22 de fevereiro | 2015

De corrupção em corrupção

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Do Conselho Editorial

Não se trata do governo Dilma, muito menos de FHC, Collor, Getulio, ou Marechal Deodoro da Fonseca, o primeiro a calar a imprensa para que casos de corrupção de seu governo militar não viessem à tona, os casos de corrupção no Brasil são antigos demais.

Uns dizem que é endêmica, outros afirmam que a questão é cultural, alguns acham que não há solução no curso prazo, e há até mesmo os que não acreditam na possibilidade de que um dia a corrupção no Brasil seja trazida a patamares com os quais se possa conviver.

Na história brasileira dificilmente se acha um governante sobre o qual não paire nenhuma suspeita, quase todos, merecidamente, ou por conta da oposição que sofreram deixaram o poder com questões inexplicáveis no sentido da malversação de verbas públicas, mesmo que não envolvidos diretamente nos escândalos elencados, se não tinham participação direta, eram, segundo alguns biógrafos, omissos na condução do poder.

Para se ficar em alguns exemplos, para não se estender em demasia em detalhes históricos, há que se lembrar que os acontecimentos que culminaram com o suicídio de Getulio, em que pese a oposição da extrema direita lacerdista da UDN, foi de certa maneira facilitado pela movimentação de próximos do presidente que mergulhou seu governo nas sombras da corrupção e que pretendia com o atentado da Rua Toneleiros, um fato que arquivaria as pretensões da oposição que visavam o impedimento de Getulio.

O atentado deu no que deu e o maior líder de massas do Brasil, vislumbrando retardar a entrega do poder ao setor mais reacionário do país, as forças armadas, deu um tiro no peito, saiu da vida para entrar para a história e jogou para 64 o golpe militar.

Pule-se Juscelino e a construção de Brasília, por ser ali, segundo alguns historiadores, o início da relação promiscua entre o setores do governo e as grandes empreiteiras que vai desaguar na famosa operação Lava Jato.

Jânio, que começara bem seu mandato envolto em denúncias, empurrado pelas forças ocultas renuncia e assume Jango, cujo governo envolto em um construído mar de lama midiático, como o que se vê construído agora, é deposto e é implantada a ditadura militar.

A quartelada, o sinistro golpe de 64, a movimentação dos quartéis que já havia sido detectada por Getulio, dava as cartas como se fora a solução para um país envolto em denúncias de corrupção, e nesta vertente se transformou em um dos períodos silenciados mais corruptos da história brasileira.

Ninguém soube até o dia de ontem o destino do ouro que foi doado para o bem do Brasil, e muito menos a montanha de ouro retirada de Serra Pelada que os próprios militares garantiam à época que seria capaz de pagar várias vezes a dívida do Brasil com bancos internacionais.

A dívida não foi paga, o ouro sumiu e, de quebra, ficou o país com escândalos como o da construção da Estrada Amazônica, Angra dos Reis, caso Baumgarten e tantos outros.

Na esteira das soluções foi eleito Collor, o caçador de marajás de Alagoas, um dos estados com nível altíssimo de corrupção leva ao palácio do Planalto um messiânico viciado e na sua sacola de mágico um mafioso conhecido como PC Farias.

De lá foi expulso pelos que o levaram pra lá, a mídia e a burguesia hipócrita que não aceitaram que Collor tivesse suas contas pessoais pagas pelo Planalto, nem que recebesse carros Elba de presente, ou reformasse a Casa da Dinda com dinheiro público.

Depois de Collor, a Sorbonne tucana subiu a rampa puxada por FHC e privatizou desde a Valle até os planos de telefonia para pagar a divida externa, não pagou, contrário a isto ampliou, e quem deseja saber mais sobre este período nefasto da vida pública sobrecarregada de suspeições leia “A Privataria Tucana”.

Ai veio a estrelinha que mostrou o caminho do “mensalão” que copiara dos tucanos e mostrou o “petrolão”, e conseguiu provar que a história brasileira por mais que tentem enredo novo vai se repetindo como se os atores sociais e os autores do texto não tivessem imaginação para escrever um roteiro mais decente, mais honesto, para esta gente que sofre na fila do SUS, por falta de Educação, por excessos de impostos e falta de serviço público de primeira qualidade, ou pelo menos compatível com o que se paga.

O que se paga porém, infelizmente não há como não admitir, vem sendo desde a fundação do país desviado em falcatruas, em vergonhosas transações, e quando o cidadão no meio do mar de lama dos “petrolões” que envolve políticos de todas as raças e credos, pensa que vai enfim afogar a tal corrupção de vez …

Mas…

… tal qual a venenosa Hidra de Lerna, monstro mitológico, que afirmam tinha sete cabeças, e que recuperava cada cabeça depois de cortada, com seu hálito venenoso, que mata muitos que perto dela esteja a busca de abrigo, ou, que apenas o cheiro de seu rastro provoca morte e desabrigo, quando pensa-se que esmagou a cabeça da tal corrupção, eis que ela volta travestida de HSBC.

Se o povo, como Hércules que esmagava a cabeça da Hidra e surgia duas no lugar, não mudar sua tática e toda vez que uma cabeça for cortada queimá-la com um tição (justiça) logo após o corte cicatrizando a ferida (sociedade)  e quando chegar na cabeça do meio, (sistema) considerada imortal cortá-la e enterrá-la sob uma enorme pedra, para que este monstro seja enfim morto.

Caso contrário é repetir tragédias como se comédias fossem.

 

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