02 de junho | 2021

A Nova América Latina – crise de legitimidade política e a corrupção do Estado.

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A Nova América Latina

Na virada do milênio, a América Latina parecia ter chegado a certa estabilidade democrática após séculos de sangue, suor e lágrimas. Contudo, a crise de legitimidade política e a corrupção do Estado na maioria do continente abriram caminho para a fragmentação das democracias liberais. O como e o porquê de tais processos, e as transformações que eles orquestraram na vida das pessoas, são analisados magistralmente no livro de Fernando Calderón e Manoel Castells. Neste retrato envolto em luz e sombras, os autores apontam que, apesar de uma melhora dos indicadores básicos de desenvolvimento humano, a região permanece a mais desigual do mundo – marcada pela urbanização descontrolada, o avanço da violência e do medo, a penetração do Estado pelo narcotráfico e a destruição do meio ambiente. No entanto, há caminhos de esperança: em meio às mudanças experimentadas, surgem novos movimentos – liderados sobretudo por jovens, mulheres, povos indígenas e afrodescendentes – que marcam as possibilidades de uma história centrada na ética da dignidade, da identidade, da ecologia, do antirracismo e do feminismo. Com 352 páginas, o livro é da Editora Zahar.

Notas Sobre o Luto

Escrito após a morte do pai de Chimamanda Ngozi Adichie em junho de 2020, durante a pandemia de Covid-19 que mantinha distante a família Adichie, “Notas Sobre o Luto” é um poderoso relato sobre a imensurável dor da perda e as lembranças e resiliência trazidas por ela. Consciente de ser uma entre milhões de pessoas sofrendo naquele momento, a autora se debruça não só sobre as dimensões familiares e culturais do luto, mas também sobre a solidão e a raiva inerentes a ele. Com uma linguagem precisa e detalhes devastadores em cada capítulo, Chimamanda junta a própria experiência com a morte de seu pai às lembranças da vida de um homem forte e honrado, sobrevivente da Guerra de Biafra, professor de longa carreira, marido leal e pai exemplar. Em poucas páginas, “Notas Sobre o Luto” é um livro imprescindível, que nos conecta com o mundo atual e investiga uma das experiências mais universais do ser humano. Com 144 páginas, o livro é da Editora Companhia das Letras.

O Último Gozo do Mundo

As distâncias e os pontos de contato entre o pessoal e o coletivo, entre a narrativa individual e a histórica, ocupam o centro de “O Último Gozo do Mundo”, décimo terceiro livro de Bernardo Carvalho publicado pela Companhia das Letras. Presa de um tempo em que “a leitura do mundo tornou-se descontínua e episódica”, a protagonista desta novela parte, com o filho pequeno, numa jornada para um retiro no interior profundo do Brasil. Lá, mora um homem que passa a prever o futuro depois de ter sobrevivido ao vírus ameaçador. Entre lembranças obliteradas, encontros e desencontros e vidas até então previsíveis modificadas radicalmente, um rastro de perplexidade e de perguntas sem respostas vai sendo deixado para trás, numa narrativa enigmática, eletrizante e que se torna mais e mais perturbadora. Podemos distinguir as causas dos efeitos? Como damos sentido a uma narrativa? O que restou de humanidade num Brasil dominado pela morte? Podemos ter um projeto comum de futuro sem um relato coerente do passado? O livro tem 144 páginas.

Não Existe Amanhã

Em um quarto de hotel em Veneza, onde acabou de concluir um assassinato de rotina, Villanelle recebe um telefonema tarde da noite. Eve Polastri, a funcionária do governo inglês que está em seu encalço há meses, conseguiu rastrear um oficial do MI5 a serviço dos Doze e está prestes a levá-lo a interrogatório. Enquanto Eve se prepara para procurar respostas, tentando desesperadamente encaixar as peças de um terrível quebra-cabeça, Villanelle avança para o abate. O duelo entre as duas mulheres se intensifica, assim como sua obsessão mútua, com a ação passando dos altos picos do Tirol até o coração da Rússia. Eve enfim começa a desvendar o enigma da identidade de sua adversária, e Villanelle se pega correndo riscos cada vez maiores para se aproximar da mulher que pode ser sua ruína. Um thriller cheio de descrições chocantes e também sensuais, “Não Existe Amanhã” é brilhante ao narrar a mente psicótica de uma assassina e a caçada apaixonada de sua “nêmesis”, aproximando duas rivais a ponto de não saberem mais se estão uma contra a outra… ou mais unidas do que nunca. De Luke Jennings, o livro tem 240 páginas e é da Editora Suma.

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