27 de junho | 2024

“Eu Gosto Mesmo é da Contradição da Noite ” –

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O Abrigo de Kulê

Paisagens rurais, carroças nas ruas de pedra e casas de pau a pique. É nesta ambientação dos anos 1940, em uma cidadezinha no interior do Brasil, que inicia a história do caixeiro-viajante Gabriel. Ele não sabia, mas estava prestes a mudar a vida dos moradores daquele vilarejo, principalmente a de Maria. Este encontro de duas almas livres é retratado na webcomic “O Abrigo de Kulê”, adaptação do romance homônimo da escritora Juliana Valentim. Maria, uma jovem apaixonada por livros e sonhadora, adoraria viajar país afora para respirar novos ares. Mas as imposições sociais da época não admitiriam que uma mulher saísse sozinha por aí. Eis que Gabriel, um grande contador de histórias e viajante, cruza seu caminho. Juntos, eles decidem buscar a liberdade que lhes faltava, mas o destino, com suas curvas imprevisíveis, separa os dois. Em meio às incertezas, outros personagens aparecem para ensinar as mais diversas faces do amor. Diferente do romance, narrado em terceira pessoa, os capítulos dos quadrinhos são guiados ora por Gabriel, ora por Maria, com suas visões e pensamentos. Após a separação, o homem encontra abrigo em um circo, onde vive momentos de alegria, indecisão e saudade, enquanto a jovem amada, devastada, encontra alento em poder ajudar. Quando descobre uma fazenda que mantém trabalho escravo, esta passa a ser sua luta: ajudar Kulê, seus amigos e as famílias. Produzida e publicada pela Infinitoon, a HQ virtual terá duas temporadas com oito episódios cada, e será disponibilizada gratuitamente, às segundas-feiras, pelo aplicativo da editora nas lojas Apple e Play Store. “Eu sempre quis que os meus personagens ganhassem vida fora do papel. Ver isso acontecendo com o trabalho da Infinitoon é uma alegria imensa. “O Abrigo de Kulê” em quadrinhos me surpreendeu e me emocionou muito. Eu espero que emocione a todos os leitores também”, diz Juliana Valentim. Com roteiro de André Pacano e ilustrações de Flávio Custela, a narrativa gira em torno do amor e da coragem, mas também segue com a proposta de unir realidade e fantasia, ao colocar em discussão temas como preconceito, injustiças sociais e sororidade.

 

Brago

Um homem embarca em uma viagem de trem rumo a “Bragof”, um lugar onde poderá reencontrar os sentimentos perdidos durante a vida. Pelo menos, foi isso que soube depois de cruzar com duas figuras estranhas que apareceram em seu quarto e propuseram a ele esse percurso. Título do livro de Fauno Mendonça, o lugar talvez tenha as respostas sobre a existência que nem mesmo o protagonista compreende. O problema é que chegar ao local vai ser mais difícil do que imaginava. Sem ter o nome citado na narrativa, o personagem principal desconhece qualquer direção objetiva, e as pessoas que encontra no trajeto estão todas à procura de seus destinos individuais. Ele segue em frente mesmo assim, ainda que precise enfrentar nevoeiros, seres estranhos e momentos de intensa dúvida sobre as próprias escolhas. A partir da literatura fantástica, o autor elabora um enredo que atravessa os limites entre sonho e realidade. Tudo o que o protagonista experiencia tem efeitos verdadeiros nas suas emoções, apesar de sempre parecer estar no mundo onírico. Muitas vezes, sente-se ansioso, frustrado, nervoso e angustiado, principalmente quando precisa encarar as decisões que tomou no passado e no presente. Para construir a trama, o escritor recorreu a vários elementos kafkanianos, como a culpa existente nos conflitos entre bem e mal; a expressão do absurdo e da irrealidade para se contrapor à racionalidade; e a atitude das pessoas de esquecerem erros para criar uma ideia ilusória de felicidade. Fauno Mendonça faz uso destas características para também refletir sobre a fugacidade da vida, a necessidade de coragem no enfrentamento de conflitos e a busca por um significado maior para as vivências humanas. O livro tem 221 páginas.

 

Eu Gosto Mesmo é da Contradição da Noite

Quatro amigos de infância. Uma festa surpresa. E um medo em comum: a possibilidade de tudo acabar ali. Emília, Daniel e Vitória queriam apenas celebrar o aniversário de vinte anos de Luana, mas a noite não sai nem um pouco como o esperado. Escrito por Fernanda de Castro Lima, o lançamento “Eu Gosto Mesmo é da Contradição da Noite” coloca seus protagonistas diante da possibilidade da morte. Em uma reviravolta surpreendente, a comemoração logo se transforma em um pesadelo que vai fazer todos os jovens refletirem sobre o passado e os relacionamentos. Tímida, Emília, a protagonista, se considera pouco interessante e prioriza a felicidade dos amigos acima da própria, além de sempre guardar seus segredos mais íntimos apenas para si mesma. Ela é a narradora da história, que se passa quase toda em uma única noite. Lembranças antigas da estudante de Veterinária são desencadeadas por gatilhos enquanto ela enfrenta os perigos desta madrugada tensa. Os flashbacks se misturam ao presente, mostrando momentos determinantes para a construção das relações de amizade e da identidade individual de cada um deles até aqui. Emília, Vitória e Luana, todas universitárias, moram juntas em São Paulo. Daniel, que conhece Mili desde criança, também passa a dividir a casa com as meninas, quando volta dos Estados Unidos após a morte da mãe. Os dois se descobrem apaixonados um pelo outro, mas o jovem acaba se envolvendo com Lua após não conseguir decifrar os sentimentos de Mili. Com diálogos inteligentes entre o quarteto, o livro tem entre seus pontos altos o mergulho interno na personalidade, sentimento e pensamento de Emília. Além disso, os personagens principais não são mocinhos ou vilões: todos são retratados como pessoas complexas e imperfeitas, tal qual a realidade. “Gosto de colocar os protagonistas em situações extremas, porque acredito que são elas que nos revelam como seres humanos”, afirma a autora. Da editora Astral Cultural, o livro tem 224 páginas.

 

ZensorialMente

Pensamentos acelerados, respiração descompassada, procrastinação, tensão muscular e cansaço são alguns dos sintomas que comprovam a desarmonia do corpo e mente. No livro ZensorialMente, publicado no Brasil pela Latitude, o neurocientista argentino e pesquisador em Biologia Molecular e Genética, Estanislao Bachrach apresenta exercícios práticos para estimular a capacidade do ser humano de administrar as emoções nos diferentes campos energéticos, com o intuito de alcançar uma vida mais “zen”. Ao sentir a necessidade de compreender cada emoção que sentia, a fim de encontrar um equilíbrio físico, emocional e mental, Bachrach passou a registrar e analisar as pequenas vibrações do humor que influenciavam a própria saúde no cotidiano. A partir da sutileza de cada ação que exercia – movimento das articulações, mudança na respiração de acordo com o ambiente social em que estava inserido, conversas para soluções de problemas e, até mesmo, a consciência do “eu” –, o autor constatou o corpo como um “órgão sensorial”. Ou seja, capaz de reagir a estímulos internos e externos. Segundo o especialista, as moléculas e partículas da composição física são energizadas e vibram em uma frequência única e, de acordo com cada pensamento e ação executada diariamente, esta energia é capaz de oscilar positivamente ou negativamente. Desta forma, as pessoas que possuem ideias mais positivas têm menos chances de desenvolverem doenças, enquanto indivíduos negativos podem ter mais complicações físicas e mentais ao longo da vida. O livro tem 292 páginas.

 

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