13 de novembro | 2016

Trump e a violência que se espalha

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Do Conselho Editorial

A eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, por mais que se esforcem seus defensores e os defensores da radica­li­zação da política para demonstrar que sua passagem pelo governo daquele país será benéfica ao seu povo, isto em hipótese alguma ocorrerá.

Não há como acreditar que sua performance eleitoreira bizarra seja apenas para convencimento do eleitorado que tem dado uma guinada violenta na direção da aceitação dos discursos e das ações protofascistas.

 Aquilo, aquela coisa horrorosa é, na essência, mais que isto, é o que deixa de pensar, pois o que expressa é o contrário do pensar civilizatório.

Quando uma figura pública despe-se de todos os pudores e, na nação que é considerada o referencial de evolução do sistema capitalista e símbolo da democracia, faz o discurso anticivilizatório da barbárie, é votado pela maioria, inclusive pela faixa da população que poderá ser alvo de suas perseguições, algo de muito errado está ocorrendo com o mundo.

E este algo de errado remete a grandes erros históricos e a grandes tragédias que estão muito vivas e presentes na memória histórica da humanidade, desde o absurdo do aniquilamento dos povos indígenas, ao período de escravidão, até a tragédia do holocausto na Alemanha.

Vale aqui frisar, sem traçar paralelos, por que não cabe pelo menos por enquanto e tomara que não caiba nunca, os discursos de Hitler e Mussolini continham os mesmos conteúdos do discurso pre­con­ceituoso de Trump, que, diga-se de passagem, tem sido rece­pcio­nado por várias lideranças conservadoras pelo mundo afora.

E pode se focar no Brasil onde há um crescendo de intolerância e uma aceitação de discursos de ódio e de separação da sociedade por setores, conduzindo ao poder reacionários e extremistas que dividem o mesmo pensamento truculento de Trump, que divide a sociedade entre a visão do “nós” que devemos impor, à visão do pensamento único da minoria que os “outros”, a maioria, devem aceitar de forma submissa e servil.

Não é bem assim, nunca foi e nunca será desta forma. O confronto será inevitável e o que antes era bélico para além das fronteiras do país, pulará e ultrapassará os muros de expulsão dos que se imagina diferentes e trará a violência para o terreiro local.

Foi assim com a Alemanha de Hitler e foi assim com a Itália de Mussolini e possivelmente será desta maneira nos lugares em que o ideário de divisão de classes tentar se impor pelas diferenças raciais.

O homem sempre foi e sempre será um cidadão do mundo. Limitar cada elemento humano à condição obrigatória de estar no território de sua origem por motivos puramente econômicos, ou por rejeição a sua origem é uma bestialidade inimaginável até para o diabo e suas diatribes.

E, considerando-se a origem da formação americana baseada no princípio de sua colonização pela Inglaterra ou a do Brasil colônia de Portugal, soa como contraditório e selvagem o discurso da possível intromissão do outro na sociedade derivada da presença de almas e espíritos livres e aprisionados do mundo inteiro que pra lá se dirigiram ou foram levados por conta da aventura da busca da felicidade ou pela tristeza do tráfico desumano.

Este amalgama de raças das composições americanas e brasileiras e de outros países colonizados, que hoje conferem a eles a visão da convivência pacífica com a questão multir­racial em que vários grupos de muitos convivem pacificamente no mesmo território, com a ascensão de Trump e outros tantos extremistas, se esgota na questão do mercado, do emprego, do dinheiro, infelizmente.

Não há motivo para crer que não haverá significativas mudanças negativas nas relações do Estado com os cidadãos a partir de agora, tanto haverá que parte da sociedade americana já está nas ruas das grandes cidades se manifestando e demonstrando apreensão pelo que poderá vir a ser o bélico novo governo a se instalar por lá.

Haverá reflexos na economia mundial que irá repercutir por aqui, afinal, esta é uma nação de latinos vista como cucarachas (baratas) pelos setores que disseminam ódio e preconceito na América do Sul e, portanto, alvos de retaliações, se houver, e tudo indica haverá, senão o discurso de campanha que agradou maioria e desagradou a quase maioria não sustentará a fidelidade do eleitorado votante e engrossará as fileiras dos que opuseram nas urnas.

Esta avaliação por si só pode evidenciar que não há razões para não se acreditar na possibilidade do mundo ter ficado pior com a chegada de Trump e da direita selvagem ao poder em vários pontos do planeta e que doravante o botão com capacidade de explodir o mundo e a caneta que pode decretar uma nova guerra mundial está nas mãos de um insensato, assim como o destino de milhões de pessoas e da humanidade.

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