20 de setembro | 2022

Vale a pena passar um dia inteirinho no Museu do Ipiranga

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Após nove anos fechado para visitação, o Museu do Ipiranga da USP reabriu para o público no último dia 8 como um dos mais completos e modernos museus da América Latina / Natália Cesar

Juntamente às obras de restauro e ampliação, foram realizados restauros e inspeções em mais de 3 mil objetos do acervo. Algumas obras, por suas dimensões, não saíram do prédio histórico e foram restauradas in loco – é o caso do quadro “Independência ou Morte”, de Pedro Américo / José Roseal

A maquete “São Paulo em 1841”, do holandês Henrique Bakkenist também foi totalmente restaurada e pode ser apreciada pelos visitantes do museu / Marcelo Stapafora

Após as obras de reforma, o a área de exposições do Museu do Ipiranga triplicou, passando de 12 para 49 salas expositivas, o que significa um número recorde de acervos do Museu expostos / Jessica Mangaba

Ao contrário que muita gente pensa, o Museu do Ipiranga não foi um palácio onde a família imperial morava. Pelo contrário, é uma construção feita exclusivamente para ser um museu. As obras do Monumento à Independência, projeto de autoria do engenheiro-arquiteto italiano Tommaso Gaudenzio Bezzi, foi inaugurado em 1890 / Guilherme Gaensly

Interessado em conhecer mais a fundo a história do Brasil e aprender mais sobre nosso país, então a dica é: vá conhecer o Museu do Ipiranga da USP, na capital paulista. “Ah! Mas eu não gosto de museus, lá só tem coisa velha!” Mentira, o espaço está totalmente informatizado com a mais alta tecnologia, unindo o antigo ao moderno, deixando as visitas mais interativas e interessantes, agradando ao mais exigente visitante.

Ao contrário que muita gente pensa, o Museu do Ipiranga não foi um palácio onde a família imperial morava. Pelo contrário, é uma construção feita exclusivamente para ser um museu. As obras do Monumento à Independência, projeto de autoria do engenheiro-arquiteto italiano Tommaso Gaudenzio Bezzi, foi inaugurado em 1890, concluído sem duas alas previstas no projeto original. O Edifício-Monumento ficava a 5 km dos limites da cidade e, ao longo do Século XX, foi um atrativo que impulsionou o crescimento urbano dessa região.

Após nove anos fechado para visitação, o Museu do Ipiranga da USP reabriu para o público no último dia 8 como um dos mais completos e modernos museus da América Latina. Nos últimos três anos, o museu passou por uma reforma que angariou o maior valor já captado entre a iniciativa privada pela Lei Federal de Incentivo à Cultura. O custo da reforma é estimado em R$ 235 milhões – além dos recursos incentivados, que são a maioria, há investimentos privados sem incentivo fiscal e também aportes públicos. Reaberto, o Museu do Ipiranga tem sua área construída dobrada e área expositiva triplicada, além de acessibilidade a todos os pavimentos do edifício, e a recuperação do Jardim Francês e suas fontes. A expectativa é de que a instituição passe a receber entre 900 mil e 1 milhão de visitantes por ano.

O Museu disponibiliza o lote semanal de ingressos toda sexta-feira, a partir das 10 horas, mediante agendamento no site ou pela plataforma Sympla. Até o dia 6 de novembro, os ingressos serão gratuitos. No dia seguinte, os valores serão equivalentes àqueles praticados por museus públicos, com um dia de entrada franca na semana. O Museu do Ipiranga funciona de terça a domingo, das 11 às 17 horas, e no mês de setembro, seguirá em esquema de soft opening, com cerca de mil visitantes por dia. Haverá bicicletário e estacionamento para público PCD. O Jardim Francês tem entrada livre, das 11 às 20 horas.

“De 2013 a 2022, o Museu do Ipiranga enfrentou diversas tarefas difíceis, mas sempre com uma equipe multidisciplinar de especialistas”, conta a diretora da instituição, professora Rosaria Ono. Até 2017, foram realizadas a avaliação e prognóstico do edifício, a retirada de todo o acervo e realocação das obras em reservas técnicas, e a abertura de edital público para escolha do projeto arquitetônico. Em seguida, foi feita a captação de recursos, e as obras foram iniciadas em outubro de 2019. “Desde então, foram menos de três anos, passando por uma pandemia, em que foram realizadas as obras de restauro, ampliação e modernização, incluindo tecnologias de ponta para combate anti-incêndio e medidas de sustentabilidade”, comenta. A acessibilidade foi assegurada em todos os espaços, com a instalação de rampas, elevadores e plataformas elevatórias, além de piso podotátil e mapas visutáteis. O Jardim Francês e suas fontes também foram contemplados.

Juntamente às obras de restauro e ampliação, foram realizados restauros e inspeções em mais de 3 mil objetos do acervo que estarão expostos na reabertura. Dentre eles, encontram-se 122 pinturas e duas maquetes de grande porte. Algumas obras, por suas dimensões, não saíram do prédio histórico e foram restauradas in loco – é o caso do quadro “Independência ou Morte”, de Pedro Américo, da maquete “São Paulo em 1841”, do holandês Henrique Bakkenist, e das estátuas de mármore e bronze.

No Novo Museu do Ipiranga, o público vai se deparar com 12 exposições – 11 de longa duração e uma mostra temporária. As de longa duração são divididas em dois eixos temáticos: “Para Entender a Sociedade” e “Para Entender o Museu”. A exposição de curta duração, “Memórias da Independência”, estará aberta por quatro meses a partir de novembro. No total, serão expostos 3.058 itens pertencentes ao acervo do Museu, 509 itens de outras coleções e 76 reproduções e fac-símiles. A maior parte dos objetos data dos Séculos XIX e XX, mas há itens mais antigos, que remontam ao Brasil colonial. As mostras contemplam pinturas, esculturas, objetos, móveis, moedas, documentos textuais, fotografias, objetos em tecido e madeira que trazem discussões sobre a sociedade brasileira, desde a esfera íntima da casa até a vida social, e sobre o próprio museu, suas atribuições e funcionamento.

O novo espaço expositivo abrange todas as áreas do Edifício-Monumento, incluindo espaços antes sem acesso ao público, e outros que não existiam. Desta forma, a área de exposições triplicou, passando de 12 para 49 salas expositivas, o que significa um número recorde de acervos do Museu expostos. O circuito conta com 70 peças multimídia, salas imersivas, espaços interativos e acessibilidade, com cerca de 390 recursos multissensoriais disponíveis para todos os públicos, como telas táteis, maquetes e réplicas ampliadas de diversos itens do acervo.

Gostou, então o que está esperando? Vá fazer uma visita ao Museu do Ipiranga, é aqui mesmo no Brasil, em São Paulo!

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