11 de outubro | 2015

Aumento do consumo de energia em nove anos estaria ligado a aumento de casas de temporada

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O aumento do consumo de energia elétrica verificado no espaço de nove anos estaria diretamente vinculado ao crescimento do total de casas de temporadas. Isso porque, mesmo com um crescimento de apenas 5,7% da população, o que pode até ser considerado pífio, entre os anos de 2006 quando eram 48.336 habitantes e 2014, quando a população chegou a 51.092 moradores, segundo a Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), no mesmo período o consumo de energia elétrica no segmento residencial aumento 75% aproximadamente.

Nesse período, de acordo com levantamento realizado pelo jornal no site da Secretaria de Energia do Estado de São Paulo, o consumo de energia elétrica passou de 28.622.030 kWh (kilowatt hora) em 2006 para 49.422.681 kWh no ano de 2014, o que pode ser considerado um aumento substancial mesmo porque nesses 9 anos o número de ligações, ou seja, de pontos de consumo, cresceu 35%, passando de 14.888 para 20.077, respectivamente.

Outro número que pode confirmar essa ligação entre o consumo de energia elétrica e o setor do turismo é que, em 2014, por exemplo, o forte potencial turístico da cidade, principalmente a partir do Parque Aquático Thermas dos Laranjais, que aos poucos vem ga­nhan­do reforço, trouxe cerca de dois milhões de turistas.

Embora com aproximadamente 12 mil leitos na rede hoteleira, o fato é que grande parte desses turistas que procuram a cidade tem se utilizado das casas de temporadas, além também das dezenas de pousadas existentes.

APAGÕES CAUSADOS POR DEMANDA DE ENERGIA

Talvez seja esse crescimento o grande fator dos vários apagões no fornecimento de energia elétrica que têm sido verificados nos últimos meses, que podem vinculados a uma eventual falta de estrutura da CPFL Paulista para atender a demanda, principalmente nos finais de semana.

Porém, sempre que questionada a respeito, a empresa nega e alega às vezes algum problema técnico na subestação do Jardim Paulista, na zona leste da cidade, chegando até a justificar que há várias colisões de veículos contra postes da rede de distribuição.

Entretanto, é preciso salientar que, enquanto se percebe inclusive visualmente o aumento do número de imóveis na zona urbana de Olímpia, não se tem informação de medidas saneadoras adotadas pelos prefeitos, seja do atual Eugênio José Zuliani, que ainda tem um ano e três meses de mandado, seja do seu antecessor Luiz Fernando Carneiro, que administrou o município no período de 2001 a 2008.

O levantamento abrange os últimos três anos da administração do ex-prefeito Luiz Fernando Carneiro, entre os anos de 2006 e 2008, quando o número de ligações cresceu 7,4%, passando de 14.888 para 15.993. Nesse período a população cresceu 1,5% aproximadamente, passando, respectivamente, de 48.336 para 49.093 habitantes. Já o consumo de energia aumentou 14% e passou de 28.622.030 kWh para 32.856.646.

Mas esse crescimento é mais evidente já na administração do prefeito Eugênio José Zuliani, que iniciou em janeiro de 2009. Nesse período em que a população cresceu 2,7%, passando de 49.746 habitantes para 51.092, enquanto o total de ligações aumentou de 16.229 para 20.077, ou seja, 23,7%. O consumo de energia aumentou 44%, passando de 34.791.653 kWh para 49.422.681.

Comércio perde força na administração Geninho

Embora seja evidente o crescimento do segmento turístico local, o que é sempre alardeado e comemorado pelas autoridades políticas da cidade, fato que pode até ser confirmado através da verificação do aumento da demanda de energia elétrica do segmento resi­den­cial, as coisas não teriam andado bem para o comércio local.

Principalmente na administração do prefeito Eugênio José Zuliani percebe-se que o segmento comercial teria pedido força, ou seja, muitos pontos comerciais teriam fechado suas portas entre os anos de 2010 e 2014, principalmente, com o fechamento de 102 casas comerciais, uma redução de sete por cento.

Pelo menos é essa a conclusão que se pode chegar através de números encontrados pela reportagem desta Folha da Região, no site da Secretaria de Energia do Governo do Estado de São Paulo, que registra dados da de­manda de energia elétrica entre os anos de 2006 e 2014. Os dados mostram que a cidade perdeu 102 casas comerciais entre os anos de 2010 e 2014 e que Eugênio José Zuliani assumiu a Prefeitura Municipal em 2009 com 1.442 pontos comerciais, mas mostram também que em 2014, seis anos depois, esse total foi reduzido para 1.340.

Esses números fazem parte do consumo de energia elétrica do setor comercial entre os anos de 2006 e 2014 e relacionados ao total de ligações, ou seja, de pontos de consumo de energia elétrica.

Nesse tempo o município foi administrado pelo ex-prefeito Luiz Fernando Carneiro, entre 2006 e 2008; e por Eugênio José Zuliani que ainda tem mais um ano e praticamente três meses de mandato.

CAMINHOS OPOSTOS

Diferente do que a reportagem verificou em relação à atual administração, os números mostram que nos últimos três anos do ex-prefeito Luiz Fernando Carneiro o comércio apresentava crescimento no total de pontos comerciais.

Em 2006, segundo foi apurado, eram 1.411 ligações no setor comercial. Mas mostra que houve uma mudança progressiva para 1.421 em 2007 e para 1.434 em 2008. Quer dizer, houve um aumento de 1,6% aproximadamente nos três últimos anos de Carneiro.

Por outro lado, enquanto José Eugênio Zuliani assumiu a Prefeitura Municipal em 2009 com 1.442 casas comerciais, até mostrando um crescimento de meio por cento em relação ao último ano de Carneiro, nos anos seguintes houve sensível queda a cada ao que passava.

Em 2010 a redução foi para 1.402; em 2011 para 1.354; em 2012 para 1.329; em 2013 para 1.342; e em 2014 para 1.340. Em relação à queda do ano passado, algumas pessoas consultadas pela reportagem, que pediram para não serem iden­tifi­cadas, entendem que já seria um reflexo do aumento excessivo do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), através da criação de uma nova Planta Genérica de Valores (PGV).

Geninho Zuliani perde 25 indústrias durante governo

Provavelmente em razão da falta de estratégia ou, falando diretamente em falta de um bom programa de incentivo, o fato é que mesmo com o consumo de energia elétrica tendo crescido 23% aproximadamente, nos primeiro seis anos de sua administração o prefeito Eugênio José Zuliani deixou que 25 indústrias ou encerrassem as atividades ou dei­xa­s­sem o município de Olímpia, buscando incentivos em outras localidades. Esse número representa uma interferência negativa de 14% no setor industrial local.

Essa é a conclusão que se pode chegar a partir dos dados pesquisados pela reportagem desta Folha da Região no sita da Secretaria de Energia do Governo do Estado de São Paulo, referente ao período de 2006 a 2014.

De acordo com o levantamento, quando ele assumiu a Prefeitura Municipal em 1.º de janeiro de 2009, Olímpia tinha 179 indústrias em atividade. Entretanto, ao final de dezembro de 2014 aparece uma redução de 25 delas, ou seja, o equivalente a 14%.

Aliás, se considerarmos os números exatamente, essa redução se deu em cinco anos e não seis anos, isso porque ao final de 2013 o segmento já totalizava 154 unidades. Porém, não é possível analisar o porte das mesmas que findaram suas atividades em Olímpia, pelo menos. Pode até ser que se tratasse de pequenas indústrias e que uma parte delas tenha sido substituída por outras.

No entanto, nesse período do governo de Eugênio José Zuliani o segmento industrial provavelmente devido às poucas grandes indústrias locais que às vezes aceleram o ritmo de produção, houve um aumento do consumo de energia elétrica em 23%, passado de 26.413.156 kWh (kilowatt hora) em 2009 para 32.744.666 kWh em 2014.

Curioso é o ano de 2011 (32.462.495 kWh) quando o consumo aumentou 18% aproximadamente em relação a 2010 (27.181.355 kWh), enquanto os totais de unidades eram respectivamente de 150 e 175.

SEM UMA POLÍTICA

INDUSTRIAL

Mas a prova de que nunca houve uma política que favorecesse o crescimento industrial da cidade está presente no levantamento e que o tema nunca deixou de ser uma promessa eleitoreira. Além disso, que aparentemente só os mais teimosos e idealistas teriam permanecido em atividade durante todo o período mostrado pela Secretaria de Energia.

Isso porque a redução do número de indústrias não é privilégio só do governo de Eugênio José Zuliani. Nos últimos três anos de seu antecessor, o ex-prefeito Luiz Fernando Carneiro, já mostrava uma movimentação negativa no segmento industrial local.

Com Luiz Fernando Carneiro, por exemplo, a redução mostrada é de aproximadamente 3,5%. Ou seja, nesse período sete indústrias ou encerraram suas atividades ou se transferiram para outros municípios.

Eram 193 unidades em 2006 e no final de 2008 o total havia reduzido para 186. Nesse caso sabe-se que uma das empresas encerrou as atividades em Olímpia e reiniciou no município de Cajobi.

Entretanto, também nesse período o levantamento registra um aumento do consumo de energia elétrica. Entre 2006 e 2008 o setor consumiu aproximadamente 18% a mais passando de 22.640.275 kWh para 26.268.455 kWh, respectivamente. Nesse caso o consumo cresceu sensivelmente no ano de 2008, uma vez que em 2007 foram consumidos 23.800.868 kWh.

 

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