabalhador nesse sentido. Durante o ano ele já perdeu isso daí", explica.

Chuca explica que espera por uma situação diferente até em razão dos resultados que obteve dos setores de doces em conserva e de bebidas, também vinculados ao seu sindicato. De acordo com ele, no caso dos doces foram 3,15% acima do INPC e no das bebidas 1% de ganho real.

"Pensamos que as usinas de açúcar não seriam diferentes, porque sabemos que o setor não está todo em crise como estão falando. Se estivesse tão ruim eles não abririam tantas usinas como eles estão abrindo e comprando. Então, o setor não está tão ruim dessa maneira. Ficamos muito decepcionados", lamentou.

BASE SINDICAL

De acordo com o presidente, além das cidades de Olímpia e Guaraci, o movimento está fluindo muito bem nas usinas de Jaboticabal, Santa Adélia, Araraquara e Colômbia. "Estamos nos sentindo muito contentes porque está havendo a resposta do trabalhador que está consciente que se não vier na negociação o que a gente tanto espera, que reponha a inflação e que dê um aumento real, nós vamos sim, provavelmente, começar a fazer greve no Estado de São Paulo", reforçou.

Somente na base do sindicato de Olímpia, segundo o presidente, a paralisação deve atingir, direta e indiretamente, cerca de 15 mil trabalhadores: "contando com as usinas daqui e com a usina Vertente de Guaraci; contando com os motoristas e tratoristas, acho que deve dar de uns 12 mil a 15 trabalhadores".

O presidente, no entanto, lamenta que uma greve vai causar impacto na economia das cidades envolvidas, como no caso de Olímpia. Porém, ressalta que a falta do reajuste e mais um pouco de aumento real, também causarão impactos futuros. "O impacto na economia já está sendo criado em não dar esse aumento. Esse é o grande impacto", reforçou.