10 de julho | 2016

Você pode votar em alguém de bem, em um corrupto, ou em branco, ou não votar

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Do Conselho Editorial

Em um dos livros de uma trilogia baseada no mito da caverna, Ensaio sobre a lucidez, os cidadãos de um país imaginário, sem prévia combinação, de forma inconsciente, insatisfeito com o comando dado a nação pelos políticos não comparecem no dia das eleições para o que se chamam por aqui de exercício da cidadania através do voto.  

Lógico que isto causa um grande mal estar além de expor de forma direta e objetiva a insatisfação que domina os sentimentos da população em relação a classe política, que, ao que tudo indica, decepciona os que nela teriam de crer, dependentes que são de decisões políticas que transformam suas vidas.

O momento, no Brasil, infelizmente tem sido alvo de enormes denúncias de políticos envolvidos em atos de corrupção que se pode computar em um nível nunca visto antes em escala mundial.

A impressão que se tem, e não foge muito da realidade, é que o país se encontra contaminado e afundado em roubalheiras em todas as instâncias de poder, sendo que aberta a caixa preta da seara política a demonstração do nível de comprometimento dos legisladores e dos representantes do executivo em conluio com o grande empresariado é de corar integrante das dez máfias mais temidas do mundo.

Estes escândalos, quando transportados para o Judiciário são do mesmo nível de comprometimento ou pior, visto, que, não fosse a leniência e a permissividade da justiça ao longo dos séculos não se chegaria a esta condição de total descrédito das instituições.

Há que se notar, que já há indicativas claras de que delações de advogados sinalizando para compra de sentenças no STJ e STF têm sido apontadas em notícias e notas de colunas nos grandes jornais, como algo que irá abalar mais ainda o país.

E varrendo com lupa todo e qualquer órgão público, dificilmente se encontrará um raro caso em que a decência, a responsabilidade com o cumprir o dever de casa com decência e honestidade estará presente na totalidade, haverão como há combatentes isolados que lutam para a restauração da moralidade aqui e acolá, sendo muitas vezes perseguidos pela maioria corrupta que desejam conservar o status quo da bandidagem imposta desde o reinado.

E na política, ao que tudo indica e sinaliza a resistência parece ser muito maior do que se pode imaginar, tanto, que escandalosamente, a título de se acabar com a corrupção impediram a presidente e o que se está assistindo é a vergonhosa tentativa de abortar todo custo as operações da Lava Jato que avança como um trator sobre velhos crápulas que desde sempre saquearam o país.

Notícias de remoção de delegados mal explicadas, inexplicável visita do ministro da justiça ao juiz famoso do Paraná a seguir desmobilização da operação que perdeu força, visível participação do presidente interino na renuncia do famigerado presidente da Câmara com vistas a  mantê-lo no cargo de deputado conservando assim o foro privilegiado, presidente do Senado colocando em votação projeto que penaliza autoridades que investigam mazelas, e o próprio presidente interino da república retirando da pauta a urgência para projeto que visa dar maior celeridade a mal feitos praticados contra a administração.

Todas estas cenas e acontecimentos que mostra a tentativa de frear as investigações e fazer o país recuar ao tempo do você sabe com quem está falando?.

Ou mesmo ao tempo em que o político denunciado batia no peito e dizia que não iria dar em nada por que tina costas quentes lá em cima.

Tudo isto, deixa nos cidadãos que gostariam de morar em um país em que o nível de corrupção não fosse tão elevado, que a prestação dos serviços públicos em termos de qualidade fossem correspondentes ao que se paga de impostos, uma sensação de descrença, uma vontade de não mais eleger ninguém, por não acreditar que política seja algo que envolve cidadãos honestos e comprometidos verdadeiramente com a coisa pública.

E quando se deparam as vésperas do início da disputa eleitoral, com vários nomes, dos quais não se extrai a devida confiança para conferir o voto, a coisa fica mais complicada ainda.

No entanto, necessário lembrar que o eleitor, deveria por lógica votar em alguém de bem, para mudar o país ou sua cidade.

Como pode caso seja convencido pelos favores, cestas básicas, promessas de empregos, licitações fraudadas a seu favor, concursos de mentirinha, estágio inexistente, cargos comissionados onde não se precisa comparecer, churrasco, caminhão de ter­ra, tijolos, votar no político que fornece estes bens materiais e promessas, o famoso, descarado e cínico corrupto de sempre.

Pode também, se for o caso, anular seu voto, ou votar em branco e dormir com a consciência de quem, não colocou nenhuma raposa para cuidar do galinheiro.

Desejando não se estafar, como não desejaram os personagens do livro de José Saramago, Ensaio sobre a Cegueira, o que não é aconselhável, porém muitos fazem por se tratar de um absurdo em uma democracia a obrigatoriedade do voto, bastaria não comparecer no dia da votação.

A multa é irrisória e o resultado pode ser a avaliação de que algo tem que mudar e de forma urgente no Brasil, pois da maneira que está é simplesmente insuportável ser comandado por quadrilheiros disfarçados de autoridades.

 

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