03 de junho | 2012

Os Mercados Públicos do Recife fazem a alegria dos turistas

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Ao longo de mais de 130 anos de história, o Mercado de São José sofreu várias reformas e é considerado um dos mais famosos mercados do Recife. Parada obrigatória para qualquer turista / Inaldo Lins

O Mercado da Boa Vista e tão antigo quanto o de São José. O local possui 63 boxes, que comercializam cereais, verduras, frutas e legumes, carnes, aves e frios, além de ervas e armarinhos. Há nove bares, que servem comida regional no café da manhã, almoço e jantar / Inaldo Lins

 

 

Todo mundo já conhece ou ouviu falar das belas praias do Recife, de seu famoso Carnaval e de seu povo alegre e hospitaleiro. Mas o Recife, capital de Pernambuco, reserva mais do que isso. Visitando a cidade, de maneira nenhuma deixe de conhecer os maravilhosos mercados. A vida pulsa nos mercados públicos do Recife; eles são parte de sua identidade. Emprestam-lhe charme e revelam o caráter de sua gente, seus hábitos, costumes, sua cultura. Conferem tradição. São José, Madalena, Boa Vista, Encruzilhada, Casa Amarela, Santo Amaro, no total são 24 ao todo, alguns com anexos, somando 2.277 boxes. Cada qual com sua personalidade e importância na vida da comunidade. E há a feiras livres. São 27, num total de 3.600 bancas em toda a cidade.

No Mercado São José, a arquitetura é em ferro, típica do Século XIX. A inspiração veio do mercado público de Grenelle, em Paris. O projeto, elaborado por encomenda da Câmara Municipal do Recife, provavelmente é de Victor Lenthier, engenheiro da casa, na época. O detalhamento ficou a cargo do engenheiro Louis Léger Vauthier, contratado também para acompanhar a execução das estruturas de metal na França. A inauguração se deu às 11 horas do dia 7 de setembro de 1875, uma quinta-feira. É um dos monumentos pernambucanos, reconhecido e tombado pelo Patrimônio Histórico.

O Mercado de São José ocupa uma área coberta de 3.541 metros quadrados. O prédio é formado por dois pavilhões, com 377 compartimentos de diversos produtos; 27 pedras de peixe; 34 barracas internas – para vender comidas e caldo de cana – e outras 70 espalhadas pela calçada do pátio. Atualmente, são 545 boxes no total. Artesanato em barro, corda e palha fazem do mercado pólo de atração turística. É, também, ponto tradicional do comércio de pescado. Semanalmente são vendidos, ali, cerca de 1,3 toneladas de peixe e 400 kg de crustáceos.

Ao longo de mais de 130 anos de história, o Mercado de São José sofreu várias reformas. A primeira delas, em 1906, levou dez meses e a última em 1998, quando o mercado foi novamente restaurado.

O Mercado da Boa Vista e tão antigo quanto o de São José. Não se sabe, ao certo, a data de sua inauguração, mas cogita-se o ano de 1889. O local foi totalmente reformado e reinaugurado em 02 de dezembro de 1946. Passaria por outras reformas, em 1991 e 1994. Possui 63 boxes, que comercializam cereais, verduras, frutas e legumes, carnes, aves e frios, além de ervas e armarinhos. Há nove bares, que servem comida regional no café da manhã, almoço e jantar. A clientela é formada, principalmente, por sindicalistas e políticos, que se deliciam com o famoso patinho cozido no feijão preto.

Já a construção do Mercado da Madalena teve início em 6 de fevereiro de 1925. No mercado original só havia compartimentos na parte periférica. No centro, havia grandes pedras, em áreas cobertas, onde se comercializavam frutas e verduras. Mais tarde, com a ampliação do espaço, as pedras foram substituídas por boxes e, na ala sul, passou a funcionar uma cooperativa, que comprava produtos vindos do interior. Hoje, são 180 compartimentos, que oferecem alimentos variados: frutas, verduras, legumes, cereais, carnes e peixes. A parte onde funciona a administração conserva a estrutura original. Alterou-se, apenas, a parte térrea, onde funcionavam os sanitários e o depósito. Ainda hoje é ponto de encontro de boêmios; ali, eles vão tomar a “saideira” e recuperar as energias despendidas nas noitadas com um bom cuscuz acompanhado de bode guizado, sarapatel e outras guloseimas da cozinha regional.

Outro mercado de destaque é o Casa Amarela, inaugurado em 9 de novembro de 1930. As estruturas que sustentam a construção foram trazidas de bonde pela empresa Borrione, em 1928. A área originalmente construída é de 817 metros quadrados. Abriga 100 boxes e se localiza no bairro de mesmo nome. Os bares e restaurantes populares, localizados na parte externa do mercado, são as principais atrações. Alguns deles são 24 horas, não fecham nunca, para alegria dos boêmios. Servem comida regional no café da manhã, almoço e jantar, e são frequentados por motoristas de táxis e comerciantes do próprio mercado, dos anexos e da feira vizinha. Às sextas e sábados, pode-se degustar uma deliciosa galinha de capoeira preparada por Dona Néri.

Na parte interna, o Grandão do Queijo é ponto tradicional de venda de charque e queijo de coalho diretamente do sertão. Mas a oferta de produtos no mercado é diversificada: há carnes e frios, peixes e crustáceos, armarinhos, ervas, flores e artesanato em palha e barro.

Tem também o Mercado de Santo Amaro, fundado em 13 de junho de 1933. A construção, com 692 metros quadrados e 82 compartimentos, ocupou terreno de propriedade do senhor Caetano Lopes. O mercado público passou por reforma em 1998, quando foi mantido o número de boxes. Por lá se comercializa cereais, frutas e verduras, frios, carnes, aves e ervas. O movimento se concentra nos bares, que servem um café da manhã típico: cuscuz, macaxeira, inhame e sopa, além de almoço comercial.

Modelo de obra arquitetônica do gênero no Brasil da década de 50, o Mercado da Encruzilhada constitui-se em orgulho da engenharia pernambucana da época. Os 156 compartimentos, arejados e bem iluminados, foram demarcados com placas explicativas segundo os gêneros de comércio – para facilitar a vida dos compradores. Construíram-se câmaras frigoríficas de grande capacidade, de modo a evitar a perda de alimentos como carne, peixe, frutas e verduras. O chão foi revestido de granito e cerâmica fabricada naquela região. As paredes foram revestidas com azulejo natural para facilitar a limpeza e garantir a higiene. O andar superior foi destinado à administração e foi construído sobre lajes de concreto armado.

De cada lado do mercado, ergueram-se dois restaurantes e dois bares. Hoje são 17, divididos entre as alas sul e norte. Servem comidas típicas no café da amanhã e almoço comercial. Na Praça da Alimentação, na ala sul, pode-se saborear uma deliciosa peixada, no Lélis, ou um bacalhau supimpa no Bragantino. A clientela é diversificada: juizes, políticos, advogados, intelectuais, gente do povo.

Diversificados são também os produtos comercializados nos atuais 214 boxes do mercado: frutas, verduras, cereais, miudezas em geral, artesanato, frios, carnes e aves. Destaque para a carne de sol e para a linguiça de porco caseira, uma das melhores da capital. Há 10 peixarias, que vendem, semanalmente, 4, 2 toneladas de peixes e 230 quilos de crustáceos.

Além dos mercados já citados, o turista também pode conhecer o Mercado de Água Fria, o Mercado de Nova Descoberta, o Centro de Abastecimento de Afogados, o Mercado do Pina, o Mercado dos Coelhos, o Mercado do Beberibe, o Mercado do Jordão, o Mercado das Frutas e o Mercado das Flores.

Gostou? Faça já suas malas e aproveite tudo o que os inúmeros mercados do Recife têm a oferecer, além claro, das tradicionais praias e belas paisagens da capital pernambucana.

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