10 de junho | 2012

“Cheias de Charme” agrada e conquista o público fã de novelas

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Depois que o clipe “Vida de Empreguete” caiu na rede, o sucesso das domésticas  Rosário (Leandra Leal), Penha (Taís Araújo) e Cida (Isabelle Drummond) foi imediato. Na vida real, o clipe já teve mais de 7 milhões de acessos / Estevam Avellar-RG

Isabelle Drummond, Leandra Leal e Taís Araújo vivem as “empreguetes” Cida, Rosário e Penha em “Cheias de Charme”. Domésticas que começam a sentir o gostinho da fama depois que um clipe delas estoura na Internet / Renato Rocha Miranda-RG

Finalmente a Globo parece ter acertado na escolha do enredo e vem recuperando os bons pontos de audiência na faixa das sete da noite, depois de amargar alguns fracassos, mesmo tendo em suas tramas um bom elenco.

Talvez o segredo tenha sido escolher “sangue novo” para escrever as histórias. Trata-se dos autores Felipe Miguez e Izabel de Oliveira que estão fazendo o sucesso de “Cheias de Charme”, com texto bem-humorado, recheado de romance e mistérios. Prova que não precisa muito mais do que isso para fazer uma novela; talvez a grande tacada tenha sido a de aproximar a realidade da ficção na medida em que três empregadas domésticas expõem os conflitos no relacionamento entre patroas e serviçais e que ganharam novos contornos quando as leis trabalhistas determinaram deveres e direitos.

O charme da novela é a maneira como isso vem sendo exposto, a forma caricata de alguns personagens é que conquistou o telespectador. Este é o caso de Chayene, papel vivido por Cláudia Abreu. Ela é a vilã, mas mesmo assim conquistou a simpatia do público – não por causa de suas maldades – que espera por sua aparição no vídeo. Tudo nela é exagerado, desde a decoração da casa até a maneira como pinta as unhas e quando abre a boca, recheia os seus discursos com expressões inéditas, que podem ser típicas do Nordeste brasileiro, ou inventadas por ela mesma, não importa, fazem sucesso.

Quando Chayene se junta a sua “personal colega”, Socorro, interpretada por Titina Medeiros, a situação fica melhor ainda. Nos próximos capítulos, Socorro viaja até Sobral especialmente para buscar uma encomenda de Chayene. É a vingança da forrozeira contra Rosário, papel de Leandra Leal. Trata-se de um chá misterioso que Socorro servirá no camarim de Rosário, para tirar-lhe a voz e assim estragar o show da cantora. Claro que Socorro fará tudo errado e o chá acaba sendo bebido por Chayene. A confusão é geral e Socorro, numa tentativa de livrar-se da bronca da patroa, também bebe o chá. Ambas perdem a voz e brigam no melhor estilo cinema mudo.

Na verdade, a graça de Chayene não existiria sem as Empreguetes. O termo está na boca do povo. O trio composto por Rosário (Leandra Leal), Penha (Taís Araújo) e Cida (Isabelle Drummond) realmente rouba a cena e é mesmo a alma da história.

O clipe das personagens que “vazou” para a Internet foi o início do sucesso, mas na vida real contabiliza mais de sete milhões de acesso, sem contar a curtição no Facebook. Daí pode-se ter uma ideia de que realmente o sucesso é incontestável e redimi a Globo da má fase nesta faixa de horário. E vamos combinar que as últimas histórias exibidas tinham argumentos conhecidos do público.

Ao contrário, “Cheias de Charme” é recheada de argumentos atuais, tais como a interação dos personagens com as páginas sociais, a importância das empreguadas na rotina das mulheres que trabalham fora de casa, como advogada Lygia (Malu Galli) e Sônia (Alexandra Richter) que tem uma carreira de empresária, mas tenta bancar a dondoca rica, apostando na desvalorização do trabalho das  empreguetes Cida e Valda (Dhu Moraes) como demonstração de seu poder e prestígio. Uma vergonha, mas esta é a realidade de muitas profissionais do lar, as quais se submetem por conta da necessidade do trabalho.

O fato é que o trio “As Empreguetes” fará um mega show nos próximos capítulos e darão início a uma nova fase em suas vidas, mas sempre tendo a forrozeira Chayene em seu rastro.   

Enquanto isso, o público que já tomou gosto pela trama, não perde nenhum capítulo, torcendo pelo sucesso das três e para que Chayene tome juízo e deixe de perseguir as “curicas”, como ela mesma diz.

A briga pelos pontos do Ibope é feia. A Record atualmente exibe a novela “Máscaras” e as críticas quando ao andamento da história e a audiência não são favoráveis, enquanto isso o experiente autor Lauro César Muniz reclama que a novela não tem horário fixo para ser exibido e assume que mudou os rumos de seu folhetim na tentativa de conquistar o telespectador.  Na mesma emissora, a aposta em “Rebeldes” também parece ter sido em vão, tanto que a segunda temporada foi cancelada, num concreto sinal de que não compensou o investimento.

Enquanto isso, o SBT produziu a versão brasileira de “Carrossel”, composta de elenco mirim desconhecido do público, sem contar a Maísa Silva que tem uma bonita história como apresentadora. No entanto, a novelinha já está transformando os seus atores crianças em celebridades, já não dá para passearem no shopping sem chamar a atenção. Isto significa que o telespectador tem assistido à novela.

Assim, a guerra é acirrada. O lado bom disso é que nesta busca por novidades, o público pode ser surpreendido com tramas interessantes, como é “Cheias de Charme”.

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